UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

sábado, 18 de abril de 2015

Uma reflexão sobre: Consciência Cristã e o o Holocausto judaico e negro...

Cristianismo (do grego Xριστός, "Christós", messias) é uma religião abraâmica monoteísta centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, tais como são
apresentados no Novo Testamento. A fé cristã acredita essencialmente em Jesus como o Cristo, Filho de Deus, Salvador e Senhor. A religião cristã tem três vertentes principais: o Catolicismo, a Ortodoxia Oriental (separada do catolicismo em 1054 após o Grande Cisma do Oriente) e o protestantismo (que surgiu durante a Reforma Protestante do século XVI). O protestantismo é dividido em grupos menores chamados de denominações. Os cristãos acreditam que Jesus Cristo é o Filho de Deus que se tornou homem e o Salvador da humanidade, morrendo pelos pecados do mundo. Geralmente, os cristãos se referem a Jesus como o Cristo ou o Messias.
Os seguidores do cristianismo, conhecidos como cristãos, acreditam que Jesus seja o Messias profetizado na Bíblia Hebraica (a parte das escrituras comum tanto ao cristianismo quanto ao judaísmo). A teologia cristã ortodoxa alega que Jesus teria sofrido, morrido e ressuscitado para abrir o caminho para o céu aos humanos; Os cristãos acreditam que Jesus teria ascendido aos céus, e a maior parte das denominações ensina que Jesus irá retornar para julgar todos os seres humanos, vivos e mortos, e conceder a imortalidade aos seus seguidores. Jesus também é considerado para os cristãos como modelo de uma vida virtuosa, e tanto como o revelador quanto a encarnação de Deus. Os cristãos chamam a mensagem de Jesus Cristo de Evangelho ("Boas Novas"), e por isto referem-se aos primeiros relatos de seu ministério como evangelho

Não é fácil refletir sobre o holocausto - é penetrar num mundo de horror, de ódio, de perseguição, de cegueira ideológica, de estupidez, de equívocos, de conivências, de omissões e de impotência. Mas a tarefa, ainda que dolorosa, é necessária para que o passado não seja recalcado, a consciência moral não seja obscurecida e a humanidade não fique diminuída, ainda que a sensibilidade seja um tanto machucada.

A história humana revela o que o ser humano é e do que ele é capaz. Pensar o holocausto é voltar-se para a dimensão mais obscura e terrível da existência humana e ver que o ser humano foi capaz de produzir uma tragédia tão grande que nos faltam palavras suficientes para expressar o seu horror. O mundo não é mais o mesmo antes e depois do holocausto. A presença do mal é de tal maneira sufocante que muitos se recusam a aceitar um sentido para a vida. Como dizia Theodore Adorno:
"Depois de Auschwitz, a sensibilidade não pode deixar de ver em toda afirmação da positividade da existência uma charlatania, uma injustiça para com as vítimas, e tem de revoltar-se contra a extração de um sentido, por abstrato que seja, daquele trágico destino".

Um sobrevivente do holocausto declarou que a Europa se tornou um lago de sangue judeu congelado. No continente de Beethoven, de Goethe e da Revolução Francesa, as idéias do humanismo, cristianismo e racionalismo e os frutos da Revolução Francesa foram

terrivelmente despedaçados. Muitos cristãos transformaram suas cruzes em suásticas.

O consciência cristã se depara com o problema do sentido da existência, de como falar de Deus depois de Auschwitz, e com outro não menos grave: como é possível que esta tragédia tenha ocorrido na Europa, em países de longa tradição cristã? Até que ponto esta tradição favoreceu o surgimento do anti-semitismo, do nazismo e de regimes que a ele se aliaram? Que papel desempenharam os cristãos e suas igrejas naqueles acontecimentos? Que formas de colaboração, omissão e conivência existiram? Ou mesmo que formas de resistência e denúncia existiram também? Estas perguntas e outras relacionadas têm questionado a consciência cristã. Os cinquenta anos do final da Segunda Guerra mundial e o final do segundo milênio da era cristã têm motivado muitas reflexões e pronunciamentos coletivos. O Papa João Paulo II, em 1994, escreveu uma carta sobre a chegada do terceiro milênio, onde diz:
"Quando o segundo milênio já se encaminha para o seu termo, é justo que a Igreja assuma com maior consciência o peso do pecado dos seus filhos, recordando todas aquelas circunstâncias em que, no arco da história, eles se afastaram do espírito de Cristo e do seu Evangelho, oferecendo ao mundo, em vez do testemunho de uma vida inspirada nos valores da fé, o espetáculo de modos de pensar e agir que eram verdadeiras formas de anti-testemunho e de escândalo".

No mundo católico surgiram três importantes pronunciamentos: uma carta pastoral dos bispos alemães, em 1995, na comemoração dos 50 anos do final da Segunda Guerra; uma declaração de arrependimento dos bispos franceses das regiões onde houve campos de concentração de judeus, em setembro de 1997; e um documento do Vaticano, da Comissão para as Relações Religiosas com o Judaísmo, de 16 de março de 1998, intitulado: Nós Recordamos - uma reflexão sobre a Shoah. "Shoah" é uma palavra hebraica que significa extermínio e devastação, e é usada para se referir ao holocausto. Já o termo "holocausto" vem do grego e pertence ao mundo religioso: significa o sacrifício em que uma oferenda é inteiramente consumida pelo fogo. A idéia de holocausto aplicada à matança de judeus nos campos de concentração nazistas quer significar a abrangência da matança, que foi um verdadeiro genocídio. Estes campos de concentração exterminaram 6 milhões de judeus e 5 milhões de não-judeus, que incluíam poloneses, ciganos, comunistas, homossexuais e opositores do nazismo. O documento do Vaticano teve ampla repercussão na imprensa em todo o mundo. Infelizmente, os grandes jornais brasileiros não o publicaram na íntegra. A nossa reflexão sobre o holocausto e a consciência cristã quer abordar os grandes temas tratados neste documento e fazer a nossa apreciação.

A História das Relações Cristão-Judaicas
Para entendermos o anti-semitismo e o holocausto é preciso compreender a história das relações cristão-judaicas desde o princípio. Só assim podemos ter uma explicação mais ampla e satisfatória dos acontecimentos. Mesmo dispondo de um espaço limitado, tentaremos mostrar alguns dados importantes dessa relação, ainda que correndo o risco de simplificação.

O cristianismo é uma religião judaica. Do judaísmo recebeu o monoteísmo, a noção de Deus pessoal, o conceito de Criação, o homem como imagem e semelhança divina, o conceito de Aliança, o Decálogo, a maior parte das Sagradas Escrituras, a idéia messiânica, a fé na ressurreição dos mortos e muitos outros conteúdos. Podemos dizer que o cristianismo é uma releitura do judaísmo.

Jesus de Nazaré era judeu e filho de mãe judia. Circuncidado ao 8º dia, frequentava a sinagoga e o Templo de Jerusalém. Conhecia a Torá (Lei de Moisés) e a observava piedosamente. Era um fruto genuíno do judaísmo do Séc.I. Os seus discípulos também eram judeus. Depois da sua morte, eles se reuniam no Templo de Jerusalém. Eram chamados "os que pertenciam ao caminho" (At 9,2). Eram uma seita do judaísmo. Ainda não tinham o nome de cristãos. Apesar de Jesus ter morrido por incitação dos chefes judeus e seus seguidores, isso não o colocava fora do judaísmo. Muitos profetas tinham morrido de forma semelhante.

Os membros da nova seita passam a ser chamados cristãos quando começam a incorporar os gentios de origem grega, em Antioquia (At. 11,19-25). Nesta época surge uma polêmica: os gentios convertidos deveriam ou não ser circuncidados. O apóstolo Paulo toma partido da

não-circuncisão. Um forte conflito se instaura. A recém-formada Igreja acaba decidindo em favor da não-circuncisão dos gentios. Isto marca a primeira ruptura com o judaísmo. Além disso, a morte violenta do Diácono Estevão e do Apóstolo Tiago favorece a hostilidade entre os dois grupos.

A expansão do cristianismo entre os gentios vai lhe dando uma configuração distinta do judaísmo. Entretanto, o judaísmo, segundo Paulo, é a boa oliveira na qual foram enxertados os ramos da oliveira selvagem, que são os gentios (Rm 11, 17-24). A oposição dos judeus é obra da providência divina para que o Evangelho seja anunciado aos gentios. Os judeus continuam sendo o povo dos patriarcas, da aliança, da adoção filial, do culto e das promessas divinas, pois dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 9, 4-5; 11, 28-29).

Nos primeiros séculos da Igreja, há uma Ecclesia ex-circumcisione e uma Ecclesia ex-gentilibus, isto é, uma Igreja de judeus (circuncidados) e uma Igreja de gentios (não-circuncidados). Da Igreja da Circuncisão dá testemunho a Carta de Tiago, onde a assembléia cristã é chamada sinagoga (Tg 2,2). Os dois grupos formavam uma unidade eclesial, que logo passou a se chamar Igreja Católica, isto é, universal.

