UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade. Esta organizada em de 26 estados brasileiros, e tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO DO BRASIL fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, a luta de classes e combater as desigualdades. Hoje, aos 33 anos de caminhada continua jovem atuante e combatente... Aqui as ações da UNEGRO RJ

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Um Olhar sobre nossa juventude:

Juventude Negra. A noção de identidades estáticas e duradouras tem sido questionada nas sociedades contemporâneas. Conceitos como “deslocamento”, ou a variação de diferentes “posições de sujeito”, gerando diferentes identidades para os indivíduos - nos remetem a reflexões sobre situações menos abstratas do que a forma como são tratadas pelas teorias sociológicas, a discussão em torno do tema raça e etnia é uma dos debates mais constantes na sociedade contemporânea. Sobretudo porque este questão está no cerne dos conflitos que o mundo vem atravessando, sejam por causa das guerras entre algumas nações, os constantes conflitos étnicos; no oriente médio,pela exclusão social que alguns grupos raciais sofrem em diversos países. No Brasil, negros e índios,e nos EUA os latinos dentre outros. Devemos pensar a juventude negra em nosso país, levando em conta as especificidades que são grandes principalmente, considerando as diferenças e desigualdades sociais, no que diz respeito à escolaridade, renda familiar, lazer, gênero, saúde e diversos outros fatores. Apersar de boa parte da juventude negra tentar fazer um grande esforço para se organizar na cidade a elite as classes (trabalhadores versus burguesia, ricos), o racismo desempenha um papel estruturante. Ou seja, é impossível pensar a classe dissociada do fundamento racial – temos uma classe trabalhadora completamente distinta da européia. Em uma estrutura social complexa, a questão racial foi, de forma errônea, diluída na classe e, desta maneira, perdeu-se de vista a necessidade de linhas políticas que fomentassem, entre os movimentos negros insurgentes, uma consciência anti-capitalista. Por outro lado, a consciência anti-racista abre uma frente de enfrentamentos à ordem dominante e, a partir de fundamentos culturais e sociais, põem freios à lógica predatória e desumanizadora do modo de produção capitalista. A associação de jovens negros em posses e grupos de hip hop; o funk como expressão cultural de juventude negra carioca; as escolas de samba, candomblés e umbanda; os movimentos de moradia, contra a carestia, por saúde e os cursinhos pré-vestibulares constituem parte do tecido de movimentos reativos aos ataques racistas das elites dominantes. A maior dificuldade: Violência... A juventude negra é de longe a que mais sofre com esse massacre e a diferença tem aumentado em relação aos brancos. Ao mesmo tempo em que o número de homicídios de jovens brancos caiu 30% de 2002 a 2008, entre os negros subiu 13%. Disso resulta que, se em 2002, a probabilidade de um jovem negro morrer era 45% maior do que a de um branco, em 2008 esse índice atingiu assustadores 127%. Dados alarmantes como esses, em um país que muitas vezes se gaba de ser pacífico, evidenciam o que há muito tempo se sabe: ocorre no país um verdadeiro extermínio de jovens do sexo masculino, negros e, em sua maioria, pobres. Nas últimas décadas, o movimento negro brasileiro vem denunciando essa tragédia cotidiana, e já fez inúmeras campanhas para exigir uma atitude do poder público. No entanto, as medidas que vêm sendo tomadas para enfrentá-la não estão surtindo efeito, já que o problema tem se agravado e a tendência é que piore ainda mais, com uma fraca a atuação do poder publico, que faz com que se perpetue essa situação por conta de uma indignação tímida da opinião pública. Os meios de comunicação tendem a apenas naturalizar a questão ou tratá-la de maneira sensacionalista. Traços de uma sociedade que em grande medida silencia frente ao horror e assim compactua com a atuação no minimo desastroza e despeparada da segurança de nosso pais, que não resocializa, nosso jovens infratores e pouquissimos chega a maior idade. A juventude Negra, é o nosso desafio no que tange reverter à realidade histórica dos negros, realidade essa que vem sido inscrita no país desde a chegada dos colonizadores há 500 anos. A dimensão de se pensar a juventude negra brasileira é que ela representa o maior seguimento populacional de jovens do país; São 16 milhões de jovens, o que significa que 47% da juventude brasileira é negra. Este fato por si só já deveria merecer uma maior atenção do poder publico de nossa cidade ,estado e país. Um afro abraço. por:Claudia Vitalino.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Religiões no Brasil II

Um país com grande diversidade religiosa. "Estão falando muito de Deus, de religiões e do diabo... aqui,trazemos um resumo sobre as Religiões do Brasil, tentando dar um olhar generalizdo sobre algumas delas". A espiritualidade do povo brasileiro é muito forte. Aqui há um sincretismo (fusão de duas ou mais religiões, misturando seus símbolos e rituais) religioso, que desafia estatísticas e definições formais, somos um país que possui uma rica diversidade religiosa. Em função da miscigenação cultural, fruto dos vários processos imigratórios, encontramos em nosso país diversas religiões (cristã, islâmica, afro-brasileira, judaíca, etc). Por possuir um Estado Laico, o Brasil apresenta liberdade de culto religioso e também a separação entre Estado e Igreja. A Constituição prevê a liberdade de religião e a Igreja e o Estado estão oficialmente separados, sendo o Brasil um Estado laico. A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de intolerância religiosa, sendo sua prática geralmente livre no país. Segundo o "Relatório Internacional de Liberdade Religiosa de 2005", elaborado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, a "relação geralmente amigável entre religiões contribui para a liberdade religiosa" no Brasil. O Brasil é um país religiosamente diverso, com a tendência de mobilidade entre as religiões. A população brasileira é majoritariamente cristã (89%), sendo sua maior parte católica (70%). Herança da colonização portuguesa, o catolicismo foi a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de 1891, que instituiu o Estado laico. No entanto, existem muitas outras denominações religiosas no Brasil. Algumas dessas igrejas são: pentecostais, episcopais, metodistas, luteranas e batistas. Há mais de um milhão e meio de espíritas ou kardecistas que seguem a doutrina espírita, codificada por Allan Kardec. Existem também seguidores da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma minoria de judeus, muçulmanos, budistas, neopagãos e seguidores do candomblé e da umbanda.Cerca de 7,4% da população (cerca de 12,5 milhões de pessoas) declarou-se sem religião no último censo, podendo ser agnósticos, ateus ou deístas. Nas últimas décadas, tem havido um grande aumento de igrejas neopentecostais, o que diminuiu o número de membros tanto da Igreja Católica quanto das religiões afro-brasileiras. Cerca de noventa por cento dos brasileiros declararam algum tipo de afiliação religiosa no último censo realizado. Principais religigiões praticadas no Brasil: 1. Catolicismo: O Catolicismo foi a religião oficial do Brasil, desde seu descobrimento até a Proclamação da República. Com o início da República, foi declarada a independência do Estado em relação à Igreja, e foi instituída a liberdade de culto, sendo o Brasil declarado um Estado laico, isto é, isento de vínculos religiosos. O catolicismo no Brasil colonial foi implantado pelos jesuítas e depois por outras Ordens Religiosas que assumiram o serviço das paróquias, dioceses, institutos educacionais e hospitais. Em 1750, os constantes conflitos entre os colonos e padres, levaram o Marquês de Pombal a expulsar os jesuítas do Brasil, pois eles eram contra a escravização dos índios. A Igreja Católica, no Brasil, foi se modernizando com o tempo, e adaptando-se aos novos anseios dos seus seguidores. Assim, em 1952 criou-se a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), idealizada por Dom Helder Câmara, a primeira agremiação episcopal do mundo com a finalidade de coordenar a ação da Igreja como um todo no território nacional. De 1960 a 1980, o Movimento de Teologia da Libertação, formado por religiosos e leigos que interpretavam o evangelho sob um ponto de vista social, participava ativamente da vida política brasileira. A partir de 1980, começou a crescer no Brasil, o Movimento de Renovação Carismática Católica, originado nos EUA e apoiado pelo Papa João Paulo II, Esse movimento, retomou práticas antigas dos rituais católicos, como a Reza do Terço, a devoção Mariana e os cultos carregados de música e emoção. O Movimento de Renovação Carismática valoriza a ação do Espírito Santo, aproximando-se da visão das Igrejas Neopentecostais evangélicas, e atraiu a juventude para os cultos e grupos de oração. 