UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

População Negra e questões do envelhecimento...

O pertencimento racial tem importância significativa na estruturação das desigualdades sociais e econômicas no Brasil. O aceite dessa tese, apesar de ainda limitado, tem crescido no
interior da sociedade civil, sobretudo a partir dos anos 80, com o fortalecimento do Movimento Negro e a produção acadêmica de diagnósticos sociais sobre as desigualdades raciais.1 Este texto pretende apresentar um mapeamento das condições de vida da população brasileira nos anos 90, privilegiando o recorte racial de forma a servir como mais uma contribuição ao diagnóstico das desigualdades raciais no Brasil.

A população idosa brasileira
Mudanças expressivas ocorreram na população brasileira ao longo do século XXI. Essas transformações atingiram todas as regiões, todos os grupos sociais e raciais, mas em ritmo e forma diferenciada. Entre elas, recebeu atenção especial dos estudiosos a diminuição da mortalidade, seguida, no tempo, pela queda nas taxas de fecundidade. A velocidade da queda tanto da fecundidade quanto da mortalidade acarreta mudanças rápidas no ritmo de crescimento da população e na sua distribuição etária. Este trabalho descreve a trajetória da população negra e de suas componentes (fecundidade e mortalidade) comparada à branca e aponta algumas implicações para a demanda por políticas públicas. O trabalho está dividido em seis seções, sendo a primeira esta introdução. Na segunda, apresenta-se uma visão geral das tendências de crescimento dos grupos populacionais estudados e de sua composição etária. A terceira analisa o padrão da mortalidade por sexo, idade e causas; e a quarta, as mudanças nos arranjos familiares e no papel social das mulheres. Dado o envelhecimento populacional como conseqüência da dinâmica demográfica e sua importância para as políticas públicas, a penúltima seção compara este processo nos dois grupos populacionais. A sexta apresenta os comentários finais. 2 - O Crescimento Populacional e a Distribuição Etária No Censo Demográfico de 2010, 97 milhões de pessoas se declararam negras, ou seja, pretas ou pardas, e 91 milhões de pessoas, brancas. Os negros formavam, aproximadamente, a metade da população brasileira nesse ano. Conforme se pode observar pelo Gráfico 1, a população branca era maior que a negra entre 1980 e 2000. Em 2010, esta situação se inverteu. Isso pode ser decorrente da fecundidade mais elevada encontrada entre as mulheres negras, mas, também, de um possível aumento de pessoas que se declararam pardas no censo de 2010. Como resultado, a taxa de crescimento da população negra entre 2000 e 2010 foi de 2,5% ao ano e a da branca ...

Envelhecimento Populacional
O envelhecimento de uma população, considerado sob o ponto de vista demográfico, é o resultado da manutenção, por um período de tempo razoavelmente longo, de taxas de crescimento da população idosa superiores às da população mais jovem. No caso brasileiro,
isto foi resultado da rápida queda da fecundidade iniciada na segunda metade dos anos 60, que foi precedida em pelo menos 30 anos por altos níveis de fecundidade. Como se viu anteriormente, a fecundidade mais elevada da população negra implica um processo de
envelhecimento em ritmo inferior ao da população branca. A proporção de negros com 60 anos ou mais no total da sua população foi de 9,7% e a de brancos, de 13,1% em 2009. Apesar dos dois processos responsáveis pelo envelhecimento populacional terem sido muito bem recebidos, por serem resultados de políticas e incentivos promovidos pela sociedade e pelo Estado, as suas conseqüências são, em geral, vistas com preocupação por estes atores.

Se liga...
A preocupação reside basicamente na associação feita entre envelhecimento e dependência. Esta visão reconhece que o envelhecimento é um processo de perdas físicas, mentais, cognitivas e sociais, o que traz vulnerabilidades. Estas são diferenciadas por sexo, idade, grupo social, raças e regiões geográficas etc. É diferenciado, também, o momento – a idade – em que elas se iniciam. Assume-se que políticas públicas podem ter um papel fundamental na redução do seu impacto sobre o indivíduo e a sociedade. Uma das características da população idosa é a alta proporção de mulheres, explicada pela maior mortalidade masculina. Essa proporção era maior entre as brancas. Na população idosa negra, a cada 100 mulheres, havia 88 homens. Entre as brancas, a relação foi de 75 homens para cada 100 mulheres. 15 São quatro as políticas mais importantes para a população idosa: renda, para compensar a perda da capacidade laborativa – previdência e assistência social; saúde; cuidados de longa duração; e a criação de um entorno favorável – habitação, infraestrutura, acessibilidade, redução de preconceitos etc. O caso brasileiro ilustra bem como as políticas de renda têm reduzido a associação apontada pela literatura entre envelhecimento e pobreza. Os benefícios da seguridade social – previdência urbana, previdência rural, assistência social e as pensões por morte – cobriam 77,3% da população idosa negra e 78,3% da branca em 2009, ou seja, aproximadamente 16,6 milhões de idosos.5 Este percentual era praticamente igual entre homens e mulheres. Pode ser observado, no gráfico 18, que a proporção de beneficiários cresce com a idade e as diferenças entre sexos diminuem com ela. Aos 80 anos ou mais, 95,5% da população branca recebia algum benefício da seguridade social, enquanto a proporção comparável para os negros foi de 90,5%, o que permite concluir pela universalidade do sistema. 


-"Como o piso para o benefício social estabelecido pela Constituição Federal de 1988 é de um salário mínimo, uma das consequências da ampliação da cobertura da seguridade
social é a proporção menor de pobres 6 entre os idosos. Isto se verifica nos dois grupos populacionais, mas a proporção da população negra pobre, quer seja idosa ou não, é mais elevada." 

Mortalidade
Os brancos sempre foram majoritários no total da população brasileira. O Censo Demográfico de 2010 mostrou, porém, que, naquele ano, a população negra superou a branca. Foram encontradas 97 milhões de pessoas que se declararam negras, ou seja, pretas ou pardas, e 91 milhões de pessoas brancas. Isso pode ser decorrente da fecundidade mais elevada observada entre as mulheres negras, mas, também, de um possível aumento de pessoas que se declararam pardas em relação aos censos anteriores. Além da fecundidade mais elevada entre a população negra, outra diferença importante na dinâmica demográfica encontrada neste trabalho foi no perfil da mortalidade, tanto por idade quanto por causas. Os óbitos da população branca eram mais concentrados nas idades avançadas. Entre os negros, notou-se uma proporção bem mais elevada de mortes na população de 15 a 29 anos, o que pode ser explicado pelo fato da população negra ser mais afetada pelas causas externas. Isto é mais marcado entre os homens. Na população feminina essas causas não aparecem entre as cinco principais em nenhum dos dois grupos raciais. Observou-se que, entre os homens, a segunda causa mais importante na população negra foram as externas e na branca, as neoplasias. Já a terceira causa entre os negros foram as neoplasias e entre os brancos, as externas. Dentre as externas, as agressões (homicídios) foram, em 2001, as principais causas de morte tanto na população negra quanto na branca. Em 2007, apenas entre os negros os homicídios predominaram. Enquanto para os negros, elas foram responsáveis por aproximadamente 50% das mortes por causas externas nos dois anos considerados, para os brancos, a proporção comparável foi inferior a um terço. Esta proporção decresceu no período considerado e os acidentes de transporte passaram a ser responsáveis por 35,3% das mortes por causas externas entre os brancos e aproximadamente um quarto entre os negros. Diferenças também foram observadas na configuração dos arranjos familiares e no papel social da mulher. Houve um crescimento expressivo no número de mulheres chefiando domicilios. A porporção foi maior entre as mulheres negras, principalmente no caso de arranjos com filhos residentes. No entanto, o aumento foi mais expressivo entre as brancas. Esses fatores provocaram algumas mudanças nas características dos domicílios brasileiros, alterando as relações tradicionais de gênero: mulher cuidadora e homem provedor, mas, também, de forma diferenciada. Por exemplo, a contribuição das mulheres brancas no total
da renda das famílias foi de 36,1% e a das negras, de 28,5%. As mulheres negras se envolviam mais nas atividades domésticas, mesmo na condição de ocupadas, do que as brancas, o que sugere uma relação de gênero mais desigual entre as negras. Isto se verifica quando se considera tanto a proporção de mulheres ocupadas que se dedicavam a afazeres quanto o número médio de horas trabalhadas nesses afazeres. As diferenças na dinâmica demográfica por raça, descritas acima, colocam novos desafios para as políticas públicas. Um deles é o envelhecimento populacional.