Nos anos 70 d.C., os romanos destróem o Templo de Jerusalém, arrasam a cidade e massacram os judeus. Os judeus restantes, cuja maioria pertencia ao grupo dos fariseus, tentam reorganizar o judaísmo, sem templo e sem sacerdotes. Por volta do ano 85 d.C., reúnem-se em Jâmnia, liderados pelo Rabino Gamaliel II e tomam uma série de medidas. Uma das orações judaicas, a Oração das 18 Bênçãos, passa a ter uma maldição contra os cristãos:

O Documento Sobre o Holocausto
O tema do holocausto não podia ser ignorado. Há muitos anos que grupos e pessoas envolvidas no diálogo cristão-judaico vêm solicitando um documento da Santa Sé sobre este assunto. Várias sugestões foram enviadas e o documento finalmente foi publicado, em março de 1998. A publicação no L’Osservatore Romano traz uma carta de João Paulo II à Comissão para as Relações Religiosas com o Judaísmo, desejando que o documento ajude a sanar as feridas das incompreensões e das injustiças do passado e favoreça a memória na construção de um futuro onde a Shoah jamais seja possível.

O documento está dividido em cinco partes e a sua sinopse é a seguinte:
1. O dever de memória do extermínio. A condenação do genocídio. Pede-se a participação dos cristãos na reflexão e aos judeus que escutem.

2. Trata-se de uma memória moral e religiosa do pior sofrimento do povo judaico.

3. Balanço histórico bastante negativo das relações cristão-judaicas, agravado pelas teorias racistas que logo foram apropriadas pelo nazismo, ambos condenados pela Igreja Católica.

4. Anti-semitismo nazista e a Shoah. Diferença entre antijudaísmo dos cristãos e o anti-semitismo racista. Falta de solidariedade de muitos cristãos. Lamento pela atitude negativa dos filhos da Igreja. A ação de Pio XII em favor dos judeus. Agradecimento das autoridades judaicas pelas vidas salvas. Condenação de perseguições raciais e genocídios. Menção a outros grandes massacres deste século.

5. Olhando juntos para o futuro. Consciência das raízes judaicas da fé cristã. Anseio de melhores relações com o judaísmo.



Pontos Controversos - a ascensão do nazismo
Alguns pontos do documento causaram insatisfação, por afirmações tímidas, unilaterais ou omissão. Isto fica evidente quando comparado com as declarações do episcopado francês e as do episcopado alemão. O documento da Santa Sé lembra que, no início dos anos 30, a Igreja na Alemanha condenou o racismo e o nazismo, pela ação de jornalistas católicos, de membros do clero e do ensinamento público dos bispos, em declarações coletivas. No entanto, quando Hitler chegou ao poder, logo depois o parlamento alemão teve que votar medidas que lhe concediam plenos poderes. A Igreja e o Zentrumspartei, o partido de centro que aglutinava os católicos, decidiram votar a favor de Hitler, de modo que ele se tornou ditador com os votos católicos. Convém lembrar que surgiu a possibilidade de a Igreja fazer uma concordata com o governo alemão. Concordata é um tratado internacional entre a Santa Sé e um país que define direitos e deveres. A concordata com o III Reich permitiria à Igreja assegurar a sua liberdade religiosa, bem como a autonomia das instituições católicas: escolas, hospitais, instituições de caridade, imprensa e associações juvenis, de artesãos e operárias. Na emergência de um regime totalitário que tem por natureza cooptar ou destruir o que é diferente, este tratado era um instrumento jurídico que defenderia a Igreja da invasão totalitária e garantiria a ela os direitos que possui uma comunidade religiosa numa sociedade liberal...

O problema desta concordata foi a legitimidade conferida ao regime, tanto internamente quanto externamente, além dos novos poderes que Hitler passou a dispor com a aprovação do parlamento. É preciso lembrar também que nos anos 30 havia um forte descrédito dos regimes liberais, agravado pela crise de 29. Muitos achavam que só os regimes fortes poderiam é poderiam resolver os problemas. Isto explica o surgimento dos regimes totalitários e autoritários, inclusive no Brasil. Além disso a Igreja tinha saudades da cristandade e não prezava o liberalismo político. Pio XI falava da "peste do liberalismo laicista". Um outro perigo ameaçava a Igreja: o comunismo. Este era considerado o pior de todos - era intrinsecamente mau e muitos o comparavam à peste negra, que na Idade Média dizimou um terço da população da Europa. Assim, uma concordata com um regime de direita era considerada um mal menor. Alguns desses regimes, inclusive, acenavam com uma deferência especial à Igreja e com o combate aos seus adversários e inimigos, numa espécie de reconquista parcial da cristandade. Foi o caso da Itália facista, da França de Pétain, da Espanha de Franco e da Croácia de Pavelic, a antemurale christianitatis, uma fortaleza avançada da Europa católica nos Bálcãs, que fazia frente aos sérvios ortodoxos e aos muçulmanos.

Hitler não cumpriu a concordata. O regime totalitário começou a cercear as instituições católicas de diversas maneiras e a propaganda nazista elaborou uma releitura do cristianismo à luz da ideologia da supremacia da raça ariana. Era um cristianismo despido de sua judaicidade, sem o Antigo Testamento. A Igreja era um corpo estranho naquele mundo e deveria ser cooptada ou destruída.
"Que não haja esperança para os apóstatas e que o reino do orgulho seja prontamente erradicado em nossos dias, os nazarenos (cristãos) pereçam subitamente, que sejam cancelados do livro dos vivos e não sejam contados no número dos justos. Bendito sejas tu, ó Senhor, que abaixas os orgulhosos"

A condenação do anti-semitismo
Quanto ao anti-semitismo, o documento do Vaticano faz uma distinção nítida entre o anti-semitismo racial e o anti-semitismo cristão, chamado anti-judaísmo. O primeiro se funda na negação da unidade do gênero humano, criado à imagem e semelhança de Deus, e na negação da igual dignidade de todas as raças e povos (IV); afirma uma origem diferenciada das raças e torna legítima a desigualdade entre elas. O segundo se baseia em interpretações errôneas e injustas do Novo Testamento, atribuindo uma culpa aos judeus e gerando sentimentos de hostilidade para com este povo. Tais interpretações circularam por demasiado no mundo cristão, mas não são da parte da Igreja enquanto tal (III). O primeiro foi apropriado pelo nacional-socialismo num regime neopagão, que não reconhece qualquer

realidade transcendente como fonte da vida e critério do bem moral. Este regime transformou um grupo humano e o Estado em valor absoluto e decidiu cancelar a existência do povo judaico.

A Igreja pecadora
O documento do Vaticano não fala de pecados ou faltas da Igreja ou da Hierarquia, mas apenas de faltas e pecados "de seus filhos". Isto contrasta enormemente com os outros dois pronunciamentos. Os bispos franceses lembram que em 41, quando cerca de 40 mil judeus estavam internados nos campos de concentração franceses, num momento em que o país estava parcialmente ocupado, abatido e prostrado, a hierarquia considerou como seu dever primeiro proteger os fiéis e assegurar da melhor maneira a vida de suas instituições. Esta prioridade absoluta, reconhecem, ocultou a exigência bíblica de respeito a todo ser humano, criado a imagem de Deus. Na sua maioria, as autoridades eclesiásticas foram levadas por uma obediência demasiada ao poder estabelecido e ficaram paralisadas pelo conformismo e pelo medo de represálias. Não foram capazes de perceber, prosseguem, que a Igreja deve exercer um papel de suplência num corpo social fraturado. Quando outras instituições foram caladas, a sua palavra, pelo prestígio que possui, poderia fazer frente ao irreparável. Confessam que o silêncio foi uma falta. Reconhecem que a Igreja falhou, falhou como educadora de consciência e que é responsável, junto com o povo cristão, por não ter prestado auxílio quando o protesto e a proteção eram possíveis e necessários. Os bispos esclarecem que não querem julgar nem a consciência nem a pessoa dos seus predecessores que viveram naquela época, mas que estão considerando as ações e suas consequências32. E concluem:
"Esta falha da Igreja da França e sua responsabilidade pelo povo judeu fazem parte de sua história. Nós confessamos esta falta, imploramos o perdão de Deus e pedimos ao povo judeu que ouça a nossa palavra de arrependimento".

Conclusão
Para "sanar as feridas das incompreensões e das injustiças do passado", como desejava o então Papa João Paulo II,  e disse "É preciso ir bem mais além do que foi este documento. Ainda existe uma outra chaga aberta: a fuga de oficiais nazista e facistas croatas no final da guerra com a colaboração de membros do clero e da diplomacia da Santa Sé". Este assunto ainda não está devidamente esclarecido e nem é mencionado no documento.

Este documento está longe de por fim ao debate histórico e inter-religioso sobre o cristianismo e o holocausto. Os principais problemas não estão no que ele diz, mais no que ele não diz. O que ele diz contudo, tem uma difusão mundial em ambientes católicos e pode ajudar a consciência de muitos a despertar para um problema que eles nem suspeitam que existe. Os pontos obscuros e as lacunas estão sendo explicitados e discutidos na imprensa, em diversas publicações e em ambientes eclesiais e de diálogo inter-religioso.