2. Evangélicos Nos séculos XIX e XX chegaram ao Brasil, através de imigrantes europeus, as primeiras Igrejas Protestantes, descendentes da Reforma Protestante do século XVI. Desta forma, os Luteranos, Metodistas, Presbiterianos, Batistas, Anglicanos e Congregacionalistas se incorporaram à população brasileira. Mais recentemente, o Movimento Pentecostal, iniciado nos Estados Unidos tomou força no Brasil, trazendo novos conceitos dentro do protestantismo e rompendo com normas rígidas de conduta impostas pelas Igrejas históricas. O Pentecostalismo Clássico de 1910 a 1950 trouxe a fundação da Congregação Cristã do Brasil (1910) e da Assembléia de Deus (1911). De 1950 a 1970, missionários norte-americanos criaram a Cruzada Nacional de Evangelização, atuando através do rádio, e foram fundadas a Igreja do Evangelho Quadrangular (1953), do Brasil para Cristo e Deus é Amor (1962), e a Casa da Benção (1964). O Movimento Neopentecostal teve início nos anos 70, e trouxe inovações, como o uso da mídia eletrônica e a administração empresarial das igrejas. Entre elas estão a Igreja Universal do Reino de Deus (1977), a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980), a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (1976) e a Igreja Renascer em Cristo (1986). No total, as igrejas Pentecostais e Neopentecostais contam com um número crescente de fiéis, calculado atualmente em 10% da população brasileira. 3. Afro-brasilieiras As religiões de formação brasileira, ou de raízes brasileiras, são as religiões dos índios (mais encontradas na região Norte e Nordeste) e as religiões afro-brasileiras trazidas pelos escravos da África e, posteriormente, adaptadas à sociedade brasileira. Acredita-se que um terço da população brasileira freqüente, ainda que esporadicamente, centros de religiões afro-brasileiras ou cultos xamânicos amazônicos (chamados de pajelança). A Pajelança é encontrada no Amazonas, Pará, Piauí e Maranhão. Essa religião foi gerada por elementos exclusivamente ameríndios. As curas e rituais são realizados pelo PAJÉ, equivalente do Shaman norte americano, com danças, cantos, e o instrumento sagrado, o MARACÁ (chocalho) e o uso de alcalóides vegetais, que possibilitam o transe. Cada região tem entidades distintas que são invocadas, porém sempre são espíritos da natureza, de animais ou de antepassados mortos. No Piauí, a Encanteria mescla a pajelança amazônica com o catolicismo popular. O Candomblé das diversas "nações" africanas é a religião afro-brasileira que mais fielmente preserva as tradições dos antepassados, e raramente aberta ao sincretismo, embora haja o culto de entidades assimiladas como os caboclos e pretos velhos. Predomina na Bahia e tem muitos seguidores no Rio de Janeiro, região Nordeste e Sudeste em geral. A Umbanda é considerada a religião de formação brasileira por excelência, pois, nesta forma, não é encontrada em outros locais do mundo. Tem um sicretismos muito marcante com o cristianismo e o espiritismo kardecista. Os subúrbios do Rio de Janeiro possuem grande quantidade de terreiros ou barracões de umbanda. O culto afro-brasileiro toma o nome de babacuê no Pará, tambor-de-mina no Maranhão, xangô em Alagoas, Pernambuco e Paraíba e batuque no Rio Grande do Sul. Em 1941, realizou-se no Rio de Janeiro o I Congresso de Espiritismo de Umbanda, e depois disto surgiram duas organizações, a Congregação Umbandista do Brasil (1950) e a União Nacional de Cultos Afro-Brasileiros (1952), que coordenam e defendem os interesses dos fiéis. 4. Espiritismo Kardecista O Espiritismo é baseado nos trabalhos de Allan Kardec (de onde vem o nome nome “kardecismo” amplamente usado no Brasil). Não pode ser definido somente como religião, nem somente como filosofia. A doutrina que admite o princípio de reencarnação e manifestações dos espíritos dos mortos entre os vivos, embora fundamentada firmemente na doutrina e orações da Igreja Católica, não tem liturgia complicada, restrições, rituais de adoração, sacerdotes ou Igrejas. Apresenta aos praticantes simplesmente um conjunto de princípios para tornar o homem um ser mais evoluído e tolerante e, principalmente, responsável pelos seus atos. Incorporando temas como: a Lei de Retorno (ou karma), as práticas mediúnicas de contato com espíritos desencarnados e um amplo trabalho de assistência social, o Espiritismo se adapta de tal forma à espiritualidade e misticismo dos brasileiros que o Brasil é considerado o maior país espírita do mundo, com cerca de 8 milhões de adeptos no ano 2000, e mais de 9.000 centros. O Espiritismo chegou ao Brasil, como prática, em 1865, quando Luiz Olímpio Teles de Menezes fundou em Salvador o Grupo Familiar de Espiritismo, que, a partir de Julho de 1869, iniciou a publicação da revista espírita Eco de Além Túmulo. Em 1876, foi fundada no Rio de Janeiro a Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade; em 1877, foram fundados a Congregação Anjo Ismael, o Grupo Espírita Caridade e o Grupo Espírita Fraternidade. No ano de 1883, começou a ser publicado “ O Reformador” , um periódico espírita fundado por Augusto Elias da Silva, que no ano de 1884 fundou também a Federação Espírita Brasileira. A Livraria da Federação, criada em 1897, é responsável pela edição, distribuição e divulgação da vasta literatura espírita. 5. Budismo O Budismo não pode ser classificado como Religião, pois não há o culto de uma divindade; seria mais correto qualificá-lo como uma filosofia espiritualista. Buda não é uma pessoa, é um título que vários mestres já usaram, e significa “ aquele que sabe” ou “ aquele que despertou” , identificando alguém que atingiu um nível superior de compreensão do universo e transcendeu a condição humana. O Buda mais conhecido foi, sem dúvida, Sidarta Gautama. A filosofia derivada dos sermões de Buda foi levada a todo o Oriente e, ao se mesclar com a cultura de cada região criaram-se correntes diversas de pensamento budista, que diferem mais nos ritos do que nos conceitos básicos: o Budismo Indiano, o Budismo Chinês, o Budismo Japonês, e o Budismo Tibetano. No Brasil, o budismo foi introduzido por imigrantes japoneses no início do século XX e, a partir de 1950, começaram a chegar missionários e foram fundadas as primeiras organizações no Estado de São Paulo. Atualmente, há comunidades de todas as correntes Budistas no Brasil em todo o território nacional. Estima-se que cerca de 800.000 pessoas professam o Budismo como opção religiosa- filosófica. O essencial do pensamento budista está nas Quatro Nobres Verdades, enunciadas por Buda, na crença de que os seres humanos estão presos a um ciclo de morte e renascimento (samsara) enquanto as conseqüências de seus atos os prenderem (karma). A existência humana está sujeita ao sofrimento, doença e morte, ciclo este que só pode ser rompido ao se compreenderem e cumprirem as Quatro Nobres Verdades. 