Finalizando.
Percebe-se que o envelhecimento da população branca está mais avançado do que o da população negra, o que pode ser explicada pela fecundidade mais baixa do primeiro grupo. A proporção de negros com 60 anos ou mais no total da sua população foi de 9,7% e a de brancos de 13,1% em 2009. Uma das características da população idosa é a alta proporção de mulheres, explicado pela maior mortalidade masculina. Essa proporção era maior entre as brancas. Vários estudos já mostraram que o estado brasileiro conseguiu resolver, de alguma forma, a questão da renda para os seus idosos. Foi visto neste trabalho que os benefícios monetários da seguridade social abrangiam 77,3% da população idosa negra e 78,3% da branca em 2009, ou 18 seja, cobriam de forma semelhante os dois grupos populacionais. Este

percentual era aproximadamente igual entre homens e mulheres. Aos 80 anos ou mais, 95,5% da população branca recebia algum benefício, enquanto a proporção comparável para os negros foi de 90,5%, o que permite concluir pela universalidade do sistema. Uma das consequências da ampliação da cobertura da seguridade social é a proporção menor de pobres entre os idosos. Isto se verifica para os dois grupos populacionais, mas a proporção da
população negra pobre, quer seja idosa ou não, é mais elevada que a branca.


- "Por isso, é fundamental um olhar abrangente para a questão do envelhecimento não

somente da população gaúcha, mas da população idosa de todo o Brasil, que é
caracterizado também pela heterogeneidade étnica. Existem muitos fatores envolvidos no
fenótipo do envelhecimento, além do estilo de vida"...

Em resumo, a população negra predomina na população brasileira, é mais jovem, tem mais filhos, é mais pobre e está mais exposta à mortalidade por causas externas, especialmente homicídios.

Um afro abraço.

fonte:www.ipea.gov.br

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Racismo no Brasil e no mundo saindo do armário ...

O relator da ONU encarregado de avaliar a discriminação no mundo, Doudou Diène, diz que
o preconceito é cada vez maior em muitos países e que no Brasil ele está profundamente arraigado em toda a sociedade.

Se liga...
“O racismo está influenciando esse diferencial de taxa de homicídios. Não conseguimos uma metodologia que seja capaz de quantificar exatamente qual é este percentual, mas cremos, com certeza, que boa parte desse diferencial seja devido ao racismo”...
Gente nada e mais cômodo para o racista politicamente correto, que quer praticar seu racismo na frente de todo mundo, mas não quer correr nenhum risco legal ou social com isso, do que uma tragédia como a que aconteceu durante o último mês nessa infeliz Faixa de Gaza. Foi uma grande oportunidade para o crime perfeito. Como o Exército de Israel despejou sobre Gaza foguetes que destroem tudo o que encontram pela frente, incluindo gente de carne e osso, contra um restinho de terra onde 1,7 milhão de pessoas se apertam num miserável espaço de 360 quilômetros quadrados, só poderia haver um resultado: sangue, lágrimas, crianças mortas e feridas, hospitais e escolas que viram entulho, ruínas e todas as desgraças da guerra. As cenas desse horror aparecem todos os dias. Quem pode aprovar as imagens de pais e mães em desespero, carregando nos braços seus filhos ensanguentados? Ninguém que tenha um grama de compaixão dentro da alma. Entra
rapidamente em cena, a essa altura, o praticante do racismo seguro: enfia-se na armadura moral fornecida pelo sofrimento dos inocentes, e dentro dela, com toda a segurança e conforto, põe para fora suas secretas convicções raciais contra os judeus.

É claro que muitas pessoas bem-intencionadas podem manifestar sua indignação ética e política contra o bombardeio de Gaza e,(nos que participamos do FSM na Turquia, no mês de Março recebemos denuncia e vimos a barbaria) ao mesmo tempo, não carregar dentro de si nenhum traço de antissemitismo; espera-se, até, que sejam a maioria dos que criticam Israel no momento. Mas também é 100% certo que o ódio contra os judeus, seja de altos teores, seja nas modalidades light, aproveitou o escudo oferecido pelos foguetes israelenses para mostrar a sua cara no Brasil e no mundo. Trata-se de sentimentos que estão aí há 2 000 anos; podem estar anestesiados, mesmo porque não são aceitos nas sociedades democráticas, mas não vão embora. No caso, sua existência fica comprovada pela prática aberta do preconceito – antes de examinarem qualquer fato, ou admitirem que a tragédia de Gaza tem mais de um lado, os antissemitas escondidos no armário vêm para fora afirmando que Israel está empenhado em exterminar fisicamente a população palestina em sua fronteira. Atribuem aos judeus, historicamente perseguidos, a conveniente posição de agressores cujo objetivo estratégico seria sobreviver à custa de um “genocídio”.

- O percentual de negros assassinados no Brasil é 132% maior do que o de brancos, revela pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, intitulada Vidas Perdidas e Racismo no Brasil. Embora as razões para explicar esses dados não estejam totalmente claras, “20% da causa da morte de negros” pode ser atribuída a “questões
socioeconômicas”, como diferenças em relação a emprego, moradia, estudo e renda do trabalhador, diz Rodrigo Leandro de Moura, um dos autores do estudo realizado pelo Ipea, em entrevista à IHU On-Line, concedida por e-mail.

Os outros 80%, esclarece, podem ser explicados por uma “variável socioeconômica que não observamos, mas, apesar de não conseguirmos imaginar qual seja, pensamos que um componente importante para explicar esse dado seja o racismo”. E acrescenta: “O que reforça a tese de racismo é que as características socioeconômicas podem ser afetadas por ele. Então, por exemplo, o negro sofre discriminação no mercado de trabalho, pode ter mais dificuldade de ter acesso a postos de trabalho qualificados, pode sofrer bloqueio de oportunidades de seu crescimento profissional e também pode ter o que chamamos de desigualdade de oportunidades e, por causa disso, sofrer tratamento desigual no que se refere às oportunidades no mercado de trabalho”

IBGE: Brasil é mais negro. Cuidado Racista ...