Relembrando que a Igreja em seus primordio...
Ano um
“Os deuses não estavam mais, e Deus não estava ainda”
O Império Romano garantia a liberdade de culto. O ateísmo e a razão dominavam. É nessa época que nasce um sujeito que, segundo dizem certos judeus, perdeu o juízo porque leu o Tora demasiadamente jovem. Ele funda uma seita que visa proibir o culto dos outros deuses, exceto o seu. O sujeito é finalmente morto, mas a seita se expande com o êxito que se conhece.

O culto da personalidade do fundador da seita atinge, nos cristãos, um nível que mesmo o estalinismo não conseguirá igualar: o fundador é proclamado “verdadeiro homem e verdadeiro Deus” (“Deus-Homem”, em linguagem comum). Os que duvidam disso são proclamados imediatamente hereges, e sofrerão mais tarde os raios da Inquisição. A partir do século IV da nossa era, começará o assassinato dos não-crentes pelos cristãos.


O holocausto Negro, sim o holocausto negro...
Os navios negreiros trouxeram pelo menos 13 milhões de pessoas da África para as Américas, na maior deportação da história mundial. Seu martírio começou no ano 1492, ano da chegada (e não descoberta) de Cristóvão Colombo às Américas. Neste final do século XV, a Espanha vivia uma época de grande prosperidade comercial e também de grande conturbação social. No mesmo ano de 1492, os reis católicos da Espanha, Isabel e Fernando, davam aos judeus a escolha entre a conversão, a morte ou o exílio.

No estudo de Ney, surpreende a relação que este faz entre a procura desenfreada pelo lucro e o fato de que, conforme publicou a revista Der Spiegel em 1998, “O comércio de escravos estava nas mãos de judeus”.

“Não existe mais dúvidas de que o povo judeu foi o que cometeu este crime: eles tinham o monopólio, eles conservavam as condições comerciais, eles possuíam os navios, e era

deles o lucro. Aqui não há mais nada a provar. Tudo é conhecido. O último navio de escravos, o navio ORION, pertencia à companhia de navegação judaica Blumenberg, de Hamburgo”.

Parece ser injusto culpar aqui todo um povo pelo ato de alguns de seus membros. Mesmo apesar do fato de alguns judeus terem sido protagonistas do genocídio contra os negros africanos – NR.


Na Bíblia há várias passagens relativas a escravos (especialmente o Antigo Testamento). Quase sempre são prescrições atenuantes. Por exemplo: não se deve entregar um escravo fugitivo, nem utilizá-lo em tarefas degradantes ou serviços desnecessários; ao escravo é reservado o dia de descanso (sábado). Em resumo: apesar de reconhecer a escravidão, a religião a atenuava. Essa foi basicamente a herança do mundo antigo no que diz respeito aos preceitos religiosos.
Com a ascensão social e política da Igreja na Idade Média e a consequente cristianização das monarquias, a pressão a favor dos pobres, das mulheres e dos escravos tornou-se maior. Por exemplo, uma lei do século VI (sob influência da Igreja) afirmava que nenhum escravo poderia ser preso caso estivesse em um altar católico: seu dono deveria pagar uma pesada multa caso fizesse isso. Nesses séculos conhecidos pelos especialistas como Alta Idade Média (V-X) o Catolicismo que se difundiu na Europa pressionou aquelas sociedades a considerar a escravidão algo ultrajante aos seres humanos, já que, pela fé em Jesus Cristo, somos todos filhos de Deus.
Apesar disso, a escravidão só lentamente diminuiu – para dar lugar, pouco a pouco, à servidão. Com ela, a dignidade humana estava muito acima da escravidão. Nessa, o escravisado era uma coisa que falava; naquela, o servo tinha deveres (e muitos!) – mas também direitos (como, por exemplo, a inalienabilidade da terra).

Mas os homens são dificilmente civilizados (e com revezes regulares). Mesmo com a pregação regular da Igreja, na Europa medieval a escravidão continuou tão comum que teve que ser reiteradamente condenada pela Igreja (Concílios de Koblenz, em 922, de Londres, em 1022, e no Conselho de Armagh, ocorrido na Irlanda em 1171). Naquele Concílio de Londres, por exemplo, foi decidido: “Que futuramente, na Inglaterra, ninguém queira entrar naquele comércio nefasto no qual estavam acostumados a vender homens como animais irracionais” (artigo 27).

O problema era que as antigas leis romanas, seu código civil, reorganizado nos anos 529-534 pelo imperador bizantino Justiniano I como Corpus Iuris Civilis (Conjunto do Direito Civil), regulamentava a escravidão. Segundo ele, embora o estado natural da Humanidade fosse a liberdade, os direitos dos povos poderiam, no entanto, substituir a lei natural e escravizar pessoas. Basicamente um escravo era: 1. alguém cuja mãe era escrava, 2. qualquer pessoa capturada em batalha, . qualquer um que se vendeu para pagar uma dívida (fato comum nos primeiros séculos medievais).

Com a ascensão do Cristianismo, o direito também se cristianizou. Os advogados medievais, a partir do século XI, chegaram à conclusão que a escravidão era contrária ao espírito cristão. Isso para cristãos (e que não me venha nenhum fariseu acusar a Igreja de não legislar para não cristãos). Em contrapartida, por exemplo, foi o Islã quem difundiu largamente a escravidão. Vejamos isso com mais pormenor.

Começo com uma citação do grande historiador Fernand Braudel (1902-1985): “O tráfico negreiro não foi uma invenção diabólica da Europa. Foi o Islã, desde muito cedo em contato com a África Negra através dos países situados entre Níger e Darfur e de seus centros mercantis da África Oriental, o primeiro a praticar em grande escala o tráfico negreiro (...). O comércio de homens foi um fato geral e conhecido de todas as humanidades primitivas. O Islã, civilização escravista por excelência, não inventou, tampouco, nem a escravidão nem o comércio de escravos”.

Aqui chegamos à escravidão negra. Muitos séculos ANTES da chegada dos brancos europeus à África, tribos, reinos e impérios negros africanos praticavam largamente o escravismo, exatamente como os berberes (e demais etnias muçulmanas). Os europeus do século XVI tinham verdadeiro pavor de deixar o litoral ou mesmo desembarcar de seus navios e avançar para longe da costa e capturar escravos. Estes eram trazidos pelos próprios africanos, que tinham grandes mercados espalhados pelo interior do continente, abastecidos por guerras entre as tribos, ou mesmo puro sequestro. Isso pode ser facilmente comprovado, por exemplo, com a descrição do império de Mali feita pelo cronista muçulmano Ibn Batuta

(1307-1377), um dos maiores viajantes da Idade Média, e o depoimento de al-Hasan (1483-1554) sobre Tumbuctu, capital do império de Songai. Ademais, havia tribos africanas que praticavam sacrifícios humanos, naturalmente de escravos. Às vezes, para interromper a chuva, mulheres negras (e escravas) eram crucificadas.
Entrementes, a Igreja Católica, reiteradamente, condenava a escravidão. Há inúmeras bulas papais a respeito: Sicut Dudum (1435) – Eugênio IV manda libertar os escravos das ilhas Canárias; em 1462, Pio II instrui os bispos a pregarem contra o tratamento de escravos negros etíopes, e condena a escravidão como um “crime tremendo”; Paulo III, na bula Sublimus Dei (1537) recorda aos cristãos que os índios são livres por natureza (isto é, ao contrário dos negros, eles não praticavam a escravidão); em 1571 o dominicano Tomás de Mercado declarou desumana e ilícita a escravidão; Gregório XIV (Cum Sicuti, de 1591) e Urbano VIII Commissum nobis, de 1639) condenaram a escravidão. 


A historia é historia e na maioria das vezes contada pelos dominadores e sendo assim pra finalizar uma releitura e sempre bem vinda...
É claro que a imagem que a grande mídia nos transmite é bem diferente desta, pois ela atende em sua grande parte a interesses sionistas. Como eles não podem rebater as teses apresentadas, só resta ignorar ou difamar a obra. E justamente ciente disso, o livro da comunidade religiosa norte-americana dá um conselho aos seus leitores sobre a relação entre os negros e judeus, e que estendemos às comunidades quilombolas brasileiras:

… é uma relação que necessita de análises adicionais. [...] Ela é torcida e mal entendida, e é realmente tempo de se ocupar novamente com os documentos e examinar The secret Relationship between Blacks and Jews.”     

Líderes pan-africanos como Kwame Ture, Louis Farrakhan e mesmo Malcolm X estavam

conscientes de que havia algo de muito estranho na relação entre o tráfico negreiro e o judaísmo internacional – coisa aparentemente pouco manifestada no Brasil.

Um afro abraço.


fonte: See more at: http://www.ricardocosta.com/artigo/igreja-catolica-e---cravidao#sthash.5RXqwCzb.dpuf/Wikipédia, a enciclopédia livre

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Racismo institucional e as favelas do Brasil

O argumento central deste artigo consiste em que, no Brasil, negros sofrem não só a
discriminação racial devida ao preconceito racial e operada no plano privado, mas também e sobretudo o racismo institucional, que inspira as políticas estatais que lhes são dirigidas e se materializa nelas. Trata-se de discriminação racial praticada pelo Estado ao atuar de forma diferenciada em relação a esses segmentos populacionais, introduzindo em nossas cidades e em nossa sociedade, pela via das políticas públicas, “um corte entre o que deve viver e o que deve morrer”, a faxina étnica.