6. Judaísmo Com os colonizadores portugueses vieram os chamados cristãos novos, que eram judeus convertidos ao cristianismo, batizados contra a vontade para fugir da Inquisição. Possivelmente, o primeiro que pisou solo brasileiro foi Gaspar de Lemos, intérprete de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Outro cristão novo, Fernando de Noronha, que descobriu a ilha com seu nome, chegou ao Brasil em 1503. Embora em 1567 a imigração de conversos tenha sido proibida, muitos cristãos novos continuavam a chegar clandestinamente, fugindo da Inquisição Portuguesa, que inclusive chegou a fixar um escritório em Recife para julgar cristãos novos que ainda mantivessem ritos judaicos. A opressão aos convertidos só se encerrou em 1773, quando o Marquês de Pombal aboliu a distinção entre cristãos novos e velhos cristãos, mas a situação melhorou na verdade quando a família real veio para o Brasil, pois o tratado de comércio com os ingleses exigia que não se fizesse nenhum tipo de perseguição a estrangeiros por questões de consciência. A partir de 1850, vários grupos de judeus chegaram ao Brasil e se espalharam por todo o território.Nas décadas de 30 e 40, uma vigorosa corrente de imigrantes fugidos da perseguição nazista chegou ao Brasil, e no ano de 1966 foi fundada a primeira Yeshivah brasileira, um tipo de seminário destinado à formação de rabinos. Estima-se, atualmente, em cerca de 250.000 o número de judeus no Brasil, concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Recife, Salvador e Rio Grande do Sul. 7. Islamismo Hoje, no Brasil, há cerca de 1 milhão de muçulmanos, distribuídos principalmente em são Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Rio Grande do Sul e Foz do Iguaçu. Existem no território nacional cerca de 100 mesquitas, 5 na cidade de São Paulo, sendo que a principal delas, a Mesquita Brasil, foi a primeira a ser construída no Brasil, em 1929. A grande maioria da população muçulmana do Brasil descende de imigrantes Libaneses, Sírios, Palestinos e de outros países árabes. Um afro abraço. FONTE:Wikipédia, a enciclopédia livre/www.brasilescola.com/datacomemorativas/UNEGRO/RELIGIOSIDADE.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

As Historia das Religiões da Antiguidade e as questões Raciais III

A questão ideológica, com a queda do muro de Berlim e o desmoronamento da outrora indestrutível e poderosa União Soviética, o ingresso da Rússia na OTAN, com o conseqüente fim da guerra fria, a sociedade humana vive hoje, paradoxalmente, ranços de um fundamentalismo de todas as correntes religiosas se alastrando, desastradamente, por toda a parte, o que é verdadeiramente aterrador. É tão nefasto quanto o era a discriminação político - ideológica e racial de tempos não tão longínquos. O que parecia sepultado, para todo o sempre, nas cinzas do passado, recrudesce com mais intensidade, atingindo as raias do absurdo. Tribos, etnias, religiões e grupos nacionais são os ingredientes da moderna intolerância, perseguição e matança em massa. O genocídio de outrora substitui-se ao feroz morticínio de agora. Passa-se de um holocausto para outro. A discriminação ou o preconceito não é tema novo. Surge, na antigüidade, com os regimes escravagistas e presas de guerra. Os indígenas e os negros foram as grandes vítimas no Novo Mundo e mereceram de José de Alencar, Gonçalves Dias e Castro Alves as mais belas e imorredoiras páginas que gravaram, para sempre, na literatura pátria, a agonia, o sofrimento, as lutas, a morte e o martírio, mas também o retrato de sua alma pura e lacerada, em busca da libertação, o grito alucinante de um corpo em infinita lassidão, na noite da escravidão. Os judeus, os cristãos novos e os mouros ressentiram-se, no Brasil, das leis lusitanas, que impediam, na Colônia, o livre acesso aos cargos públicos, aos postos mais importantes, o casamento de cristãos velhos com pessoas oriundas desses grupos , os judeus de entrarem na casa de cristãs e vice versa ou determinaram que "os judeus e os mouros forros saiam desses reinos e não morem nem estejam neles." Esse constrangimento desumano, fruto da mais absurda, dolorosa, e brutal era da Inquisição, que maculou para sempre a história humana, produziu um Antonio José da Silva, gênio que marcou sua época. Mais recentemente, a velha e revolucionária França, que forneceu à humanidade a igualdade, a liberdade e a fraternidade, viu-se de repente acossada pela mancha do caso Dreyfuss, que mereceu de Victor Hugo o L’ACUSE, e a Alemanha Nazista, com Hitler, sangrou os homens com o execrável genocídio nazista, apesar de um passado glorioso, com os gênios da música, da filosofia, da arte e da literatura. As atrocidades nazistas, durante o II Grande Conflito Mundial, faz nascer concretamente o crime de genocídio, tendo os aliados aprovado, em Londres, aos 8 de agosto de 1945, os estatutos do que viria ser o Tribunal Militar Internacional, que funcionou em Nuremberg, com a participação dos EUA, França, Inglaterra e URSS, para julgar os crimes contra a paz (o planejamento, a preparação, a iniciação ou a execução de guerra de agressão ou que violasse acordos, tratados internacionais, seguranças ou a participação em plano comum ou a conspiração para executar quaisquer de tais atos; contra a humanidade (assassinatos, exterminação, escravidão, deportação e outros atos desumanos cometidos contra qualquer população civil, antes ou durante a guerra, ou perseguições por motivos políticos, raciais ou religiosos, em execução ou em conexão com qualquer crime da jurisdição do tribunal, constituíssem ou não violação da legislação interna do país onde os fatos se tivessem realizado); e, finalmente, os crimes de guerra (violação das leis ou dos costumes da guerra, como os assassinatos, maus tratos, deportação para trabalhos forçados ou para qualquer outro fim, de populações civis dos territórios ocupados ou que neles se encontrassem, assassinatos ou maus tratos de prisioneiros de guerras ou de pessoas nos mares, execução de reféns, despojamento da propriedade pública ou privada, injustificável destruição de cidades, povos, aldeias e devastação não justificadas por necessidades militares). A Carta da ONU e da OEA abominam intransigentemente a discriminação, erigindo como um dos seus objetivos maiores sua extirpação. O crime de genocídio, cuja expressão fora cunhada pelo polonês Lemkim, foi adotado pela Convenção da ONU, aprovada, em Paris, em 9 de dezembro de 1948, para entrar em vigor, em 12 de janeiro de 1951, após a ratificação por vinte e dois países. O Brasil fê-lo, em 15 de abril do ano seguinte, promulgando-o através do Decreto 30 822, de 6 de maio deste mesmo ano . Com fonte nesse tratado e ainda sob os efeitos da hecatombe que dizimou milhões de pessoas inocentes e maculou, para sempre, com sangue e dor, este período da história, foi editada a Lei 2 889, de 1O de outubro de 1956, definindo o crime de genocídio como o comportamento com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso - e, com extrema sensibilidade, não o considerava crime político, para efeito de extradição, corroborando, induvidosamente, o espírito do povo brasileiro, avesso a qualquer discriminação, já que produto de um amálgama de povos e etnias, às mais diversas, desde suas origens. A Lei 8072, de 25 de julho de 1990, inspirado no inciso XLIII do artigo 5º da Constituição, considerou o genocídio crime hediondo, ainda que apenas tentado, sendo, pois, insuscetível de anistia, graça ou indulto, cumprindo o réu a pena integralmente em regime fechado. Pelo Decreto 21.177, de 27 de maio de 1946, o Brasil promulgou a Convenção sobre o Fundo Monetário Internacional - FMI