O Brasil tem 190.755.799 habitantes. É o que constata a Sinopse do Censo Demográfico 2010, como vocês já sabem que os  dados mostram ainda que o país segue a tendência de envelhecimento, que para cada grupo de 100 mulheres há 96 homens e que há mais pessoas se declarando pretas e pardas.

Segundo o Censo 2010, atualmente, 24,1% da população brasileira é menor de 14 anos; em 1991, essa faixa etária representava 34,7% da população. Outro fenômeno verificado é o aumento contínuo da representatividade de idosos: 7,4% da população têm mais de 65 anos, contra 4,8% em 1991.

Já a taxa média anual de crescimento baixou de 1,64%, em 2000, para 1,17%, em 2010. Mesmo assim a população brasileira aumentou quase vinte vezes desde o primeiro recenseamento realizado no Brasil, em 1872, quando foram contados 9.930.478 habitantes. Outro dado aponta que as maiores taxas médias de crescimento anual de população foram

observadas nas regiões Norte (2,09%) e Centro-Oeste (1,91%), seguidas das pelas regiões Nordeste (1,07%), Sudeste (1,05%) e Sul (0,87%).

De acordo com o IBGE, a média de moradores por domicílio caiu para 3,3; em 2000, a relação entre as pessoas moradoras nos domicílios particulares ocupados e o número de domicílios particulares ocupados era de 3,8. Esse comportamento persistiu tanto na área urbana quanto na área rural, diz o Instituto.

Distribuição por sexo – O levantamento aponta que há 96 homens para cada 100 mulheres no país, resultado em um excedente de 3.941.819 mulheres. Entretanto, nascem mais homens no Brasil: a cada 205 nascimentos, 105 são de homens. A diferença ocorre, segundo o IBGE, porque a taxa de mortalidade masculina é superior. Na relação por situação de domicílio, os homens são maioria no meio rural: 15.696.816 homens para 14.133.191 mulheres. Já no meio urbano, as mulheres seguem à frente, como na média nacional: são 83.215.618 para 77.710.174 homens.

Casais gays – A pesquisa do IBGE mostra que o Brasil já registra mais de 60 mil pessoas vivendo com parceiros do mesmo sexo. A região Sudeste é a que tem mais casais que se assumiram homossexuais, com 32.202. Em seguida, está a região Nordeste, com 12.196; e a Sul, com 8.034. O número representa 0,2% do total de cônjuges (37,547 milhões) em todo o país. É a primeira vez que o dado foi pesquisado.

Negros e pardos – Os dados trazem ainda a informação de que há mais pessoas se declarando pretas e pardas. Este grupo subiu para 43,1% e 7,6%, respectivamente, na década

de 2000, enquanto, no censo anterior, era 38,4% e 6,2% do total da população brasileira. Já a população branca representava, em 2010, 47,7% do total; a população amarela (oriental) 1,1% e, a indígena, 0,4%.

Analfabetismo caiu – O Instituto aponta que houve melhora no índice de analfabetismo: hoje 9% da população brasileira não é alfabetizada; em 2000 eram 12,9%. Em números absolutos, 14,6 milhões de pessoas não sabem ler nem escrever, de um universo de 162 milhões de pessoas com mais de 10 anos.

A comunidade negra  sabe que só libertação foi apenas juridicamente nos negros e negras sabemos, mais e bom lembrar que não admitiram ate hoje os nossos direitos à terra, ao trabalho, à moradia e à educação decente e de qualidade, 300 anos de escravização deixaram marcas em nos e ainda um mal estar na elite não negra que não quer dividir e nem fazer concessões  a uma maioria ainda colocada a margem  apesar disso o nosso ideal de construir o Brasil para tod@s e não para uma memoria e por isso  que lutamos!
Um afro abraço.

fonte:noticias.r7.com/brasil/denuncias-de-racismo-no-brasil\unegro


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Lenda ou verdade : Anastacia a escrava de Olhos Azuis

O livro “Santo de Casa Também Faz Milagre: A Construção Simbólica da Escrava Anastácia” escrito pela Mônica Dias de Sousa, levanta uma hipótese do culto a Escrava Anastácia tenho
sido criado na década de 70. Uma das descobertas é referente a imagem mais conhecida dela, que pode ser uma reprodução tirada do livro “Voyage Auour Du Munde”, escrito pelo pesquisador francês Etienne Arago, publicado nu século XIX. 
A historia da Anastácia começa em 1740, quando um navio negreiro de nome Madalena, desembarca no porto do Rio de Janeiro, trazendo a bordo a princesa Delminda, oriunda de uma tribo bantu, da família do rei Galanga. Ele viria ser conhecido depois como Chico Rei – personagem da historia oficial de Minas Gerais, responsável pela alforria de seu povo através da extração de ouro.
Histórico

A existência da escrava Anastácia é colocada em dúvida pelos estudiosos do assunto, já que não existem provas materiais da mesma.

Seu culto foi iniciado em 1968, quando numa exposição da Igreja do Rosário do Rio de Janeiro em homenagem aos 80 anos da Abolição, foi exposto um desenho de Étienne Victor Arago representando uma escrava do século XVIII que usava Máscara de Flandres que permitia à pessoa enxergar e respirar, sem, contudo, levar alimento àboca.

No imaginário popular, a Escrava Anastácia era uma escrava de linda de rara beleza, que chamava atenção de qualquer homem. Ela era curandeira, ajudava os doentes, e com suas mãos, fazia verdadeiros milagres. Por se negar a ir para a cama com seu senhor e se manter virgem, apanhou muito e foi sentenciada a usar uma máscara de ferro por toda a vida, só

tirada às refeições, e ainda sendo espancada, o que a fez sobreviver por pouco tempo, tempo esse durante o qual sofreu verdadeiros martírios. Quando Anastácia morreu, seu rosto estava todo deformado. Escrava Anastácia é cultuada tanto no Brasil quanto na África.

Há um Santuário da Escrava Anastácia no Rio de Janeiro, mais precisamente na Rua Taubaté, 42, Oswaldo Cruz.

Primeira Versão

"- A escrava Anastácia seria filha de Delminda, uma bela princesa banto que foi trazida como escrava para o Brasil num navio negreiro e, depois de vendida, foi violentada por seu dono, engravidando".
Anastácia, nome grego que signiica "Ressurreição, teria nascido em 12 de maio de 1741. Era uma mulata dotada de rara beleza, tinha os olhos azuis, era muito inteligente e tinha o dom da cura, apenas impunha as mãos e as doenças desapareciam. A beleza e bondade de Anastácia incomodavam as mulheres brancas, que com inveja começaram a persegui-la.

Os homens a perseguiam, tentando roubar sua virgindade. Mas Anastácia era protegida pelo senhor Joaquim Antônio,, filho da senhora do engenho, Joaquina Pompeu, e não permitia que ningu´pem abussasse dela. Mas Joaquim estava há muito tempo apaixonado por Anastácia e começou a assediá-la, rogando um amor que lhe era negado.Então, seu amor transformou-se em ódio, e oaquim mandou que se colocasse em Anastácia uma máscara de folha de flandres, usada nas minas para que os escravos não engolissem as pepitas de ouro. Anastácia viveu assim amordaçada durante anos, só lhe sendo retirada a máscara para comer. Por fim a bela escrava adoeceu gravemente, e mesmo antes de morrer ainda curou seu algoz de uma doença pulmonar grave. Anastácia morreu vítima de gangrena em seu pescoço e boca. Então desde essa data se espalharam pelo país relatos de curas e graças alcançadas por sua intercessão.