A expressão, utilizada para evidenciar as relações entre o racismo e as políticas estatais para territórios e populações negras no Brasil, não é mera retórica. Antes, sustenta que as elevadas taxas de homicídio e de “autos de resistência”5 nos territórios de maioria negra, as políticas de remoção e de despejo de sua população, os altos índices de encarceramento de negros pobres, a precariedade das políticas públicas de habitação, saúde e educação para o conjunto da população negra e o desrespeito a suas tradições culturais e religiosas não são sucessivos produtos do acaso ou do mau funcionamento do Estado,6 mas traduzem o racismo institucional que opera no Brasil bem ao largo de qualquer perspectiva de integração social e urbana desses segmentos populacionais pela via da cidadania.


Esse modo específico de gestão estatal das populações negras e de seus territórios de moradia − que “faz viver e deixa morrer”, como diz Foucault − pode ser identificado no âmbito das políticas públicas praticadas pelo Estado brasileiro. Examinemos alguns dados empíricos que expressam o sentido e o escopo de sua formulação e de sua realização.


Os negros são as maiores vítimas de homicídio. No período de 2002 a 2008, segundo dados do Mapa da violência 2011,7 o número de vítimas brancas na população brasileira diminuiu 22,3%; já entre os negros, o número de vítimas de homicídio aumentou 20,2%. Os dados são mais dramáticos quando se consideram os jovens: o número de homicídios de jovens brancos

caiu, no período, 30%, enquanto o de jovens negros cresceu 13%, o que significa que a brecha de mortalidade entre brancos e negros cresceu 43%. Se considerarmos os homicídios praticados pelas forças policiais e registrados/encobertos pelos “autos de resistência”,vemos que eles também vitimam mais intensamente os negros: de 2001 a 2007, incidiram sobre esse segmento 61,7% dos homicídios praticados por agentes do Estado.8 Não se trata simplesmente de abuso policial ou de despreparo de policiais em situações de confronto. A consistência dos dados e sua persistência no período, em que pese a redução desses homicídios nos últimos anos em algumas grandes cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo,9 indicam uma política de extermínio de negros (jovens, sobretudo) − o “fazer morrer” − praticada pelo Estado, por meio de seus agentes, ou por ele tolerada.10


Mas, como vimos, a tecnologia do poder também “faz viver”, ainda que em distintas condições para esses diferentes segmentos populacionais, brancos e negros. É o que demonstra uma pesquisa realizada em 2003 pelo Ministério da Saúde,11 que revelou indicadores de saúde diferenciados da população brasileira segundo o critério raça/cor. Analisando seus resultados, Meireles12 destaca que 62% das mulheres brancas ouvidas

realizaram sete ou mais consultas de pré-natal, enquanto somente 37% das mulheres negras passaram pelo mesmo número de consultas. Talvez por isso a hipertensão arterial durante a gravidez, uma das principais causas de morte materna, tenha sido mais frequente entre as mulheres negras. Além disso, o risco de uma criança negra morrer antes de completar 5 anos por causas infecciosas e parasitárias é 60% maior do que o risco de uma criança branca falecer pela mesma razão, enquanto o risco de morte por desnutrição é 90% maior entre crianças negras do que entre as brancas.


Já os dados do Relatório anual das desigualdades raciais no Brasil; 2009-2010demonstram que os negros representam cerca de 60% daqueles que, por motivos diversos, não conseguem atendimento no SUS, sendo os maiores percentuais os relativos às mulheres negras − o que, sem dúvida, argumenta o autor, evidencia a precariedade do dispositivo constitucional que assegura a universalidade do direito à saúde no país.


No plano da educação, todas as pesquisas apontam que, ainda que o acesso tenha crescido no país nos últimos anos, a presença dos negros no ensino médio, universitário e na pós-graduação permanece significativamente menor do que a dos brancos – diferença que se torna exponencial nos níveis superiores de formação. A razão, ressaltam, é clara: enquanto os brancos recorrem a escolas particulares (sabidamente, no Brasil, de melhor qualidade) no ensino fundamental e médio e, assim, obtêm melhor formação intelectual para ingresso nas universidades públicas, aos negros restam as escolas públicas (crescentemente sucateadas) nos níveis fundamental e médio e o caminho das universidades privadas. Mesmo com essa estratégia, também no campo da educação as desigualdades raciais são gritantes: em 2008, a probabilidade de um jovem branco, de 18 a 24 anos, frequentar uma instituição de ensino superior era 97,8% maior do que a de uma jovem negra da mesma faixa etária.13


No plano da moradia, os indicadores sociais revelam a mesma diferenciação no interior das políticas públicas, ou como o Estado “faz viver” esses contingentes populacionais. Os territórios de maioria negra nas cidades (favelas, loteamentos, bairros pobres e periferias)
são carentes de equipamentos urbanos e serviços públicos de boa qualidade. O déficit habitacional brasileiro (cerca de 5,5 milhões de unidades) é fruto da ausência de uma política estatal de habitação popular, o que resultou na precariedade que caracteriza as atuais condições de moradia e vida nessas localidades.

Além disso, em várias de nossas grandes cidades que vêm sendo reestruturadas para favorecer a especulação imobiliária e/ou sediar “grandes eventos” e assim se inserir nos fluxos internacionais de acumulação urbana, essas populações têm sido compulsoriamente removidas das localidades em que sempre viveram, criaram seus laços de vizinhança e parentesco, suas alternativas de sobrevivência (em trabalhos formais, pequenos comércios ou “virações”).15 São, então, reassentadas em locais distantes, ambientalmente precários,16 com infraestrutura urbana de má qualidade, sem redes de sociabilidade nem alternativas de trabalho; enfim, sem lugar na sociedade, sem direito à cidade.

Lenilda Campos.

fonte:www.diplomatique.org.br/

quinta-feira, 19 de março de 2015

Manoel Congo: Herói brasileiro ...

Manoel Congo entrou para a história do Brasil foi o líder da maior rebelião de escravos do vale do Paraíba, no Brasil e como líder fez tremer os sólidos alicerces do regime escravocrata fluminense nas terras do café. Foi em Paty do Alferes, que se desenrolou um dos mais importantes levantes de negros do Estado do Rio de Janeiro.

Pra gente começar...
A maior parte dos escravos era constituída por homens jovens nascidos na África. Segundo dados de 1837-1840, cerca de 75% dos escravos da região eram africanos, 68% tinha idade na faixa entre 15 e 40 anos, 73,7% eram homens. Os escravos homens e jovens eram os preferidos pois a maior parte do trabalho consistia em derrubar matas, plantar e capinar, o que requeria grande vigor físico. Entretanto, os escravos africanos eram temidos pela rebeldia ou pouco apreciados por não conheceram ainda a língua, os costumes e a religião da terra.

Manoel Congo:
Contava-se que Manuel Congo era um negro forte e habilidoso, de pouca fala e sorriso escasso. Como era comum entre os escravos nascidos na África, seu nome era composto por um prenome português associado ao nome de sua "nação" ou região de origem.
Pertencia ao capitão-mor de ordenanças Manuel Francisco Xavier, dono de centenas de escravos e das fazendas Freguesia e Maravilha em Paty do Alferes.
Era ferreiro, ofício que requer treinamento e habilidade, o que certamente lhe dava status superior entre os outros escravos e maior valor econômico perante os senhores. A sociedade da época tinha grande carência de ferreiros e marceneiros, tanto que, em 1832, foi criada em Vassouras a "Sociedade Promotora da Civilização e da Indústria" que, entre outras coisas, treinava os escravos considerados mais hábeis e inteligentes no ofício de ferreiro. Coincidentementemente, na cultura dos Kimbundos, grupo étnico angolano que contribuiu com muitos escravos para a região, o ofício de ferreiro era uma ocupação exclusiva de reis e nobres.

Marianna Crioula...
Marianna Crioula era uma escrava, como indica o nome, nascida no Brasil, com cerca de 30 anos na época. Era costureira e mucama (escrava de companhia) de Francisca Elisa Xavier, esposa do capitão-mor Manuel Francisco Xavier. Foi descrita como sendo a "preta de estimação", assim como uma das escravas mais dóceis e confiáveis da sua patroa.



Apesar de ser casada com o escravo José, que trabalhava na lavoura, vivia e dormia na casa-grande, sinal de que tinha privilégios concedidos pelos senhores. Na época, os homens eram cerca de 90% dos escravos traficados da África e cerca de 75% dos escravos que trabalhavam nas fazendas de café, portanto um casal de escravos era raro.

Rebelião e fugaPor volta da meia-noite do dia 5 de novembro de 1838, as portas das senzalas da Fazenda Freguesia eram arrombada e um grupo de negros cruzaram correndo o pátio em busca de suas mulheres que estavam no sobrado. Manoel Congo e Marianna Crioula i
niciavam ali a saga que os levariam à história e que para ele seria o caminho da morte.
Este grupo liderado também por Pedro Dias, Vicente Moçambique, Antônio Magro e Justino Benguela, armado de facões e uma velha garrucha, invadiria, logo a seguir, a Fazenda da Maravilha libertando mais escravos e levando tudo que podiam carregar.
Agora já somavam em torno de 400 escravos fugindo nas matas da Serra da Estrela, a caminho da Serra da Taquara, onde encontrariam a definitiva liberdade.