e sobre o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD, que trata também dos haveres dos inimigos e propriedade saqueada, durante a Segunda Grande Guerra. Aos 21 de maio deste mesmo ano, o Presidente da República, por decreto , constitui a Comissão Especial de Apuração de Patrimônios Nazistas. Ainda, hoje, perdura essa nefasta situação, nas diversas regiões do planeta, como o demonstram as atrocidades na África, Ásia, Europa, América, nos confins do mundo ou no dito primeiro mundo civilizado. A segregação é tão má quando praticada pela maioria, quanto pelas minorias, que vêm nisso uma foram de se proteger. O Direito Brasileiro, não obstante, teceu uma crescente e salutar evolução, no que diz respeito à proteção das minorias e do ser humano, para integrá-los, na sociedade e banir o preconceito ou a discriminação, seja qual for, conquanto a questão não seja apenas jurídica, senão e principalmente econômica, social, educacional e de formação, sem se apartar da consciência. Esse fenômeno está extremamente ligado à liberdade. Sem dúvida, essa avançada trincheira jurídica é um passo bem largo, nesta longa trajetória, visando o aperfeiçoamento espiritual do homem, através dos séculos. Afinal, o verdadeiro direito é aquele que anda de mãos dadas com a justiça social e com a realidade. E quiçá com a evolução do espírito humano. A lei é amostra de comportamento que projeta a consciência social de um povo e de uma era e deve-se harmonizar com as novas realidades e tendências que despontam, para não se apartar de vez do homem e fenecer solitária. No Império, não era melhor a situação desses desafortunados seres. A primeira Constituição brasileira, de 1824, manteve a religião católica apostólica romana como a religião oficial do Estado, sendo toleradas as demais, com seu culto doméstico ou particular, em casas para isto destinadas, mas sem forma exterior de templo. O Código Penal do Império considerava crime a perseguição por motivo de religião, se respeitada a do Estado e não ofendesse a moral pública. Só que o real significado da moral pública era uma incógnita! E a pena contra quem cometesse esse delito era apenas de um a três meses de detenção. Ironicamente, a prática de atos resultantes de preconceito de cor, raça, sexo ou estado civil, era catalogada, como contravenção penal, pela Lei Afonso Arinos, de 1951, até o advento da Lei 7716, e suas penas eram também apenas simbólicas, como as ditadas pelo Código Imperial. As Constituições republicanas, desde a primeira, de 1891, vêm-se pautando, contudo, pela igualdade de direitos e proibição de qualquer discriminação religiosa, racial ou de outra ordem, lapidando e desbastando a pedra bruta e cortando as arestas com o cinzel da sabedoria e da inteligência. A Carta Política de 1891 não só igualou a todos perante a lei, como permitiu que todos os indivíduos e confissões religiosas exercessem pública e livremente o seu culto, consagrando o caráter secular dos cemitérios, sem obstar a liberdade de todos os cultos religiosos praticarem seus respectivos ritos em relação a seus crentes, desde que não ofendessem a lei e a moral pública, muito bem lembrada por João Barbalho , traduzindo a bíblica recomendação da fraternidade e do congraçamento humano.. Desde a edição do Decreto 119-A, de 17 de janeiro de 1890, a Igreja e o Estado estão efetivamente separados. A Lei Maior de 1934 repetiu o Diploma Constitucional anterior e homenageou o princípio da inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos, desde que não contrariassem a ordem pública e os bons costumes. Também os cemitérios continuaram a manter o caráter secular, com a liberdade de todos os cultos e a previsão constitucional de que as associações religiosas poderiam manter cemitérios particulares. A Constituição de 1937, a Polaca, nominalmente, propiciou a liberdade de culto, podendo, para esse fim, manter a associações de caráter religioso e confessional. De forma mais modesta e econômica, na descrição, também, os cemitérios mantiveram o caráter secular. A Constituição, pós-ditadura, de 1946, com uma elasticidade que demonstra seu profundo apego à democracia, convolou a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, garantido o livre exercício dos cultos religiosos. Os cemitérios continuaram a ter o caráter secular, permitida a prática religiosa por todas as confissões e manutenção de cemitérios particulares por associações religiosas. A Lei Magna de 1967 e a Emenda nº 1, de 1969, não só mantiveram o princípio de igualdade de todos perante a lei, sem distinção de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas, como inauguraram a constitucionalização do crime de preconceito de raça. A Magna Carta de 1988, relatada pelo atual Senador Bernardo Cabral, distinguiu esse crime com sede própria, entre os direitos e deveres individuais e coletivos, no Título destinado aos Direitos e Garantias Fundamentais, prevendo que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, como já o fazia a carta anterior ,sujeito à pena de reclusão (mais grave que a mera detenção), cabendo sua definição à lei. E, mais, não satisfeito, com esta garantia, o constituinte deferiu à lei a punição de qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais . A Carta também constitucionalizou a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, determinando que a lei os considere inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia . Entretanto, o eminente Desembargador Alcino Pinto Falcão, comentando esse dispositivo, afiança "que não há texto semelhante, em outros Diplomas pátrios ou estrangeiros; um particularismo, pois, do inciso em comentário, que, parece, por míngua do material interno, ter mais um objetivo proclamatório, como o da Declaração da Revolução francesa (África do Sul, o endereço certo!)." Outrossim, erigiu, entre os objetivos fundamentais da República, a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Os nativos indígenas, bem como os negros, eram considerados coisas e podiam ser vendidos, como parte da terra, e os judeus, segregados, por leis que tinham até o respaldo divino . Alguns autores são unânimes em considerar o racismo uma realidade incontestável, no Brasil, apesar dos inúmeros diplomas, em que se destacam: Lei Diogo Feijó (Lei de 7 de novembro de 1831 - 1a lei contra o tráfico), Lei Euzébio Queiroz (Lei 581, de 4 de setembro de 1850 - 2ª lei contra o tráfico); Decreto dos africanos livres - Decreto 13003, de 28 de dezembro de 1853; novo decreto dos africanos livres - Decreto 3310, de 24 de setembro de 1864; Lei Nabuco de Araújo, Lei 731, de 5 de junho de 1854; Lei do Ventre Livre (Lei 2040, de 28 de setembro de 1871; Lei dos Sexagenários (Lei 3270, de 28 de setembro de 1885); Lei Áurea (Lei 3353, de 13 de maio de 1888) e de inúmeras medidas que gradualmente reduziram as agruras dos escravos africanos e das diversas disposições constitucionais. Jorge da Silva, num lamentável rasgo de profundo pessimismo, acentua não ser com a legislação penal que a questão social das populações negras deve ser enfrentada, senão com outras medidas, porque sua emancipação ainda está longe de ocorrer e que existe na sociedade brasileira uma segregação racial concreta ou uma etiqueta. Paranhos Sampaio acredita que, no Brasil, existe a segregação camuflada, ou seja, a discriminação puramente social. Os silvícolas também se beneficiariam de leis tuteladoras, que na verdade, ao invés de protegê-los, prestaram-se mais para destruí-los. No início da década de 1950, surge o primeiro diploma infra-constitucional, com destino certeiro - a Lei Afonso Arinos (inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça ou de cor) - Lei 1390, de 3 de julho de 1951, modificada pela Lei 7437, de 20 de dezembro de 1985, conquanto de duvidosa aplicação e com efeitos meramente simbólicos, por