Segunda Versão

Tenso sido descoberto o Brasil no ano de 1500, e não suportanto os índios nativos os trabalhos pesados, logo os colonizadores e governantes precisaram importar escravos para a lavoura e outros afazeres. Daí vieram os célebres navios negreiros, aprisionando os pobres

negros africanos, que eram capturados em sua terra para aqui serem vendidos como escravos.

Eram os desventurados negros oriundos, em sua maioria, de Guiné, Congo e Angola. Entre eles veio uma princesa Bantu de nome Anastácia, que se destacava pelo seu porte altivo, beleza dos traços fisionômicos e sua juventude.

Era bonita de dentes alvos e lábios sensuais, olhos azuis onde sempre se notava uma lágrima a rolar silenciosa. Teria sido mucama de uma família nobre que, ao regressar a Portugal, a teria vendido a um rico senhor de engenho. Foi levada por seu novo dono para uma fazenda perto do Rio de Janeiro, onde sua vida passou por uma brutal transformação.

Cobiçada pelos homens, invejada pelas mulheres, foi amada e respeitada pelos demais escravos, nos quais encontravam uma conselheira amiga e alguém que tinha poderes de cura para os males do corpo e da alma.

Estóica, serena, submissa aos algozes até morrer, assim ela viveu até o fim. Chamavam-na Anastácia pois esse foi o nome que recebeu no batismo católico. Trabalhava na lavoura, e um dia, ao comer um torrão de açúcar, foi vista pelo malvado feitor que, chamando-a de ladra, colocou-lhe uma mordaça na boca. Esse castigo era infame e chamou a atenção da Sinhá Moça que, vaidosa e ciumenta da beleza da escrava, tinha receio que seu marido se apaixonasse por ela, mandando colocar também uma gargantilha de ferro em Anastácia.

Anastácia morreu no Rio de Janeiro depois de anos de agonia. Os restos mortais estavam na Igreja do Rosário e sumiram após um incêndio, fazendo com que a crença popular tornasse a moça um mito religioso, capaz de realizar, ainda nos dias de hoje, verdadeiros milagres. Por isso, muitas entidades, ligadas não somente às lideranças negras, femininas ou masculinas, como as comunidades religiosas afro-brasileiras, particularmente as ligadas à religião católica, estão unidas no propósito de solicitar ao Papa, a beatificação da escrava Anastácia.Um dia, o filho do casal cai doente sem que ninguém o consiga curar, em desespero os pais recorrem a escrava Anastácia e pedem sua cura, que se realiza para o espanto de todos. Mas Anastácia já estava muito doente, com gangrena, por causa da tortura que lhe fora imposta, e veio a falecer pouco depois, embora tenha sido levada para o Rio de Janeiro para ser tratada.

O feitor, a Sinhá Moça e o marido desta ficaram com tanto remorso, que fizeram o velório de Anastácia na capela da fazenda. Declaram-na forra depois de morta e sepultaram-na na igreja. Tarde demais se arrrependeram... 

Se liga:
Cultuada no Brasil como santa e heroína, considerada uma das mais importantes figuras femininas da história negra, a saga da escrava Anastácia ainda tem o poder de nos emocionar
. Muito bonita, tornou-se objeto de desejo e obsessão do feitor de sua fazenda. Por nunca ter aceitado o assédio do rapaz, foi violentada e condenada a viver com uma máscara no rosto, que era retirada apenas durante as refeições.

Oficialmente a historia de Anastácia foi recuperada em 1968 na exposição sobre os 80 anos da Abolição da Escravatura, na Igreja do Rosário, cidade do Rio de Janeiro. A partir dali começou a devoção que hoje é estimada em 28 milhões de fiéis. Há inclusive um santuário da Santa Negra, no bairro Vaz Lobo.

Um afro abraço.

fonte:www.sobrenatural.org

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Um passeio sobre a Literatura Negra do inicio do seculo passado...


O negro como sujeito: a atitude compromissada.

A literatura do negro surge com as obras de alguns pioneiros, como o irônico Luís Gama (1850-1882), filho de africana com fidalgo baiano e o primeiro a falar em versos do amor por
uma negra. É também destacado pelas estrofes satíricas da "Bodarrada" ("Quem sou eu?"), de que transcrevo um fragmento:

A visão distanciada nas quais o negro ou o descendente de negro reconhecido como tal é personagem, ou em que aspectos ligados às vivências do negro na realidade histórico-cultural do Brasil se tornam assunto ou tema. Envolve, entretanto, procedimentos que, com poucas exceções, indiciam ideologias, atitudes e estereótipos da estética branca dominante.

Em "O navio negreiro", o apelo a que empunhem a bandeira da libertação é feito aos "heróis do Novo Mundo", a Andrada, o patriarca da independência brasileira, a Colombo, o descobridor da América. Zumbi nem pensar... Vejo exceções no final de "A criança" ("Amigo, eu quero o ferro da vingança"), também na última estrofe de "Bandido negro": ("Cai orvalho do sangue do escravo/Cai orvalho da face do algoz./Cresce, cresce vingança feroz"), nas associações imagísticas de "Saudação a Palmares", na vingança individualizada de Lucas, em quem o "selvagem" emerge para lavar a honra da mulher amada. Repare-se que a ênfase, nesses casos, recai sempre no ato vingativo, nunca no problema central, que seria a luta pela liberdade ou a referência a posicionamentos coletivos, isto numa época em que Palmares e outros quilombos já eram realidades.

"O herói Macunaíma, do romance do mesmo nome, de sua autoria, é, nas suas mutações, singularmente representativo, quando nasce preto e vira branco". Os versos do "Improviso do mal da América", entretanto, situam, na passagem que segue, outro posicionamento:
...Me sinto branco na curiosidade imperiosa de ser.
Mas eu não posso me sentir negro nem vermelho!
Decerto que essas cores também tecem minha roupa arlequinal
Mas eu não me sinto negro, mas eu não me sinto vermelho,
Me sinto só branco, relumeando caridade e acolhimento,
Purificado na revolta contra os brancos, as pátrias,
as guerras, as posses, as preguiças e as ignorâncias
Me sinto só branco agora, sem ar neste ar livre da América!
Me sinto só branco em minha alma crivada de raças....

Estamos diante de uma poesia que não foge à tônica do seu tempo, necessário dizê-lo. Apesar do seu empenho consciente e do seu entusiasmo, o poeta não consegue livrar-se, nos seus textos, das marcas profundas de uma formação desenvolvida no bojo de uma cultura escravista. O que move a sua indignação é, sobretudo, o sofrimento do negro, que ele vê como ser humano, e mais a necessidade de a nação livrar-se da mancha da escravidão. Ele,
como percebeu José Guilherme Merquior, "não busca a especificidade cultural e psicológica do negro; ao contrário, assimilando-lhe o caráter aos ideais de comportamento da raça dominante, branqueia a figura moral do preto, facilitando-lhe assim a identificação simpática das plateias burguesas com os sofrimentos dos escravizados...

Da condição de fera à perversão o caminho é curto. E o negro pervertido ganha a cena no excelente romance O bom crioulo (1885), de Adolfo Caminha, uma história de homossexualismo, corajosíssima, para aquele momento, e em A carne (1888), de Júlio Ribeiro, onde, segundo o narrador, a liberação dos instintos de Lenita, a branca personagem
central, se deve à promiscuidade com os escravos. Daí para a conclusão de que a raça negra é inferior a distância é curtíssima, como O presidente negro (1926), de Monteiro Lobato, deixa entrever.