O Capitão-Mor de Ordenanças, Manoel Francisco Xavier, proprietário das duas fazendas e de todos os escravos fugitivos, ainda que contra sua vontade, porém diante dos graves fatos, pediu ajuda as autoridades competentes na figura do Juiz de Paz José Pinheiro. O Juiz imediatamente enviou mensagem ao Coronel-Chefe da Legião de Valença, Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, que viria a acionar a Guarda Nacional. Apenas 48 horas após o último levante, Lacerda Werneck já havia reunido 160 homens armados e prontos para a luta, que entrariam na densa mata, dispostos a caçar os negros aquilombados.

Luta e captura
Partindo a Fazenda da Maravilha, com algumas léguas e horas de busca, primeiro ouviram sons de machado seguidos de burburinho de vozes. A tropa avançou angulada como uma cunha e exigindo a rendição de todos. Manoel Congo teve tempo apenas para incitar o ataque que iniciaria uma luta feroz, tendo como resultado na morte de muitos negros e dois soldados.

A “preta de estimação” de D. Francisca Xavier, esposa do Capitão, Marianna Crioula, num gesto derradeiro, ainda gritou: "Atira caboclo, atira diabos". "Este insulto foi seguido de uma descarga que matou dois dos nossos e feriu outros dois. Quão caro lhes custou! Vinte e tantos rolaram pelo morro abaixo à nossa primeira descarga, uns mortos e outros gravemente feridos, então se tornou geral o tiroteio, deram cobardemente costas, largando parte das armas; foram perseguidos e espingardeados em retirada e em completa debandada."(…)"Notei que nem um só fez alto quando se mandava parar, sendo preciso espingardeá-los, pelas pernas. Uma crioula de estimação não se entregou senão a cacete, e gritava: morrer sim, entregar não!!!".”, na exata hora em que era violentamente derrubada e espancanda com chutes, socos e coronhadas.(segundo escreveu o coronel Lacerda Vernek)

Apesar de ter havido mais de 300 fugitivos, apenas dezesseis foram levados a julgamento:
Ali foram presos, Manoel Congo, Justino Benguela, Antônio Magro, Pedro Dias, Belarmino, Miguel Crioulo, Canuto Moçambique e Afonso Angola e as negras Marianna Crioula, Rita Crioula, Lourença Crioula, Joanna Mofumbe, Josefa Angola e Emília Conga.
Dos dezesseis réus, nove eram homens e sete mulheres, onze eram africanos e cinco eram crioulos, dez eram trabalhadores especializados ou domésticos e apenas dois eram trabalhadores da roça sem especialização. Os trabalhadores especializados eram ferreiros, como Manuel Congo, carpinteiros ou caldeireiros; todas as mulheres eram trabalhadoras domésticas especializadas como lavadeiras, costureiras ou enfermeiras.
O homem que sonhou com a liberdade estava acorrentado aos seus pares e viria a ser réu no julgamento com sentença determinada muito antes de começar.

Desde a manhã de 22 de janeiro de 1839, na Praça da Concórdia, diante da Igreja Matriz da Vila de Vassouras, até o dia 31 do mesmo mês, o tribunal fora o palco da condenação dos réus, sendo a de Manoel Congo, pena de morte por enforcamento. Os demais escravos homens viriam a receber 650 chicotadas cada um além dos gonzos no pescoço durante 3 anos. Todas as negras foram inocentadas e o plano que fora articulado para minorar as perdas do Capitão dera resultado. Perderia ele um de seus negros mas manteria os demais ao preço de incitar uma traição: todos indicaram Manoel Congo como líder do levante.

Se liga:
Não há registros exatos de quantos escravos fugiram e quantos retornaram. A maioria dos proprietários alegou que seus escravos retornaram espontaneamente às suas fazendas. Os

fazendeiros tinham pesadas custas processuais quando seus escravos eram arrolados em processos como réus ou rebeldes, portanto, às vezes era melhor mentir e aceitar a perda de um escravo foragido. Portanto, vários fugitivos, como o grupo de João Angola, podem ter alcançado a liberdade e, até mesmo, embora não haja fontes históricas, ter formado o lendário Quilombo de Santa Catarina. Certo é que não houve tempo para se formar o Quilombo de Manuel Congo que frequentemente é citado como verídico.

O fim do tráfico de escravos da África, que ocorreu com a Lei Eusébio de Queirós, aumentou o preço dos escravos: em 1835 um escravo jovem e de boa saúde custava 375 mil-réis, uma escrava nas mesmas condições de saúde e idade custava 359 mil-réis; O fim do tráfico de escravos da África, que ocorreu com a Lei Eusébio de Queirós, aumentou o preço dos escravos: em 1835 um escravo jovem e de boa saúde custava 375 mil-réis, uma escrava nas mesmas condições de saúde e idade custava 359 mil-réis..
Passados 9 meses, no dia 4 de setembro de 1839, subia ao cadafalso, no Largo da Forca para cumprir sua “pena de morte para sempre”, isto é, enforcado e sem sepultamento, Manoel Congo, negro forte e habilidoso, de pouca fala e sorriso escasso, mãos ásperas que sonhavam embalar um filho seu e morreu, levando com ele a esperança dos que ainda viram passar mais 49 anos em 1855, um escravo custava 1.075 mil0réis, e uma escrava 857 mil-réis. Isto forçou a melhoria do tratamento dos escravos e nenhuma rebelião importante

aconteceu na região até a abolição da escravidão em 1888 até, finalmente, a liberdade chegar.
Um afro abraço.

fonte:patydoalferes.rj.gov.br/historia

Luiz Gonzaga em ASA BRANCA -= Clipes do Fantástico =-


domingo, 15 de março de 2015

I Festival Mundial de Artes Negras e outras conversas...

Introdução
Nascida a partir de profundas raízes africanas, a arte afro-brasileira trilhou um longo percurso durante séculos, conquistando visível autonomia e criatividade própria. Percorreu uma trajetória de trocas, sobretudo com os europeus, em meio a um mundo escravocrata e

católico que lhe acarretou perdas e ganhos, continuidade e mudança. Essa arte, realimentada pelas levas sucessivas de escravos que lhe inspira uma visão de mundo herdada da África, estava, porém, sujeita simultaneamente à dinâmica proveniente da evolução da sociedade brasileira. Participou de tal modo na construção e desenvolvimento de nossa sociedade que o sociólogo Gilberto Freyre, pioneiramente, considerou o negro como “um co-colonizador, apesar da sua condição de escravo”.

A função primordial da arte africana, também chamada de arte negra, foi a de produzir valores emocionais para as comunidades às quais pertenceu e que possuíam um saber cultural já estabelecido. Acompanhava, assim, a vida cotidiana da comunidade, participando dos rituais da vida doméstica desde o nascimento, dos ritos de passagem, passando pela fatalidade da morte e continuando ainda na perene ligação com a ancestralidade. Essa arte não tinha o compromisso de ser retrato da realidade e se apresentou sem simetria e proporção. Na figura humana, por exemplo, quase sempre a cabeça é demasiado grande, pois representa a personalidade, o saber, sobretudo quando é a de alguém mais velho; a língua, por vezes, ultrapassa a cavidade da boca, já que expressa a fala, que é a chave da tradição oral; a barriga e os seios femininos representam, em conjunto, a fertilidade; os pés, normalmente grandes, estão sempre bem fixados na terra.


A RAIZ AFRICANA E A RECRIAÇÃO AFRO-BRASILEIRA
Embora nascida a partir de uma funda raiz africana, a arte afro-brasileira teve um longo percurso de séculos que lhe possibilitou, não só uma visível autonomia, como uma criatividade própria. Ela percorreu uma trajetória de trocas, sobretudo com os europeus, no seio de um mundo escravocrata e católico que lhe acarretou perdas e ganhos, continuidade e mudança, sem contudo ter havido uma ruptura.

Essa arte permaneceu realimentada pela seiva africana que lhe inspira uma visão de mundo herdada do continente negro, mas sujeita a uma dinâmica proveniente da evolução da sociedade brasileira. Participou de tal modo na construção e desenvolvimento dessa

sociedade que, pioneiramente, Gilberto Freyre considerou o negro como “um co-colonizador, apesar da sua condição de escravo”. Após a Abolição ele continuou sofrendo uma enredada, mas pertinaz discriminação racial.

A ARTE AFRICANA TRADICIONAL
A arte africana, presente nas sociedades predominantemente rurais, não tem o propósito de ser uma reprodução literal da realidade ou um objeto de pura contemplação, embora o seja também de deleite espiritual e estético.
A sua função primordial é a de produzir valores emocionais para as comunidades às quais

pertence e que possuem um saber cultural já estabelecido. Por via disso, as pessoas dessas comunidades têm uma capacidade de compreendê-la que antecede qualquer reflexão. São apreciadas não pelo que apresentam, mas sim pelo que representam.

A também chamada “arte negra” acompanha a vida da comunidade, é instrumento da sua relação com o espiritual, participando dos ritos e rituais da vida doméstica desde o nascimento, os ritos de passagem, passando pela morte e continuando na perene ligação com a ancestralidade.