tratar a matéria como contravenção, com penas reduzidíssimas, como desponta do julgado do Tribunal de Alçada Paulista, que absolveu o réu acusado de haver proibido a entrada de estudante negro no recinto de um clube, sob argumento não se ter configurado a infração - contravenção penal, mas sim apenas um mal entendido entre ele e a diretoria do clube. Tratava-se, aduz a decisão, de indivíduo estranho na cidade que não se identificou, desde logo, como componente de uma caravana estudantil. Estava em causa a inteligência do artigo 4º da Lei 1390, de 1951: recusar a entrada de alguém, por preconceito de raça ou de cor, em estabelecimento público de diversões ou de esporte. A pena de prisão simples de 15 dias a 3 meses, é cômica. Celso Bastos entende que o racismo não é um problema sério, no Brasil, pois a elevação do negro, como o do índio, fica na dependência do aprimoramento dos padrões de vida e de cultura das camadas inferiores da população, mas não faz qualquer objeção a essa penalização. No âmbito local, a lei do Estado do Rio de Janeiro - Lei 1814, de 24 de abril de 1991 - estabelece sanções de natureza administrativa aplicáveis a qualquer tipo de discriminação em razão de raça, etnia, cor, crença religiosa ou de ser portador de deficiência e o Decreto do Estado de São Paulo cria a Delegacia Especializada de Crimes Raciais, destinada especificamente, concorrentemente com as demais e não de forma exclusiva, a apurar as infrações penais resultantes da discriminação ou preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional. No Município de São Paulo, a Lei Municipal 11.995, de 16 de janeiro de 1996, veda qualquer forma de discriminação no acesso aos elevadores de todos os edifícios públicos municipais ou particulares, comerciais, industriais e residenciais multifamiliares, existentes no Município de São Paulo. "É VEDADO, SOB PENA DE MULTA, QUALQUER DISCRIMINAÇÃO EM VIRTUDE DE RAÇA, SEXO, COR, ORIGEM, CONDIÇÃO SOCIAL, PORTE OU PRESENÇA DE DEFICIÊNCIA FÍSICA E DOENÇA NÃO CONTAGIOSA POR CONTATO SOCIAL NO ACESSO AOS ELEVADORES." A Lei 9459, de 13 de maio de 1997, corrigiu a Lei 7716, de 15 de janeiro de 1989, modificando os artigos 1º e 20, e revogou o artigo 1º da Lei 8081 e a Lei 8882, de 3.6.94. A lei pune, com penas de até cinco anos de reclusão, além das multas, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, de cor, etnia, religião ou procedência nacional A religião no Brasil é muito diversificada e caracteriza-se pelo sincretismo. A Constituição prevê a liberdade de religião e a Igreja e o Estado estão oficialmente separados, sendo o Brasil um Estado laico. A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de intolerância religiosa, sendo sua prática geralmente livre no país. Segundo o "Relatório Internacional de Liberdade Religiosa de 2005", elaborado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, a "relação geralmente amigável entre religiões contribui para a liberdade religiosa" no Brasil. O Brasil é um país religiosamente diverso, com a tendência de mobilidade entre as religiões. A população brasileira é majoritariamente cristã (89%), sendo sua maior parte católica (70%). Herança da colonização portuguesa, o catolicismo foi a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de 1891, que instituiu o Estado laico. No entanto, existem muitas outras denominações religiosas no Brasil. Algumas dessas igrejas são: pentecostais, episcopais, metodistas, luteranas e batistas. Há mais de um milhão e meio de espíritas ou kardecistas que seguem a doutrina espírita, codificada por Allan Kardec. Existem também seguidores da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma minoria de judeus, muçulmanos, budistas, neopagãos e seguidores do candomblé e da umbanda. Cerca de 7,4% da população (cerca de 12,5 milhões de pessoas) declarou-se sem religião no último censo, podendo ser agnósticos, ateus ou deístas. Nas últimas décadas, tem havido um grande aumento de igrejas neopentecostais, o que diminuiu o número de membros tanto da Igreja Católica quanto das religiões afro-brasileiras. Cerca de noventa por cento dos brasileiros declararam algum tipo de afiliação religiosa no último censo realizado. O censo demográfico realizado em 2000, pelo IBGE, apontou a seguinte composição religiosa no Brasil: 73,8% dos brasileiros (cerca de 125 milhões) declaram-se católicos; 15,4% (cerca de 26,2 milhões) declaram-se evangélicos (evangélicos tradicionais, pentecostais e neopentecostais); 7,4% (cerca de 12,5 milhões) declaram-se sem religião, podendo ser agnósticos, ateus ou deístas; 1,3% (cerca de 2,3 milhões) declaram-se espíritas; 0,3% declaram-se seguidores de religiões tradicionais africanas tais como o Candomblé, o Tambor-de-mina, além da Umbanda; 1,8% declaram-se seguidores de outras religiões, tais como: as testemunhas de Jeová (1,1 milhão), os budistas (215 mil), os santos dos Últimos Dias ou mórmons (200 mil), os messiânicos (109 mil), os judeus (87 mil), os esotéricos (58 mil), os muçulmanos (27 mil) e os espiritualistas (26 mil).[1][8]
Laicidade do Estado brasileiro. A Constituição brasileira de 1988 instituiu uma total divisão entre a religião (seja ela qual for) e o Estado, consolidando o conceito de Estado laico. O governo instituído, democraticamente, não pode favorecer, nem interditar, as atividades de religião alguma. Além disso, não pode impor uma religião específica aos seus cidadãos, nem discriminá-los em razão de não seguirem a ideologia religiosa majoritária. IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I- estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público. — Constituição brasileira de 1988. Tal princípio constitucional, o conceito de Estado laico, já é bem antigo no Brasil, pois foi a Constituição de 1891 que o instituiu. §7°- Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá relações de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos Estados. — Constituição Republicana de 1891. Catolicismo no Brasil e as principais denominações judaico-cristã: Estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, Brasil.A principal religião do Brasil, desde o século XVI, tem sido o catolicismo romano. Ela foi introduzida por missionários que acompanharam os exploradores e colonizadores portugueses nas terras do país recém-descoberto. O Brasil é considerado o maior país do mundo em número de católicos nominais, com 73,8% da população brasileira declarando-se católica, de acordo com o Censo do IBGE de 2000. Porém, sua hegemonia deve ser relativizada devido ao grande sincretismo religioso existente no país. Entre as tradições populares do catolicismo no Brasil estão as peregrinações à Igreja de Nossa Senhora Aparecida. Nossa Senhora Aparecida acabou por tornar-se a Padroeira do Brasil. Outras festas católicas importantes são o Círio de Nazaré, Festa do Divino e a Festa do Divino Pai Eterno, mais conhecida como Romaria de Trindade, em Goiás. No transcorrer do século XX, foi perceptível uma diminuição no interesse pelas formas tradicionais de religiosidade no país. Um reflexo disso é o aparecimento de grande número de pessoas que se intitulam católicos não-praticantes. Atualmente, pesquisas mostram que o número de católicos parou de cair no Brasil depois de mais de 130 anos de queda. Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida.A Renovação Carismática Católica (RCC) chegou ao Brasil no começo dos anos 1970, e ganhou força em meados dos anos 1990[carece de fontes?]