Instinto liricizado é a marca do sofrido Juca Mulato (1917), poema de Menotti del Picchia. Apesar da aparente valorização do mestiço, tomado como centro de referência e caracterizado simpaticamente no seu mundo emocional por um "narrador" distanciado, retoma-se a demonstração de que os mulatos também sentem. Destacar esse personagem ainda era, entretanto, uma atitude inusitada e vanguardista na época da publicação do texto.

Na obra do mulato Mário de Andrade (1893-1945), encontro algumas passagens reveladoras
de uma posição dividida, a acreditar-se na identidade entre o eu lírico e o poeta. Na "Meditação do Tietê" aparece uma referência à vinculação com a etnia:

Eu me sinto grimpado no arco da Ponte das Bandeiras,
Bardo mestiço, e meu verso vence a corda
Da caninana sagrada, e afina com os ventos dos ares, e
[enrouquece
Úmido nas espumas das águas do meu rio
E se espatifa nas dedilhações brutas do incorpóreo
[Amor...

O negro ou o mestiço de negro erotizado, sensualíssimo, objeto sexual, é uma presença que vem desde a Rita Baiana, do citado O cortiço, e mesmo do mulato Firmo, do mesmo romance, passa pelos poemas de Jorge de Lima, como "Nega Fulô", suaviza-se nos Poemas da negra (1929), de Mário de Andrade e ganha especial destaque na configuração das mulatas de Jorge Amado. A propósito, a ficção do excepcional romancista baiano contribui fortemente para a visão simpática e valorizadora de inúmeros traços da presença das manifestações ligadas ao negro na cultura brasileira, embora não consiga escapar das armadilhas do estereótipo. Basta recordar o caso do ingênuo e simples Jubiabá, do romance do mesmo nome, lançado em 1955, e da infantilizada e instintiva Gabriela, de Gabriela, cravo e canela (1958), para só citar dois exemplos. A seu favor, o fato de que, na esteira da tradição do romance realista do século passado no país, a maioria de suas estórias inserem-se no espaço da literatura-espelho e, no caso, refletem muito do comportamento brasileiro em relação às mulheres que privilegia.

...Ainda na galeria do estereótipo, que não tenho pretensão de esgotar, vale assinalar a figura do negro exilado na cultura brasileira, como tem sido apontado por alguns críticos e de que um exemplo se encontra em Urucungo(1933), livro de poemas de Raul Bopp.

Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E a maior desta loucura?... Usura....

Quem são seus doces objetos?... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?... Mestiços.

Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos.

Dou ao demo os insensatos,
Dou ao demo a gente asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, mestiços, mulatos...
Um afro abraço.


fonte:
https://pensamentovivoblog.wordpress.com/

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Lendas Africanas: lenda do beijo e exu

LENDA DE EXÚ -
Quando se ouve falar em candomblé a figura de Exu para os leigos geralmente está ligada à idéia de algo demoníaco como uma entidade que deva ser execrada da humanidade. 


É dito que diferente dos demais orixás, Exu não tem uma data no calendário, que todos os dias são dele, mas sinceramente tenho sérias desconfianças de que seja ariano (talvez daí venha a minha identificação). Na minha cabeça é um destes questionamentos como se Deus é Brasileiro. Sua força é inegável, notada pelo simples fato ser representante dos 365 dias do ano.

Como não se identificar com Exu? É o orixá que está mais próximo da realidade humana e por tal motivo considerado o Orixá das Causas Materiais. Assim como ocorre no signo de Áries, seu elemento é fogo e suas características todas remetem a uma personalidade forte e intensa.
Então, se você antes o repudiava sem sequer conhecê-lo, sinto lhe dizer, mas Exu está ao seu lado o tempo todo e é melhor querê-lo por perto e como amigo, pois a vida sem ele seria muito vazia.

Exu está na personalidade de quem é crítico e original, em pessoas que não ligam muito para opiniões alheias... Ele é um bom vivant, adepto da lei do menor esforço, melhor amigo das horas de lazer, em suma: o melhor companheiro das baladas. Exu é Yang, é calor humano, quentura, verão, multidão, carnaval, estádio de futebol. Ele está presente no grito de GOL, no namoro, no desejo, na paixão, na gula, na gargalhada, no abraço apertado e nos prazeres mais intensos e instintivos da vida ele é o mais alegre e comunicativo de todos os orixás. Olorun, quando o criou, deu-lhe, entre outras funções, a de comunicador e elemento de ligação entre tudo o que existe. Por isso, nas festas que se realizavam no orun (céu), ele tocava tambores e cantava, para trazer alegria e animação a todos.



Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não ficava bem tanta agitação. Então, eles pediram a Exú, que parasse com aquela atividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar.

Assim foi feito, e Exú nunca mais tocou seus tambores, respeitando a vontade de todos.


Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores. Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Exú que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muito sem vida.

Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função para a primeira pessoa que encontrasse.

Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.

Muitas são as confusões e equívocos relacionados com Exu, o pior deles associa-o à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar,

promover a paz e a guerra.

O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.

Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido pela sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores.

Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens.

Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem sempre o primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, para que Exu seja de facto um guardião e proteja o seu negócio.

É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu protege sempre aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores.

Exu foi a primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo a sua região de origem em África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce.

Características dos filhos de Exu
Os filhos de Exu são alegres, sorridentes, estão sempre de bem com a vida, são ambiciosos, extrovertidos, espertos, inteligentes, atentos. Sabem como ninguém ser sociáveis e diplomáticos, pois conhecem o valor de uma boa amizade, fazem questão de manter o maior número possível de amigos.

Rapidamente, os filhos de Exu se tornam pessoas populares, amadas por uns, odiadas por outros. Extremamente dinâmicos, os filhos deste orixá não se desanimam nunca, mantêm sempre a certeza de que as coisas, mais cedo ou mais tarde, acabam por mudar a seu favor.

Pessoas com impressionante facilidade de comunicação, boa lábia, com charme conseguem tudo o que querem. Irónicas e perigosas, costumam manter uma vida sexual bastante agitada, sem pudores. São pessoas extremamente rápidas, que não pensam: fazem.

Os filhos de Exu possuem uma facilidade impressionante para entrar e sair de confusões, são do tipo que arma a bagunça, sai ileso e ainda se diverte com as consequências. Esquecem
facilmente as ofensas, não guardam rancor, mas não perdem a oportunidade de se vingar. Gostam da rua, das festas e das conversas intermináveis, comportamento próprio de um orixá que é só alegria.

Logo apareceu um homem, de nome Ogan. Exú confiou-lhe a missão de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as festividades dos orixás. E, daquele dia em diante, os homens que exercessem esse cargo seriam respeitados como verdadeiros pais e denominados Ogans.

Se liga:
Como todo Yang tem seu Yin, com esta figura não podia ser diferente. Rei dos excessos: encontramos Exu também nos vícios, nas substâncias tóxicas, na bagunça, na raiva, na vingança, no ciúme e na preguiça. De fato, estas características não são nada positivas, mas discordo de quem quer resumir Exu a elas. Como força dos extremos, ele está presente no bem e no mal e cabe a cada um de nós saber extrair o melhor dele, afinal até mesmo o poder
do livre arbítrio é guiado por Exu: símbolo da ligação entre o que há de mais obscuro e mais claro no ser humano.