Essa arte africana não tem compromisso com o retrato da realidade. Ela se apresenta sem a simetria e a proporção que poderíamos esperar. Quase sempre a cabeça é demasiado grande, pois ela representa a personalidade, o saber, sobretudo quando é a de um “Mais Velho” da

comunidade; a língua, por vezes ultrapassa a cavidade da boca: ela expressa a fala, que é a chave da tradição oral; a barriga e os seios femininos representam a fertilidade; os pés, normalmente grandes, são bem fixados na terra.

Tais representações são expressões culturais, sujeitas a diversidades étnicas, mas todas provenientes do sopro do Criador, que emite uma força vital (axé, no Brasil dos orixás,

vindos do oeste nigeriano e leste do Benim). Essa força vital circula por todos os reinos do universo: o humano e o animal, o vegetal e até o mineral, e é passível de ser manipulada, e assim transferida entre todos os seres, através da intervenção dos ancestrais, tendo como intermediários-intérpretes os sacerdotes.

Essa arte africana, de base rural-comunitária, que feria os cânones europeus até quase o final do século XIX, atraiu, com o seu “expressionismo”, pintores como Picasso e Braque, quando eles enveredaram pelo cubismo. Entretanto, por essa mesma época, os europeus também reagiram com espanto a um outro tipo de arte africana: foram trazidos para a Europa, após a conquista colonial, os “bronzes de Benim”. O crítico alemão F. von Luncham escreveu, em 1901: “Estes trabalhos de Benim (elaborados com a secular técnica da ‘cera perdida’) estão no patamar mais elevado da técnica de fundição da Europa. Cellini, e ninguém antes nem depois dele, poderia tê-los fundido melhor”. Essas cabeças e estátuas em bronze eram já assim produzidas pelos iorubás desde o século XVI, conforme testemunharam os portugueses quando ali aportaram no tempo das navegações.

Não é propósito deste texto tratar da arte africana contemporânea, produzida sobretudo no período pós-colonial. Esta, seja figurativa ou abstrata, carrega a tradição mas tem propósitos semelhantes ao de qualquer arte contemporânea de caráter internacional.

Entretanto, artistas e artesãos continuam produzindo a arte tradicional, quer para uso comunitário, quer para deleite dos turistas. Parte dela, de qualidade bem menor, é chamada de “arte de aeroporto”.

A RECRIAÇÃO AFRO-BRASILEIRA
Analisando a fraca presença do negro brasileiro nas artes visuais contemporâneas, em flagrante contraste com o período do barroco, quando eram dominantes, Clarival do Prado Valadares, num texto de 1988, menciona que essa presença passou a traduzir-se, quase que exclusivamente no que se convencionou chamar de “arte primitiva”. E explicava que essa arte, aceitavelmente dócil, era o que se esperava do negro. Enfim, uma arte adequada ao lugar que era permitido ao negro na sociedade brasileira.

Compreende-se melhor isso ao consultar uma publicação do Ministério das Relações Exteriores, em 1966, intitulada Quem é Quem nas Artes e Letras do Brasil. Nela estão listadas 298 fichas biográficas de artistas brasileiros. Dessa lista, somente 16 eram negros. O mesmo Itamaraty, numa edição, em francês, do seu Anuário de 1966 (p. 227) assinala que, no que respeita à cor: “a maioria da população brasileira é constituída de brancos; a percentagem de mestiços é fraca”.

Hoje, não só desapareceu dos Anuários do Itamaraty essa “distração” étnica quanto

progrediu a participação dos negros nas artes nacionais. No entanto, em tempo algum os negros constituíram uma elite nas nossas artes como aconteceu na época do barroco.
O BARROCO AFRO-BRASILEIRO

O barroco brasileiro, com epicentro em Minas Gerais, mas com núcleos importantes em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, beneficiou-se economicamente do Ciclo do Ouro das décadas de 1729 a 1750. Além de terra das pedras preciosas, Minas Gerais era o maior centro mundial de produção do ouro na primeira metade do século XVIII. Apesar das

restrições da Metrópole, preocupada quase que exclusivamente com a arrecadação do metal para cunhagem de moedas, Vila Rica, atual Ouro Preto, era uma das mais faustosas cidades do mundo dessa época. No entanto, o auge do barroco só viria a ocorrer um pouco depois, na segunda metade do século XVIII.

Sua inspiração é européia, sobretudo italiana e francesa (estilo rococó). O barroco foi uma tentativa de resposta ideológica e artística da Contra-Reforma, à expansão das doutrinas ditas protestantes da Reforma e também à herança humanista da Renascença. Isso ajuda a explicar a extrema religiosidade do barroco; ele pretendia o triunfo da sensibilidade teatral sobre o intelectual.

Foi do período barroco que resultaram os mais belos monumentos religiosos do Brasil, no dizer de Fernando Azevedo, que acrescenta ter sido o setecentos o “século do Aleijadinho”.

Este foi o gênio que deu aos “centros urbanos de Minas Gerais algumas das igrejas rococó mais belas do mundo”. É natural, portanto, que muitos críticos considerem que é com o estilo barroco que se inicia, de fato, a história das artes no Brasil.

Além do ouro e das pedras preciosas, o barroco mineiro foi beneficiado por outras circunstâncias. Uma delas relaciona-se com as associações laicas chefiadas por patronos abastados e a outra foi o enfraquecimento das ordens religiosas, provocado pela política laica e centralizadora do Marquês de Pombal, primeiro-ministro do rei D. José I, de Portugal. Essas ordens religiosas, além de exclusivistas do ponto de vista racial, não toleravam a participação de quem não provasse ter “sangue puro” (judeus, por exemplo).

Outro fator benéfico foram as Irmandades, a quem estavam ligadas as corporações de ofícios. Estas eram separadas pela cor dos seus membros: brancos, pardos (ou mulatos) e pretos, que competiam entre si. Contudo, não era uma competição muito excludente já que, com freqüência, o talento era priorizado. Dois exemplos: foi a Irmandade do Rosário dos Homens Pretos quem patrocinou a publicação, em Lisboa, do livro Testemunho Eucarístico de o

Aleijadinho, assim como ele foi o escolhido pela Irmandade de São Francisco, de brancos, para fazer a planta e construir as suas duas mais belas igrejas, em Vila Rica e em São João d’El Rei.


I Festival Mundial de Artes Negras

O Brasil, segundo país de maior população negra do planeta – atrás apenas da Nigéria, seria o convidado de honra.

Mestre Pastinha pode ser situado na história das relações atlânticas como um capoeirista baiano que conheceu o continente africano em 1966. Por ocasião do I Festival Mundial de Artes Negras realizado em Dakar, capital do Senegal, visitou a África Ocidental. Foi integrante da delegação brasileira que compôs este evento junto com cerca de outros 30 países. Convidado do Ministério das Relações Exteriores, reuniu uma comitiva de capoeiristas angoleiros, dentre eles mestre João Grande, mestre Gato, mestre Gildo Alfinete, mestre Roberto Satanás e Camafeu de Oxossi, para representar a cultura popular afro-brasileira.Afinal, o Fesman estava longe de ser apenas um encontro de arte. Havia menos de dez anos que 34 nações africanas tateavam a independência, golpes militares estouravam em países como Congo e Nigéria e a segregação racial recrudescia nos Estados Unidos, preparando para apenas dois anos depois o assassinato de Martin Luther King.

Entre os demais brasileiros que formaram a delegação oficial no festival podemos citar o artista plástico Rubem Valentim, o músico Élton Medeiros e a cantora Clementina de Jesus.

Estavam ainda presente no evento o poeta antilhano Aimé Cesaire, o escritor senegalês Cheikh Anta Diop e o poeta Léopold Sédar Senghor, então presidente do Senegal. Neste país, independente desde 1960, seu governo instaurou o presidencialismo e promoveu o movimento político-estético da negritude. Movimento de que estas celebridades eram expoentes, e que se tornou uma forma de combater o racismo valorizando a personalidade e a cultura específicas ao negro.

"Segundo Abdias do Nascimento o I Festival Mundial de Artes Negras teve como sentido primordial "marcar o momento da conquista da independência dos países africanos com uma homenagem ao papel de sua cultura, mundialmente difundida, como catalisadora do processo libertário"

Sendo assim, compreendemos a relevância do festival na trajetória do mestre Pastinha. E nos tranqüilizamos pela justa oportunidade dada a este mestre angoleiro de ir representar sua arte e sua filosofia em Dakar.

Até mesmo porque Pastinha sempre defendeu a origem africana da capoeira. Perspectiva que exalta a memória dos afro-descendentes e valoriza suas raízes étnicas e históricas em detrimento de posições convencionalmente equivocadas. Aquelas em que a memória dos afro-brasileiros é iniciada a partir do tráfico de escravos, enquanto povos escravizados. Facilmente confundidos com "povos escravos". Ou seja, defender a origem africana da capoeira nos permite "entendê-la como arte de homem que um dia foi livre",

Embora de grande importância, este evento foi considerado por militantes brasileiros como um episódio de intolerância racial do nosso Ministério das Relações Exteriores. Acusação que se deve ao fato de a nossa delegação ter omitido expoentes da negritude brasileira, engajados na mesma luta que os idealizadores do festival.