. O movimento busca dar uma nova abordagem à evangelização e renovar algumas práticas da tradição católica, incentivando uma experiência pessoal com Deus através do Espírito Santo. Assemelha-se em certos aspectos às Igrejas Pentecostais, como no uso dos dons do Espírito Santo, na adoção de posturas foram julgadas por alguns como fundamentalistas e numa maior rejeição ao sincretismo religioso por parte de seus integrantes. Com forte presença leiga, a RCC responde hoje por grande parte dos católicos praticantes do país. Uma das comunidades carismáticas mais conhecidas é a Canção Nova que possui um canal de televisão mantido por doações e é presidida pelo monsenhor Jonas Abib. Outro ícone da RCC no Brasil é o Padre Marcelo Rossi[carece de fontes?], fenômeno de mídia e cultura de massas que surgiu no final da década de 1990[carece de fontes?], cantando e fazendo coreografias tanto em programas de televisão quanto em missas, propondo-se a pregar a mensagem de Cristo conforme ensinada pela Igreja Católica. Apesar de manter grande homogeneidade denominacional, o catolicismo conta com algumas dissidências, dentre as quais a Igreja Católica Apostólica do Brasil Segundo pesquisa do Datafolha divulgada em março de 2010, 61% dos brasileiros são católicos e os evangélicos são 25% Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro.O Protestantismo é o segundo maior segmento religioso do Brasil, representado principalmente pelas igrejas evangélicas com, aproximadamente, 26,1 milhões de fiéis. O protestantismo caracteriza-se pela grande diversidade denominacional, livre interpretação da Bíblia, e nenhuma instituição, concílio ou convenção geral que agregue e represente os protestantes como um todo. Cada denominação religiosa protestante tem plena autonomia administrativa e eclesiástica em relação as outras igrejas congêneres, porém todas fazem parte de um mesmo movimento religioso interno ao cristianismo, que começou com a Reforma Protestante de Martinho Lutero em 1517. A maioria das denominações religiosas protestantes mantêm relações fraternais umas com as outras. O protestantismo chegou ao Brasil pela primeira vez com viajantes e nas tentativas de colonização do Brasil por huguenotes (nome dado aos reformados franceses) e reformados holandeses e flamengos durante o período colonial. Esta tentativa não deixou frutos persistentes. Uma missão francesa enviada por João Calvino se estabeleceu, em 1557, numa das ilhas da Baía de Guanabara, fundando a França Antártica. No mesmo ano, esses calvinistas franceses realizaram o primeiro culto protestante no Brasil e, de acordo com alguns, da própria América. Mas, pela predominância católica, foram obrigados a defender sua fé ante as autoridades, elaborando a Confissão de Fé de Guanabara, assinando, com isso, sua sentença de morte, pondo um fim no movimento. Por volta de 1630, durante o domínio holandês em Pernambuco, a Igreja Cristã Reformada (Igreja Protestante na Holanda) instalou-se no Brasil Foram fundadas 22 igrejas protestantes no Nordeste, sendo que a maior era a do Recife e contava, inclusive, com uma congregação inglesa e uma francesa. Esta se reunia no templo gálico, que tinha no conde Maurício de Nassau seu membro mais ilustre. A Igreja Cristã Reformada batizou índios, lutou por sua libertação e pretendia traduzir a Bíblia para o tupi e ordenar pastores indígenas. Esse período se encerrou com a guerra de Restauração portuguesa. Quando não houve mais condições de manter Recife, o Nordeste foi devolvido a Portugal. Terminava assim a missão cristã reformada, impossível sem a proteção de um país protestante. As primeiras igrejas chegaram ao Brasil quando, com a chegada da família real portuguesa para o Brasil e a abertura dos portos a nações amigas por meio do Tratado de Comércio e Navegação, comerciantes ingleses estabeleceram a Igreja Anglicana no país, em 1811. Seguiu-se a implantação de outras igrejas de imigração: alemães trouxeram a Igreja Luterana, em 1824, e também a Igreja Adventista, em 1890, e imigrantes americanos trouxeram as Igrejas Batista e Metodista. Os missionários Robert Kalley e Ashbel Green Simonton trouxeram as Igrejas Congregacional (em 1855) e Presbiteriana (em 1859), respectivamente, estas voltadas ao público brasileiro. Pentecostalismo e neopentecostalismo Catedral da Igreja Universal do Reino de Deus em São Paulo.Em 1910, o Brasil receberia o pentecostalismo, com a chegada da Congregação Cristã no Brasil (1910) e da Assembleia de Deus (1911). A partir de 1950, o pentecostalismo transformou-se com a influência de movimentos de cura divina que geraram diferentes denominações, tais como a Igreja "O Brasil Para Cristo" e a Igreja do Evangelho Quadrangular. Nessa época, algumas denominações protestantes que eram tradicionais adicionaram o fervor pentecostal, como exemplo, a Convenção Batista Nacional e as igrejas Presbiteriana Renovada e Igreja Cristã Maranata, ambas surgidas a partir da Igreja Presbiteriana do Brasil. Na década de 1970, surgiu o movimento neopentecostal, com igrejas mais secularizadas, padrões morais menos rígidos, e ênfase na teologia da prosperidade, como a Igreja Universal do Reino de Deus. A partir dos anos 1980, surgiram igrejas neopentecostais com foco nas classes média e alta, trazendo um discurso ainda mais liberal quanto aos costumes e menos ênfase nas manifestações pentecostais. Dentre essas igrejas se destacam a Igreja Renascer em Cristo e a Igreja Evangélica Cristo Vive. Nas últimas décadas, o protestantismo principalmente as pentecostais e neopentecostais vem ganhando muitos adeptos, sendo o segmento religioso com maior índice de crescimento. A maioria das igrejas protestantes estão presentes: no Rio Grande do Sul( descendentes de alemães, que trouxeram a Igreja Luterana, maior grupo religioso da Alemanha até os dias de hoje), nas grandes capitais do sudeste, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte(onde as igrejas Batistas têm grande espaço), Goiânia e Brasília( onde a igreja Sara Nossa Terra têm grande percentual da população). Os protestantes estão em número bastante significativo nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e em toda a região centro-oeste. Adventismo: No Brasil são 1.200.000 membros da IASD em 2000 sob a coordenação de sete Uniões que administram as Associações e Missões. As instituições da IASD do Brasil e de sete países latino-americanos formam a Divisão Sul Americana, com sede em Brasília, Distrito Federal. Primeira Igreja Adventista do Brasil em Santa Catarina.O adventismo chegou no Brasil em 1884 através de publicações que chegaram pelo porto de Itajaí com destino a cidade de Brusque, no interior de Santa Catarina. Em maio de 1893 chegou o primeiro missionário adventista, Alberto B. Stauffer que introduziu formalmente através da Colportagem os primeiros contatos com a população. Em abril de 1895 foi realizado o primeiro batismo em Piracicaba, SP, sendo Guilherme Stein Jr o primeiro converso. Inicialmente os estados brasileiros com maior presença germânica foram atingidos pela literatura adventista. Conforme informações repassadas pelo pastor F Westphal, a primeira Igreja Adventista do Sétimo Dia em solo nacional foi estabelecida na região de Gaspar, em Santa Catarina, em 1895, seguida por congregações no Rio de Janeiro e em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, todas no mesmo ano. Com a fundação da gráfica adventista em 1905 em Taquari, RS (atual Casa Publicadora Brasileira localizada em Tatuí-SP), o trabalho se estabeleceu entre os brasileiros e se expandiu em todos os estados. A primeira Escola Adventista no Brasil surgiu em 1896 na cidade de Curitiba. Em 2005 somam-se 393 escolas de ensino fundamental e 118 do ensino médio com o total de 111.453 alunos e seis instituições de Ensino Superior (IES) com mais de cinco mil alunos que tem no Centro Universitário Adventista de São Paulo, sua matriz educacional. O UNASP como é conhecida esta IES, surgiu em 1915, no Capão Redondo, SP e hoje conta com três campi: na cidade de São Paulo, em Engenheiro Coelho e Hortolândia. Mormonismo: Chegou no Brasil em 1923, por meio de imigrantes alemães, porém o trabalho de proselitismo só se iniciou em 1927, com a chegada de uma dupla de missionários. Esses missionários não falavam o português muito bem, então as reuniões no início eram dirigidas em alemão. A Missão São Paulo Brasil (uma espécie de departamento regional de proselitismo) Foi a primeira criada no país, atualmente são 28. Hoje, existem mais de 1800 capelas mórmons em todas as Unidades da Federação Brasileira.