Um afro abraço.
fonte:urandeiravidente\unegro-povos tradicionais

terça-feira, 8 de setembro de 2015

O Modelo Ideal Imaginario do Espelho Brasileiro.

No Brasil, onde metade da população é constituída por negros, segundo o IBGE, é importante que se faça uma reflexão no que diz respeito às igualdades, principalmente quando se percebe que um grande universo de pessoas se espelha na grande “máquina” de criação de perspectivas, que é a mídia. Portanto, seria desejável mostrar todas as raças de forma mais equilibrada, e que todas as pessoas se reconhecessem nesse meio, para não precisarem se espelhar em modelos idealizados de beleza.

Segundo o cineasta Joel Zito Araújo, em seu livro A negação do Brasil (leia resenha), "o enfoque racial da televisão brasileira é resultado da incorporação do mito da democracia racial brasileira, da ideologia do branqueamento e do desejo de euro-norte-americanização de suas elites". A negação do Brasil se transformou em documentário no início do ano e uma das cópias foi entregue ao Ministro da Cultura, Gilberto Gil, numa tentativa de se abrir um diálogo para a questão e aumentar a participação dos negros na TV, que hoje não passa de 10%. "Existem mais negros na tevê dinamarquesa do que na brasileira", constata.

O racismo refere-se ao "preconceito de cor da pele", ou seja, mesmo que o indivíduo negro pertença a uma classe social favorecida, pode ser discriminado em diferentes situações, embora em menor grau de acordo com BRASIL. Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989: “Serão punidos...os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A intenção do presente estudo é compreender o que se passa na mídia brasileira, no que se refere à discriminação racial...

 O Brasil possui uma grande multiplicidade étnica, no entanto, não se percebe toda essa mistura de cores na mídia, de uma forma geral, ou especificamente quando se trata da publicidade e propaganda. Faz-se necessário dizer que existe uma grande diferença entre

racismo e preconceito, tendo em vista que o racismo é uma atitude de diferenciação acerca da tonalidade da pele e o preconceito é relatado como uma restrição, ou preferência a um sujeito baseado na sua cor. Portanto, pretende-se nos capítulos seguintes, analisar o processo discriminatório racial, que ocorre nas publicidades em geral, na moda e nas telenovelas brasileira os negros também são ridicularizados nos programas de humor (o famoso “politicamente incorreto” nada mais é do que um eufemismo para disseminar preconceitos), tratados de maneira humilhante nos programas policiais e encontram em publicações da imprensa conservadora (principalmente na revista Veja) um importante obstáculo para as suas principais causas e reivindicações (como o sistema de cotas raciais e políticas sociais para a população mais pobre). Em suma, mais de trezentos anos após a sua morte, a luta de Zumbi dos Palmares pela verdadeira libertação do negro continua atual.

A inserção do negro na "mídia "...
"Continua o nosso reacionário: Por que motivo os negros, em grande maioria, moram nos cortiços? A resposta, asseguro-lhe, é muito fácil: a pouca valia que imprimem aos seus trabalhos; a pouca ou nenhuma cultura e a acentuada dolência dos seus passos; a inércia e a falta de vontade e iniciativa para uma reação na trilha do progresso, são as causas principais que obrigam os negros às misérias do cortiço."

 A publicidade tem uma enorme influência na sociedade como agente modificador de comportamento cultural e de valores, estimulando o consumo e influenciando comportamentos, portanto, “a publicidade oferece aos nossos desejos um universo subliminar que insinua que a juventude, a saúde, a virilidade, bem como a feminilidade, dependem daquilo que compramos é ainda é retratado em imagem sempre das mesmas formas: socialmente carente, trabalhador braçal, malandro ou atleta. Também é engraçado perceber que o cabelo do negro na mídia possui apenas três variações: black power, ou com trancinhas ou curto quase raspado. Fora desses padrões o negro homem sempre é mostrado de cabeça raspada. Alguns podem argumentar que essas são as únicas opções possíveis, mas dizer isso só revelaria ignorância quanto ao visual do negro no cotidiano.


O modelo Ideal Imaginário do espelho brasileiro.


-"Brasil, o branqueamento é freqüentemente considerado como um problema do negro que, descontente e desconfortável com sua condição de negro, procura identificar-se como não negro, miscigenar-se com ele para diluir suas características raciais.” (CARONE; BENTO, 2002 p. 25).


O branqueamento é incorporado pela população, sendo fornecido pela elite não negra à sociedade e se apresenta por meio de uma desvalorização da estética negra e, em contrapartida, uma valorização da estética branca. Portanto, o branqueamento possui traços de uma cultura marcada pela escravidão e principalmente pelo processo da mestiçagem no Brasil. “Os casos de ascensão social de pessoas de cor não enriqueciam o grupo social dos negros, uma vez que as pessoas de cor que ‘subiam um degrau’ eram encaradas como ‘negros de alma branca’” (FERNANDES, 1965).

O branco europeu ainda se faz presente no imaginário social como um padrão universal, e, portanto, como o melhor representante da espécie humana; em contrapartida, o negro acaba

sendo representado por uma raça, um ser particularizado, ou o oposto da espécie humana, ou seja, o branco carrega consigo uma superioridade, o absoluto, enquanto o negro passa a ser submisso a essa “perfeição.

 Negro na Publicidade atual...
Note-se que a presença do negro na mídia, de forma geral ainda é muito pequena, muito embora estes já atinjam, mesmo que minoritariamente, um espaço significativo no mercado publicitário; portanto, é necessário que se faça uma observação acerca da inserção do negro na publicidade. O Projeto de Lei do BRASIL nº 4370/98, em tramitação no Congresso Nacional, que determina a porcentagem mínima de negros que deve atuar na publicidade, indica que existe uma preocupação em tornar possível a efetiva inserção do negro nos diversos espaços de atuação da sociedade.

Finalizando:
Embora ainda de forma tímida, observa-se a inserção contínua do negro na mídia brasileira, principalmente na propaganda. No entanto, essa inserção não traduz ainda o de grande avanço do Brasil na luta contra a discriminação racial. O que se vê claramente é que o mercado chegou à conclusão de que a raça negra está se apresentando como um forte segmento consumidor e, desta forma, está percebendo nitidamente que a presença do negro na mídia pode ser um importante aliado na divulgação dos seus produto...

-"A nova Constituição brasileira, também de 1988, passou a considerar o racismo como crime, o que foi regulamentado no ano seguinte, pela a Lei 7.716, do  então deputado negro Carlos Alberto Caó (por isso conhecida como "lei Caó"). "A partir de então, expressões que destacavam a cor de pele da pessoa citada, como: 'o bandido negro', sumiram das notícias".

 Um afro abraço.

 fonte:www.comciencia.br/reportagens/negros/UNEGRORJ

domingo, 6 de setembro de 2015

As conquistas da população negra e sua identidade...