A exclusão do Teatro Experimental do Negro foi motivo de indignação contra as autoridades e de crítica contra a representação que o Brasil levou ao Senegal em 1966. Criado em 1944, este grupo teatral se propunha a fertilizar uma literatura dramática para artistas negros. Em sua mobilização buscou uma oportunidade coletiva de igualdade para seu povo e evidenciou a contribuição humanística do mesmo. Na ânsia de participar do festival, entretanto, a apresentação da peça Além do rio teve que ser adiada. E o trabalho do TEN ficou desmerecido pelo governo brasileiro enquanto manifestação digna de ir ao evento.



Por ter sido o festival um acontecimento patrocinado pela Unesco, a gestão das delegações se deu por canais oficiais. De maneira que a comissão nomeada para escolher os integrantes brasileiros funcionou sob controle direto do Itamaraty. Sendo passível de crítica, naquele momento, não só pelos equívocos de uma diplomacia dependente dos poderes coloniais. Mas principalmente pelo fato de a comissão não ter consultado os militantes da arte negra sobre assunto de que são protagonistas. No contexto do Festival, o Teatro Experimental do Negro era a voz habilitada para denunciar perante o mundo a suposta democracia racial brasileira. Sendo possível concluir então que foi enviada "uma amostra não significativa da exata situação ocupada pelo negro no território das artes no Brasil"

Se liga:
Traços fortes da cultura africana podem ser encontrados hoje em variados aspectos da cultura brasileira, como a música popular, a religião, a culinária, o folclore e as festividades

populares. Os estados do Maranhão, Pernambuco, Alagoas,Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais influenciados pela cultura de origem africana, tanto pela quantidade de escravos recebidos durante a época do tráfico como pela migração interna dos escravos após o fim do ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste.

"Ainda que tradicionalmente desvalorizados na época colonial e no século XIX, os aspectos da cultura brasileira de origem africana passaram por um processo de revalorização a partir do século XX que continua até os dias de hoje"


Claudia Vitalino.

Um afro abraço.

Fontes: Wikipédia, a enciclopédia livre/OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. História da arte no Brasil: textos de síntese. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008/PEREIRA, José Maria Nunes. “A raiz africana e a recriação brasileira” (disponível emwww.raulmendesilva.pro.br/pintura/pag009.shtml)/UNEGRO CULTURA/VIANA, Janaína. “Uma possível arte afro-brasileira: corporeidade e ancestralidade”
(www.ia.unesp.br/pos/stricto/artes/...artes/2008/dissertacao_janainaviana.pdf).

terça-feira, 10 de março de 2015

Africa: O Rei Moshoeshoe...

A terra montanhosa e pela maior parte arid que veio ser Basutoland foi povoado pertoBosquímanos (San, Qhuaique) até o fim do 1õ século. De então (de ) fujiu lá.

De ao redor 1820, um chefe local, Moshoeshoe (mo-SHWAY-shway-SHWAY-shway pronunciado), consolidou os povos dispersados para resistir invasores e transformou-se rei Moshoeshoe I no 1830s. Estabeleceu um capital do fortress no Thaba inacessível Bosiu no norte do tableland do Maluti em 1824 e resistiu com sucesso uma invasão do tribo Zulu em 1831.

Durante o reino de Moshoeshoe havia umas séries dos clashes com do A Laranja Livra O Estado, e com outros tribes nativos. Apesar de uma determinada quantidade de sucesso na batalha e no diplomacy hábil de Moshoeshoe o reino perdeu o território considerável. Um tratado tinha sido assinado com o boer de Griqualand em e um acordo feito com os Ingleses dentro que segue uma guerra menor. Entretanto, as disputas com a terra excedente do boer revived dentro e mais seriamente dentro . O boer teve um número de sucessos militares, matando possivelmente os soldados 1500 do basotho, e anexou uma extensão de que podiam reter seguir um tratado em Thaba Bosiu. A fim proteger seus povos, Moshoeshoe apelou aos Ingleses para o auxílio, e em março a terra foi colocado sob a proteção britânica e o boer foi requisitado sair. Um tratado foi assinado em Aliwal dentro entre os Ingleses e o boer que definem os limites do protectorate, a terra arable ao oeste do Rio De Caledon

remanescido nas mãos do boer e é consultado como ao território perdido ou conquistado. Moshoeshoe morreu dentro .DIA DE Moshoeshoe é comemorado no Lesoto a 11 de Março, dia em que o Rei Moshoeshoe I, fundador da nação Basotho, acredita-se que tenha morrido em 1870. Tornou-se rei há 190 anos, em 1823, e é considerado como um grande líder e diplomata que trabalhou para a preservação da língua do seu País, a arte e cultura através da língua Sesotho.

Rei Moshoeshoe
- Ele nasceu  Moshoeshoe em 1786, filho de Mokhachane, e era conhecido como Lepoqo, um nome que marcou a calamidade social do conflito que irrompeu na sua comunidade, quando ele nasceu. Mais tarde ficou conhecido como Moshoeshoe, nome atribuído após as letras dos versos de vitória que compôs depois de ter invadido 500 cabeças de gado do vizinho Chefe Moeletsi, enquanto imitava o cântico "sapato-sapatosapato" para descrever a sua vitória.

Isso ocorreu durante o tempo em que os nomes eram ferramentas importantes através do qual grandes eventos nacionais poderiam ser documentados e protegidos como lições para as

gerações futuras. O dia é importante para exortar os Basothos a promover e preservar a sua identidade e linguagem, uma vez que a linguagem funciona como um motor forte na definição da sociedade.

Durante as guerras de Lifaqane, Moshoeshoe e seu povo efectuaram uma grande caminhada de Menkhoaneng para Thaba Bosiu, em 1824, uma viagem de nove dias. Thaba Bosiu significa "montanha nocturna", e, segundo a crença local, o pico desta elevada montanha servia de fortaleza durante a noite, proporcionando assim uma grande defesa durante as várias guerras, incluindo a terceira guerra contra os fazendeiros bóeres no Estado Livre, em 1868.

Thaba Bosiu é, assim, imbuído de grande importância uma vez que a montanha está fortemente associada com a formação da nação Basotho. O túmulo de Moshoeshoe I no topo da montanha contribui para a santidade do local e esta paisagem foi declarada um monumento nacional, em 1967, devido à intangível riqueza cultural.

Este ponto ancestral tem um valor simbólico e um significado histórico. Assim, o Departamento Nacional de Cultura está a fazer esforços para garantir que a área seja atribuída um reconhecimento mundial, pois serve como uma lembrança constante daquilo que os Basotho são e donde foram "criados e cultivados" como uma nação, portanto, o berço do Lesotho, considerado sagrado e terra "distante" dos milagres e da profecia.

Moshoeshoe é celebrado pelo seu poder e sabedoria uma vez que deu refúgio a diferentes grupos étnicos durante as guerras Lifaqane e fora dessas comunidades ele "concebeu" o Basotho. O que o tornou notável foi a sua forte convicção de que para ganhar sabedoria e poder como um líder era preciso primeiro adquirir qualidades de clareza da mente, do coração e da bondade de serviço ao povo.

Neste dia, no Lesotho, são realizadas grandes comemorações simbólicas com a deposição
de coroas de flores na estátua de Moshoeshoe, palestras especiais são organizadas pela Biblioteca Nacional do Lesotho onde o legado e a ideologia de Moshoeshoe é revelada para os estudantes do ensino médio e da Universidade Nacional do Lesotho, a fim de manter que a sua memória esteja viva entre os jovens.

Os eventos deste dia coincidem com a rota do património anual de três dias a partir de Menkoaneng para Thaba Bosiu, seguindo os passos que este herói deu a partir do seu lugar de origem até onde fundou a nação chamada Basotho. Estas iniciativas de memória são uma plataforma através das quais os seres humanos conferem sentido a sua identidade e a sua relação para com o outro. Tais comemorações selam a ideia de que a cultura é uma força produtiva que não só molda os conceitos humanos e os impactos do seu comportamento, mas também contribui em grande medida para a melhoria do seu bem material e do mundo espiritual.

Em o protectorate foi anexado a . O basotho resistiu os Ingleses e dentro um chefe do sul, Moirosi, levantou-se na revolta. Levantar-se foi esmagado e Moirosi foi matado na luta. O basotho começou então a lutar amongst se sobre a divisão de terras de Moirosi. Os Ingleses estenderam o ato da preservação da paz do cape de para cobrir Basutoland e tentado desarmar os nativos. Muita da colônia levantou-se na revolta no Guerra Do Injetor (1880-1881), incorrendo víctimas significativas em cima das forças britânicas coloniais emitidas para subdue o. Um tratado 1881 da paz não quell a luta esporádica.

A inabilidade de cidade de cape controlar o território conduziu a seu retorno ao controle da coroa dentro como o território de Basutoland. A colônia foi limitada pelo Colônia Alaranjada Do Rio, Colônia Natal, e colônia do cape foi dividido em sete disricts administrativos - Berea, Leribe, Maseru, hock de Mohales, Mafeteng, Nek de Qacha e Quthing. A colônia foi governada pelo comissário residente britânico, que trabalhou com o pitso (ou pilso, conjunto nacional) de chefes nativos hereditary sob um chefe paramount. Cada chefe governou uma divisão dentro do território. O primeiro chefe paramount era Lerothodi, filho de Moshoeshoe. Durante Guerra De Boer a colônia era neutra para ambas as forças. A população era ao redor 125.000 (), 310.000 () e 349.000 ().