[carece de fontes?] Templo mórmon de Campinas.Os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também conhecidos como mórmons, tem aqui no Brasil o 2° maior país com população mórmon do mundo, mais de 1 milhão de membros atualmente, superado apenas pelos Estados Unidos. Em 2000, o censo do IBGE mostrou haver no Brasil somente 200 mil pessoas que se dizem membros desta denominação. Entre 2000 e 2006 a Igreja Mórmon cresceu cerca de 460% no Brasil.[carece de fontes? A Igreja Mórmon no Brasil é presidida pelos Élderes (título que significa "senhor","Irmao mais velho", "ancião") Ulisses Soares (Presidente), Stanley G. Ellis (Primeiro Conselheiro) e Carlos A. Godoy (Segundo Conselheiro). Até abril de 2007, os mórmons eram divididos em duas áreas geográficas distintas, a Área Brasil Norte (sediada em Recife), e a Área Brasil Sul (sediada em São Paulo). Só no Brasil os mórmons tem cinco templos construídos, dedicados e em funcionamento (em São Paulo, Recife, Porto Alegre, Campinas e Curitiba), um em construção (em Manaus) e um a construir em Fortaleza. Pela crença mórmon, nesses templo são realizadas ordenanças como batismo vicário e selamento de famílias, além de ser um lugar de aprendizado e espiritualidade. Hoje a Igreja vem crescendo muito em Curitiba e Porto Alegre, se espalhando pelo país. Muitos missonarios estrangeiros estão vindo para o Brasil a cada mes, pregando o evangelho por toda parte do país, e estão obtendo sucesso. É brasileiro o primeiro mórmon negro a receber um chamado de Autoridade Geral (autoridade a nível mundial), seu nome é Helvécio Martins. Hoje há cinco brasileiros servindo como Autoridades Gerais: Cláudio R. M. Costa, Marcos A. Aidukaitis, Carlos A. Godoi e Ulisses Soares e Jairo Mazzagardi. Durante todos os anos desde a chegada da Igreja Mórmon ao Brasil, somente um mórmon foi eleito ao Congresso Nacional, Moroni Torgan, do estado do Ceará. Cristianismo oriental: Catedral vista da Avenida Paulista.A Igreja Ortodoxa também se faz presente no Brasil. A Catedral Metropolitana Ortodoxa, localizada em São Paulo, na rua Vergueiro, além de ser a Sé da Arquidiocese da Igreja Católica Ortodoxa Antioquina de São Paulo é, também, de todo o Brasil. É um exemplo de construção arquitetônica bizantina que pode ser apreciado na América do Sul. Seu projeto, cuja edificação teve início da década de 1940, foi inspirado na Basílica de Santa Sofia em Constantinopla (atual Istambul) e foi inaugurada em janeiro de 1954. Contudo, ainda tem pequena representação no país, apesar de já ter alguma visibilidade. Testemunhas de Jeová: No Brasil, as Testemunhas de Jeová vem crescendo consideravelmente. Estima-se que mais de 700.000 membros servem ativamente como publicadores e missionários neste país. Foi em 1899 que Sarah Bellona Ferguson, de São Paulo, recebeu pela primeira vez dos Estados Unidos, por correio, algumas publicações da Sociedade Torre de Vigia. Ao passo que aprendia o que as Testemunhas chamam de "as preciosas verdades bíblicas", fazia o possível para transmiti-las a outros. Quando surgiu a oportunidade para isso, ela foi batizada, depois de uns 25 anos. No ínterim, oito jovens marinheiros brasileiros, de licença do seu navio na cidade de Nova York, ficaram interessados nas reuniões dos Estudantes da Bíblia (como se chamavam então as Testemunhas de Jeová). Obtiveram ali uma Bíblia em português. Foram também ajudados a entendê-la. Quando voltaram ao Brasil, em março de 1920, depois de se terem associado por alguns meses com os Estudantes da Bíblia em Nova York, eles continuaram a se reunir e a falar a outros sobre o que haviam aprendido. No começo, usavam as publicações da Torre de Vigia em espanhol como ajudas para o estudo, porque não havia nada disponível em português. Poucos anos depois, George Young foi o primeiro missionário enviado ao Brasil, e foi providenciado que se traduzissem e imprimissem publicações em português. Em 1923, foi aberta no Rio de Janeiro uma congênere da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA), a fim de promover a educação bíblica neste vasto país. Mas as Testemunhas de Jeová tornaram-se grandes no Brasil, estando presentes em todos os estados do país, em mais de 10.000 congregações, segundo o Anuário das Testemunhas de Jeová. A Sede das Testemunhas de Jeová aqui no Brasil localiza-se em Cesário Lange, no interior de São Paulo. As reuniões das Testemunhas de Jeová já ultrapassam uma média de um milhão pessoas presentes ao ano, sendo que 1,681,986[20] pessoas estiveram presentes em sua principal reunião anual de 2010, a Comemoração da Morte de Cristo. Os Estados com maior número de Testemunhas de Jeová são: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul Se ressalta o trabalho voluntário realizado com os surdos e cegos. Por exemplo, em todo o Brasil, voluntários Testemunhas de Jeová ajudam milhares de surdos, desde a alfabetização na sua primeira língua, como a LIBRAS, passando pelo idioma escrito, quando se aplica. Traduzem e distribuem Bíblias e outros livros para DVDs em vídeos[21] para distribuição gratuita aos surdos. Tem-se dado atenção especial a estes, oferecendo seu trabalho voluntário como intérpretes em língua de sinais, acompanhando os surdos em escolas, médicos, advogados, entrevista de emprego, etc. Elas têm oferecido também aos familiares e até mesmo colegas de trabalho dos surdos a oportunidade de conhecerem a língua de sinais, e para isso usam DVDs visuais ou outra publicação produzida pelas próprias Testemunhas com o objetivo de facilitar o aprendizado e a inclusão social e espiritual dos surdos à suas famílias e às suas comunidades. Não-religiosos: De acordo com o último Censo realizado pelo IBGE, por volta de 13 milhões de brasileiros (7,4% da população total) consideram-se ateus, agnósticos ou declaram acreditar em um Deus sem estarem filiados a alguma religião específica. Cabe salientar que o IBGE, órgão oficial de pesquisas, não pergunta quem de fato é ateu, quem é agnóstico, e quem apenas não segue alguma religião preestabelecida, embora conserve a sua fé em algo transcendental, denominando todos estes grupos pelo termo "sem religião". No Brasil, o estado da Bahia é o terceiro com maior número de pessoas sem religião; o primeiro é o Rio de Janeiro. A capital bahiana, Salvador, tem a maior porcentagem nacional de pessoas sem religião entre as capitais, 18% da população. No país todo, são mais numerosos entre os homens e entre os habitantes com menos de 55 anos. A cidade com o maior número de ateus é Nova Ibiá, com 59,85% dos habitantes, de acordo com o censo de 2000 do IBGE. O segundo lugar fica com Pitimbu, na Paraíba, com 42, 44%. De acordo com dados do IBGE, 7,4% (cerca de 12,5 milhões) da população brasileira declarou-se "sem religião", podendo ser agnósticos, ateus ou deístas. Em 1991 essa porcentagem era de 4,7%. Uma pesquisa realizada pela empresa Ipsos a pedido da agência de notícias Reuters revelou que 3% dos brasileiros entrevistados não acreditam em deuses ou seres supremos. Atualmente, apenas os ditos católicos e evangélicos superam em número os não-religiosos. Em comparação, estima-se que a média mundial de não-religiosos é de 23,5% da população total. Espiritismo: Sede da Federação Espírita Brasileira em Brasília.De acordo com o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, o Brasil possui 2,3 milhões de espíritas, sendo esse o terceiro maior grupo religioso do país. Com efeito, o IBGE trata os termos