Nas raízes históricas da sociedade brasileira a cultura política sempre reservou aos indivíduos da população negra uma posição subalterna na hierarquia social. A posição imposta a estes indivíduos tem na esfera do trabalho a sua expressão mais clara e definida, sobre os quais persistem inúmeras situações de discriminação, ligadas a valores negativos imputados à
imagem social do negro a partir de: marca da cor, habilidade pessoal .    A afrocidadanização também representa e abarca diversos sentidos, tais como: o reconhecimento da identidade racial como positiva; o protagonismo da população negra como fundadora e criadora da sociedade brasileira; o direito à igualdade e à liberdade de seus direitos e deveres; o direito à diferença; o direito a disputar os benefícios sociais em igualdade de oportunidades e de condições, ou seja, a afrocidadanização seria um processo de construção de uma verdadeira democracia racial, uma equidade social na qual todos os indivíduos, inclusive os da população negra, sejam contemplados e plenamente estabelecidos na sociedade brasileira.

A efetivação deste sonho é um processo que tem a ver com outras conquistas básicas: a conquista de capital cultura, a partir da ampliação das oportunidades educacionais; a mudança do habitus cultural da sociedade brasileira, que considera os indivíduos da população negra como subalternos. Portanto, a afro consciência de se pertencer à população negra aliada à ação social representa a garantia da cidadania plena.
A discussão sobre o acesso de negros nas universidades foi intensificada, em virtude da ampliação do debate em torno da possibilidade efetiva da implementação das políticas de ação afirmativa na sociedade brasileira. Esta política é um instrumento específico, capaz de efetivar a inédita presença nas universidades brasileiras de segmentos sociais até então ausentes desse espaço de construção da cidadania.

Neste sentido, o que desejo é pensar esta integração como expressão ampla do exercício pleno da cidadania, através de um processo de cidadanização ou, melhor ainda, de um processo de afrocidadanização. O conceito de afrocidadanização forjado por mim representa meu sonho, minha utopia. Ele está alicerçado em três pilares fundamentais: o Afro, que dá significado e concretude à consciência do indivíduo da população negra de sua identidade racial positiva; Ação, representando um processo de luta e de conquista galgada na participação nos movimentos sociais; e o terceiro pilar, a Cidadania, que representa a conquista de todos os direitos significativos aos indivíduos em uma sociedade democrática e justa.


Movimentos Sociais...
Os movimentos sociais são considerados como uma fonte da formação de política e teve um
papel de destaque nas lutas contra o regime militar, onde as ações do estado eram questionadas.Os movimentos contestavam diversas formas de segregação que a ditadura impunha a muitos setores da sociedade, mas foi nos anos 80 que os movimentos foram fortalecidos graças a intensa organização civil em torno dessas questões.

São ações coletivas que agem como resistência a exclusão e lutam pela inclusão social. Segundo Gohn "movimentos sociais são ações sociais coletivas de caráter sócio – político e cultural que viabilizam distintas formas da população de se organizar e expressar suas demandas" (2001; p.13). Essas organizações partem de uma simples denúncia e são expressas a partir de ações como mobilizações coletivas.

A partir das reflexões de Ilse Scherer-Warren, pode-se caracterizar movimento social como um "grupo mais ou menos organizado, sob uma liderança determinada ou não; possuindo programa, objetivos ou plano comum; baseando-se numa mesma doutrina, princípios valorativos ou ideologia; visando um fim específico ou uma mudança social" (1987;p.13).

Desde 1886, vários países do mundo celebram o dia 1º de maio como a data comemorativa das conquistas dos trabalhadores ao longo da história. No Brasil, mesmo com a Consolidação das leis do trabalho – CLT em 1943, as diferenças históricas desfavoráveis aos negros no mercado de trabalho ainda persistem.(JARDIM,2012).

A população negra é alvo de desigualdade no mercado de trabalho, sua inserção no campo profissional enfrenta grandes desafios, pois o ambiente de trabalho é um lugar onde centram atitudes que transmitem preconceito e racismo.

Os campos de atuação profissional são setores em que predominam postos de trabalho com menores exigências de qualificação e experiência profissional, menores remunerações, e consequentemente condições de trabalho mais precárias e menos valorizadas socialmente; como por exemplos: empregos domésticos e na construção civil entre outros. (JARDIM, 2012).

"E comum pessoas negras ocupando cargos de inferioridade e submissão mesmo tendo capacidade, habilidade e escolaridade para exercerem cargos de liderança."

A Lei nº 10.639/03 5é uma alteração da Lei nº9.394, de 20 de dezembro de 1996, que instituiu Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de História e Cultura Afro- Brasileira e Africana.

"Conhecer nossas origens e nossas raízes é buscar sedimentar nossa identidade ainda inconclusa."

Estudar e refletir sobre a África de ontem e de hoje, a história do Brasil contada na perspectiva do negro, com exemplos na política, na economia, na sociedade em geral é um dos objetivos que precisamos alcançar.[...]a constante presença da marca africana dos nossos ancestrais na literatura, na música,na criatividade,na forma de viver e de pensar,de dançar,de falar,de rezar e festejar.(Moraes,2010,p.7)
A escola é uma instituição que forma gerações e tem como competência de respeitar matrizes culturais e constrói identidades, visando a dignidade do indivíduo, respeitando as especificidades da herança cultural inclusa na infinita diversidade que constitui a riqueza humana.

A Lei nº9.394/96 passou a vigorar acrescida dos seguintes artigos:

Art.26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficinas e particulares, torna-se obrigatório e cultura Afro-Brasileira[...].

Art.79-B.O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como "Dia Nacional da Consciência Negra"6
Porém, a implementação dessa Lei é defeituosa por dois motivos.O primeiro,sendo por não há uma qualificação adequada na formação dos professores para ministrar os conteúdos obrigatórios sancionados na Lei.O segundo, seria pela falta de estabelecimento de metas para esta implementação e a não indicação do órgão responsável por tal fiscalização.(MORAES;2010)

Devemos ter certos cuidados em relação a abordagens do ponto de vista pedagógicos, no que
se refere o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e africana. A problemática não está na escolha do tema a veiculação de ideias racistas, mas,sobretudo, "na abordagem, na escolha de materiais, no cuidado com a construção dos argumentos"(MORAES;2010,p.23), mas na não discussão de situações cotidianas em que o preconceito se expressa, tanto na sala de aula como nos outros espaços e momentos escolares.

Movimento Negro
Com o passar do tempo, os movimentos sociais ganharam novas identidades, dentre elas as questões étnico – raciais, como por exemplo, o movimento afro-brasileiro que deixou de ser predominantemente movimento de manifestações culturais para ser também de luta de construção de identidade e de luta contra a discriminação racial e todas as formas de preconceito. (GOHN;2001)

(...)Movimento negro é a luta dos negros na perspectiva de resolver seus problemas na sociedade abrangente, em particular os provenientes dos preconceitos e das discriminações raciais, que os marginalizam no mercado de trabalho, no sistema educacional, político, social e cultural. Para o movimento negro, a questão racial, é por conseguinte uma questão de identidade racial, é utilizada não só como elemento de mobilização, mas também de mediação das reivindicações políticas.Em outras palavras para o movimento negro, a "raça" é o fator determinante de organização dos negros em torno de um projeto comum de ação.

Uma cultura que difere dos "padrões da normalidade" que é imposto pela sociedade legitimada por preconceitos o negro é "inferiorizado" ( em vários aspectos, dentre eles destaca-se a cor da pele que muitas vezes é motivo de risos e piadas. Possuem um patrimônio cultural diversificado, saberes que dizem respeito à religião,culinária, música e dança etc. A enorme dificuldade em ingressar no mercado de trabalho e nas Universidades marcam essa luta.