Quando foi fundado dentro a colônia foi controlado ainda pelos Ingleses e os movimentos foram feitos transferi-lo à união. Entretanto os povos de Basutoland opuseram este e quando o partido nacionalista do africano sul pôs suas políticas racist no lugar a possibilidade de
annexation foi parada. Em , um constitution novo deu a Basutoland sua primeira legislatura eleita. Isto foi seguido em abril com eleições legislativas gerais.

Basutoland foi rebatizado em cima da independência do Reino Unido...

Um afro abraço.

fonte:www.sardc.net/editorial/sadctoday/

domingo, 1 de março de 2015

8 de Março:Essas Mulheres Negras ;fizeram e fazem história cotidina neste país

A história do 8 de março começa na luta das mulheres trabalhadoras por melhores condições de trabalho e redução da carga horária em 1857. As operárias de uma fábrica têxtil em Nova York realizaram uma passeata pela redução da jornada, aumento salarial e descanso dominical. Devido à repressão policial, elas se refugiaram em uma fábrica, onde foram
trancadas pelo patrão e pelos policiais, que atearam fogo no estabelecimento, levando à morte todas as mulheres que estavam ali em greve, lutando por seus direitos...

"Na II Conferência Internacional de Mulheres, realizada em 1910, Clara Zetkin, militante socialista e revolucionária, propôs que o dia 8 de março fosse considerado como o dia internacional das mulheres, para que a história dessas operárias americanas não ficasse esquecida e para que as mulheres continuassem a luta tão necessária. "


De fato, muitas conquistas são atribuídas às mulheres, resultantes da luta por “autonomia e igualdade”. Mulheres jovens, adultas, idosas, negras, não-negras, indígenas, profissionais liberais, funcionárias públicas, donas de casa, políticas, mulheres de todos os segmentos da sociedade brasileira e mundial estão empenhadas em contribuir para o fortalecimento da cidadania das mulheres e a garantia de seus direitos na área da saúde, segurança, trabalho, habitação, cultura, educação, política, entre outros.

Das conquistas já efetivadas...

Uma ainda requer muito empenho e conscientização: o direto a não-violência. A violência contra a mulher se insere em uma problemática que, necessariamente, envolve questões ligadas à igualdade entre sexos. Trata-se de tema de grande complexidade, em função da carga cultural e ideológica contida nele. Foi culturalmente que homens e mulheres aprenderam que os homens eram superiores às mulheres e, por isso, eles deveriam ser obedecidos e respeitados. As mulheres viviam sob o domínio dos pais e depois passavam ao domínio dos maridos; se ficavam viúvas, aos filhos cabia a tarefa de “cuidar” das mães...

Muitas mulheres ainda vivem sob essa dominação masculina, especialmente dos maridos e companheiros. As mulheres se submetem ao poder do ser masculino, não porque eles sejam superiores, mas porque assim aprenderam a viver. Modificar essa situação depende de ampla mudança social, que promova igualdade, sem esquecer as diferenças que existem entre homens e mulheres, diferenças essas que não podem ser lembradas, pelo viés da violência.

Duas das mais expressivas políticas públicas implantadas no Brasil para o enfrentamento da violência contra a mulher são as Delegacias da Mulher e a Lei Maria da Penha. Em Araranguá, a Delegacia da Mulher foi instituída em 1989 e, apesar desses 24 anos de atuação, essa Delegacia Especializada (provavelmente as de outros municípios também), ainda enfrenta dificuldades para atender seu público específico: as mulheres vítimas de violência doméstica, especialmente em função de que a questão da violência requer um atendimento multidisciplinar, que vá além da prática policial, da repressão, mas que promova mudança nas relações entre os envolvidos pela violência. 



Já a Lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, ainda requer muito debate e atenção por parte de toda a sociedade para que cumpra, efetivamente, o seu propósito de atuar na prevenção da violência, na proteção às vítimas e na punição de agressores, evitando a sensação de impunidade e garantindo a eficácia no combate à violência. Tal instrumento jurídico é comumente “mal vista”, por homens de todas as classes sociais, porque, erroneamente, é entendida como uma lei “contra os homens”.

A mulher passa por uma tripla jornada: trabalho, tarefas domésticas e estudo.


A maioria das mulheres trabalham em empresas terceirizadas, onde seus direitos não são garantidos e seus salários são bem reduzidos. Além da exploração e da diferença salarial em relação ao homem, sofrem profundos assédios moral e sexual e violência no local de trabalho. No final de um dia cansativo de trabalho, são obrigadas a pegar o transporte coletivo caro e precarizado, para chegar em casa e ter que cuidar da família e dos afazeres domésticos, que tanto maltratam e danificam a capacidade física e intelectual da mulher trabalhadora que só prejudica a estadia das estudantes na universidade.

Nós Mulheres Negras um capitulo vergonhoso a parte...


A situação da mulher negra no Brasil de hoje manifesta um prolongamento da sua realidade vivida no período de escravidão com poucas mudanças, pois ela continua em último lugar na escala social e é aquela que mais carrega as desvantagens do sistema injusto e racista do país. Inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que a mulher negra apresenta menor nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento menor, e as poucas que conseguem romper as barreiras do preconceito e da discriminação racial e ascender socialmente têm menos possibilidade de encontrar companheiros no mercado matrimonial.

Na atualidade não se pode tratar a questão racial como elemento secundário, destacando apenas a problemática econômica. A posição social do negro não se baseia apenas na possibilidade de aquisição ou consumo de bens. Ainda há uma grande dificuldade da sociedade brasileira em assumir a questão racial como um problema que necessita ser enfrentado e númeras pesquisas confirmam as dificuldades que implicam ser uma mulher

negra no Brasil. Elas ganham menos, são maioria entre as que sofrem violência sexual e doméstica, são mais mal tratadas no atendimento público de saúde e também são as maiores vítimas de homicídio, como comprova a pesquisa realizada pelo Ipea Enquanto esse processo de enfrentamento não ocorrer, as desigualdades sociais baseadas na discriminação racial continuarão, e, com tendência ao acirramento, ainda mais quando se trata de igualdade de oportunidades em todos os aspectos da sociedade.

Se liga: Uma em cada quatro mulheres que deram à luz em hospitais públicos ou privados relatou algum tipo de agressão no parto. Os dados do estudo “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado“, mostram em escala nacional a incidência dos maus-tratos contra parturientes. Xingamentos, recusa em oferecer algum alívio para a dor, realização de exames dolorosos e contraindicados até ironias, gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto à classe social ou cor da pele foram apontados como tipos de maus tratos sofridos por quem deu a luz nos hospitais públicos e privados.

A discriminação racial na vida das mulheres negras é constante; apesar disso, muitas constituíram estratégias próprias para superar as dificuldades decorrentes dessa problemática, como a marcha das mulheres negras dia 18 de Novembro de 2015 em Brasilia.
"Estamos em marcha porque somos a imensa maioria das que criam nossos filhos e filhas sozinhas, as chefes de famílias, com parcos recursos e o suor de nosso único e exclusivo trabalho."

Estamos em Marcha:

 pelo fim do formicídio de mulheres negras e pela visibilidade e garantia de nossas vidas;
 pela investigação de todos os casos de violência doméstica e assassinatos de mulheres negras, com a penalização dos culpados;
 pelo fim do racismo e sexismo produzidos nos veículos de comunicação promovendo a violência simbólica e física contra as mulheres negras;
 pelo fim dos critérios e práticas racistas e sexistas no ambiente de trabalho;
 pelo fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões sumárias às mulheres negras em casas de detenções;
 pela garantia de atendimento e acesso à saúde de qualidade às mulheres negras e pela penalização de discriminação racial e sexual nos atendimentos dos serviços públicos;
 pela titulação e garantia das terras quilombolas, especialmente em nome das mulheres negras, pois é de onde tiramos o nosso sustento e mantemo-nos ligadas à ancestralidade;
 pelo fim do desrespeito religioso e pela garantia da reprodução cultural de nossas práticas ancestrais de matriz africana;
 pela nossa participação efetiva na vida pública.

Buscamos num processo de protagonismo político das mulheres negras, em que nossas pautas de reivindicação tenham a centralidade neste país. Nosso ponto de chegada e início de

uma nova caminhada é 18 de novembro de 2015 dentre as atividades do Mês da Consciência Negra.
Conclamamos, a todas as mulheres negras, para que se juntem a esse processo organizativo, nos locais onde estiverem, e a se integrarem nessa Marcha pela nossa cidadania.

Imbuídas da nossa força ancestral, da nossa liberdade de pensamento e ação política, levantamo-nos – nas cinco regiões deste país – para construir a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, para que o direito de vivermos livres de discriminações seja assegurado em todas as etapas de nossas vidas.

ESTAMOS EM MARCHA !
“UMA SOBE E PUXA A OUTRA!”

fonte:UNEGRO/www.2015marchamulheresnegras.com.br/

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