A participação do povo negro na construção da sociedade brasileira, nos ajuda na superação de mitos, na discussão sobre a áfrica escravizada com uma visão de caráter selvagem, incivilizado ou inferiores pela cor da pele (JARDIM;2012). Precisa-se romper com esses preconceitos arraigados em nosso imaginário social que tendem a tratar a cultura negra e africana como sofrimento, miséria ou pessoas menos favorecidas(GOHN;2001).

Os movimentos negros visam resgatar e garantir a construção de oportunidades iguais que primam pelo conhecimento garantindo os direitos e a valorização da história, da cultura e da identidade dos mesmos, direcionando a população negra quanto às reivindicações, para que os negros fossem integrados de fato à sociedade, usufruindo os mesmos direitos enquanto
cidadãos (DOMINGUÊS;2007). Lutam juntos por uma sociedade anti-racista e igualitária, alcançando a equidade entre raças e classes, como forma de eliminar as desigualdades sociais, presentes em nosso país desde a colonização, explorando os que são "desiguais" em classe e cor.

A luta dos negros vem tentando resolver seus problemas na sociedade que é composta por indivíduos preconceituosos e racistas, que os marginalizam,oprimem e os humilham em diversos segmentos como educação, política, mercado de trabalho entre outros. Lutam para garantir o fortalecimento e manutenção de suas culturas e valores e, sobretudo sua identidade enfrentando toda e qualquer forma de exclusão racial (ARAÚJO Jr;2005).

Nas décadas de 60 e 70 a juventude brasileira ligada aos movimentos sociais negros, reforça sua identidade através da música, por meio do Soul Music e da moda através do estilo Black Power, essas formas de representação social que até hoje está ligada ao negro, se iniciaram nos Estados Unidos juntamente como o movimento pelos direitos civis em que Martin Luther King lutava pela igualdade entre negros e brancos. (MERLO;2011)

Relembrando: Dentre as lutas e representações de resistência do povo negro lembramos os grandes marcos como Zumbi dos Palmares, reconhecido como um dos principais representantes da resistência negra a escravidão no período do Brasil colonial,Revolta dos Malês e Chibata, manifestações decorrentes de um processo histórico de insatisfações individuais e coletivas.

Sabemos que os negros foram trazidos da África para o Brasil, tiveram que lidar com o novo o desconhecido e arbitrário nesse contexto essa população teve que se reinventar, sendo obrigados a deixarem de praticar seus costumes adotando práticas europeias. Viam em embarcações chamadas de navio negreiro, em péssimas condições sem nenhum respeito eram maltratados e humilhados, ao chegarem no Brasil eram vendidos para os donos de terra (MEDEIROS;2008).

Alguns negros resistiam, fugiam e formavam os quilombos, que eram comunidades grandes de negros, escondidos na mata fechada. Diante dessa junção em pequenos grupos foram nascendo os primeiros movimentos organizados.
Moraes enfatiza que, após a abolição da escravidão, os primeiros anos foi marcada por uma longa luta para efetivação de uma verdadeira liberdade á população negra. Apesar do pequeno contingente de escravos libertos em 13 de maio de 1888, a grande parcela da população brasileira definida étnica e racialmente como negra foi tomada pelas autoridades como um problema para o desenvolvimento da nação. (MORAES,2010).

Com a proclamação da república a situação ficou ainda pior para a população negra,uma vez que a oligarquia agrária se instalou no poder. O governos oligárquicos que se instalaram na América Latina entre 1889 e 1930 foram extremamente refratários em relação a populações negras. (GEORGE ANDREWS,2007 apud MORAES,2010, p.36).

Diante dessa realidade os escravos, agora libertos não mediram esforços para encontrar saídas ao caso de exclusão e opressão mantido no pós-abolição, surgiram nas principais capitais mobilizações definidas como protesto negro. (MORAES,2010)
A imprensa negra foi um dos primeiros movimentos negros, deu inicio a profundas mudanças no país a partir de ideias que buscavam levantar assuntos como forma de protesto antirracista nos jornais que circulavam no pais. (FERNANDA MERLO; 2011).

Procurava dentro das possibilidades da época lutar pela integração da população negra no ambiente social urbano daquele período, a questão educacional era uma das principais reivindicações, vista como possibilidade de obterem um lugar digno no seio da sociedade. (MORAES;2010).

A partir daí surgem movimentos que vão dando força ao movimento negro no país, entre eles está a Frente Negra Brasileira (1931-1937) que se inicia em São Paulo, objetivando a interação do negro na sociedade para que o mesmo usufruísse dos mesmos direitos dos
brancos, visto que, os negros viviam as margens, impedidos de exercerem seus papeis devido à hierarquia de raças imposta à sociedade (MORAES;2010)

Em 1937, com o golpe do Estado Novo de Getúlio Vargas,a Frente Negra foi fechada e proibida de funcionar. Em 1944 no Rio de Janeiro surge o Teatro Experimental do Negro- TEN, é um dos movimentos mais reconhecidos, criado por Abdias do Nascimento para contestar a discriminação racial através da formação de atores e dramaturgos afro-brasileiros.(MORAES;2010)

A educação do Teatro Negro incorporou ao projeto: a perspectiva emancipatória do negro em seu percurso político e consciente de inserção no mercado de trabalho ( na medida em que pretendia formar profissionais no campo artístico no teatro) (ROMÃO,2005, apud MORAES,2010,p.43)

O TEN reuniu pessoas comuns operários, empregadas domésticas, pessoas sem profissão definidas, e implicou em sua atuação um comprometimento de caráter pedagógico indo além da formação de atores, tendo por base um veiculo poderoso de educação popular, tornando-os mais conscientes e autônomos (MORAES;2010).

Finalizando
É necessário antes de tudo romper com os nossos próprios preconceitos, arrancar do nosso interior toda carga negativa de racismo e interiorização ao negro, para que assim possamos nós juntar aos movimentos por uma sociedade igualitária.
Neste sentido também, as sutilezas da discriminação racial à brasileira, pautadas principalmente no fenótipo, tomado por Castro e Guimarães (1993) como uma forma de capital, têm sido solapadas em sua virulência pelas recentes transformações nas consciências das identidades raciais — uma das maiores contribuições que a educação superior tem prestado aos indivíduos da população negra. Além disso, é igualmente significativa a quantidade de reflexões sobre este tema que naturalmente aparece, quando indagados sobre a questão da identidade racial negra positiva ou sobre a percepção de racismo. De fato, a construção de uma identidade racial negra positiva vem transformando o habitus cultural da sociedade brasileira, que vai lentamente passando da desqualificação do negro e do descrédito da sua capacidade profissional para o reconhecimento do valor das suas conquistas individuais e coletivas nas esferas da educação  e do trabalho.


Essas questões devem ser discutidas cotidianamente, para que possamos conscientizar as pessoas e principalmente as autoridades.
Com este estudo podemos concluir que os movimentos sociais assumem grande relevância na garantia de oportunidades iguais. Lutam em prol de uma sociedade anti-racista, afim de alcançar a equidade entre raças e classes.

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.
fonte:arquivo.geledes.org.br/

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

O Coronavírus persiste e dados científicos se tornam disponíveis para a população, temos observado que a pandemia evidencia como as desigual...