Kardecismo e Espiritismo como equivalentes em sua classifição censitária. A doutrina espírita teve através de nomes como Bezerra de Menezes e Chico Xavier a oportunidade de se popularizar, espalhando seus ensinamentos por grande parte do território brasileiro. Hoje, o país é o que reúne o maior número de adeptos do espiritismo no mundo. Os espíritas são, também, o segmento social que têm maior renda e escolaridade, segundo os dados do mesmo Censo. Bezerra de Menezes foi presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB) por duas gestões. A FEB foi fundada em janeiro de 1884, por Elias da Silva, com a finalidade de unificar o pensamento espírita no Brasil. Como doutrina filosófica, o espiritismo foi sistematizado pelo pedagogo francês Allan Kardec n'O Livro dos Espíritos, publicado em 18 de abril de 1857. No Brasil, contudo, houve uma forte ressignificação das idéias espíritas, que foram carregadas de um viés muito mais religioso do que o existente na Europa. Foi dentro dessa perspectiva que o espiritismo foi amplamente divulgado no Brasil, ainda na segunda metade do século XIX, atraindo principalmente a classe média. Em setembro de 1865, em Salvador, Bahia, foi criado o "Grupo Familiar do Espiritismo", o primeiro centro espírita brasileiro. Em 1873, fundou-se a "Sociedade de Estudos Espíritas", com o lema "Sem caridade não há salvação; sem caridade não há verdadeiro espírita". Esse grupo dedicou-se a traduzir para o português as obras de Kardec, como "O Livro dos Espíritos", "O Livro dos Médiuns", "O Evangelho Segundo o Espiritismo", "O Céu e o Inferno" e "A Gênese" Budismo: Templo budista Zu Lai em Cotia, São Paulo.O budismo é provavelmente a maior de todas as religiões minoritárias do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há no Brasil cerca de 200 mil praticantes do budismo - em 1991: 236.408 budistas, em 2000 214.873 budistas no país (- 9.1%) O número relativamente grande de seguidores é devido, principalmente, a grande comunidade japonesa brasileira. Cerca de um quinto da comunidade japonesa no Brasil é seguidora do budismo. Seitas budistas japonesas, como o Budismo de Nitiren (mais notavelmente a Soka Gakkai), Jodo Shinshu e Zen são os mais populares. No entanto, nos últimos anos seitas chinesas e do sudeste asiático, como a Mahayana e Theraveda, estão ganhando popularidade. O budismo foi introduzido no Brasil no início do século XX, por imigrantes japoneses, embora agora, 60% dos brasileiros japoneses sejam cristãos devido às atividades missionárias e casamento. No entanto, a cultura brasileira japonesa tem uma substancial influência budista. Judaísmo: Sinagoga Kahal Zur Israel, a mais antiga sinagoga das Américas, localizada em Recife, Pernambuco.Há cerca de 196 mil judeus no Brasil. A maior proporção de judeus é encontrado nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os judeus chegaram pela primeira vez no Brasil como cristãos-novos ou convertidos, nomes aplicados aos judeus ou muçulmanos que se converteram ao catolicismo, a maioria deles à força. De acordo com os relatórios da Inquisição, muitos cristãos-novos que viviam no Brasil durante o período colonial foram condenados por secretamente manterem costumes judaicos. Estes relatórios podem não ser confiáveis ​​desde a Inquisição confiscou os bens terrenos de suas vítimas, e tinha um interesse directo na denúncia e convencendo-os. Em 1630, os holandeses conquistaram partes do nordeste do Brasil e permitiram a prática aberta de qualquer religião. Muitos judeus vieram dos Países Baixos para viver no Brasil na área dominada pelos holandeses. A maioria deles eram descendentes dos judeus portugueses que tinham sido expulsos de Portugal, em 1497. Em 1636, a Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira sinagoga das Américas, foi construída no Recife, a capital da Nova Holanda (Brasil Holandês). O edifício original permanece intacto até hoje, mas os judeus foram forçados a sair do Brasil quando o Império Português retomou as terras em 1654. A primeira vez que judeus ficaram no Brasil e puderam praticar abertamente a sua religião aconteceu quando a primeira constituição brasileira concedeu liberdade de religião em 1824, logo após a independência. Eles eram principalmente judeus marroquinos, descendentes dos judeus espanhóis e portugueses que tinham sido expulsos da Espanha em 1492 e de Portugal em 1497. A primeira onda de judeus sefarditas foi ultrapassada pela maior onda de imigração de judeus ashkenazi, que chegou no final do século XIX e início do século XX, principalmente da Rússia, Polônia, Bielorrússia e Ucrânia. Um último grupo significativo veio, fugindo do nazismo e da destruição que se seguiu pela Segunda Guerra Mundial. Islamismo: Mesquita em São Paulo.Segundo o Censo de 2000, havia 27.239 muçulmanos no Brasil. Acredita-se que o islã chegou ao Brasil por meio de escravos africanos muçulmanos trazidos da África Ocidental. O Brasil recebeu mais muçulmanos escravizados do que qualquer outro lugar nas Américas. Durante o Ramadã, em janeiro de 1835, um pequeno grupo de escravos negros e libertos de Salvador, na Bahia, inspirados por professores muçulmanos, se levantaram contra o governo no que ficou conhecido como Revolta dos Malês, a maior rebelião escrava no Brasil. (Muçulmanos eram chamados de malês na Bahia por causa da palavra imale do iorubá, que designava um muçulmano iorubá.) Temendo que o exemplo pudesse ser seguido, as autoridades brasileiras começaram a vigiar os malês com muito cuidado e, nos anos subsequentes, intensos esforços foram feitos para forçar conversões para o catolicismo e apagar a memória popular e o apreço pelo islã. No entanto, a comunidade muçulmana africana não foi eliminada com facilidade, e em 1910, estima-se que ainda havia cerca de 100.000 africanos muçulmanos vivendo no Brasil. Uma tendência recente tem sido o aumento nas conversões ao islamismo entre os cidadãos não-árabes. Uma fonte muçulmana recente estima que existem cerca de 10 mil muçulmanos convertidos no Brasil. Os líderes da comunidade muçulmana no Brasil estimam que há entre 70.000 e 300.000 muçulmanos no país, com o menor valor que representando aqueles que praticam a religião, enquanto a estimativa mais elevada incluiria também membros nominais. Religiões afro-brasileiras: Com a vinda dos escravos para o Brasil, seus costumes deram origem a diversas religiões, tais como o candomblé, que tem milhões de seguidores, principalmente entre a população negra, descendente de africanos. Estão concentradas em maior número nos grandes centros urbanos do Norte e do Nordeste do país, mas também com grande presença no Sudeste. Diferente do candomblé, que é a religião sobrevivente da África ocidental, há também a Umbanda, que representa o sincretismo religioso entre o catolicismo, espiritismo e os orixás africanos. As religiões de matriz africana foram e ainda são perseguidas e discriminadas no Brasil. As chamadas religiões afro-brasileiras compõem o candomblé que é dividido em várias nações, o batuque, o Xangô do Recife e o Xambá foram trazidas originalmente pelos escravos. Estes escravos cultuavam seu Deus, e as divindades chamadas Orixás, Voduns ou inkices com cantos e danças trazidos da África. Nas práticas atuais, os seguidores da umbanda deixam oferendas de alimentos, velas e flores em lugares públicos para os espíritos. Os terreiros de candomblé são discretos da vista geral, exceto em festas famosas, tais como a Festa de Iemanjá em todo o litoral brasileiro e Festa do Bonfim na Bahia. Estas religiões estão em todo o país. O Brasil é bastante conhecido pelos ritmos alegres de sua música, como o Samba e a conhecida como MPB (música popular brasileira). Isto pode relacionar-se ao fato de que os antigos proprietários de escravos no Brasil permitiam que seus escravos continuassem sua tradição de tocar tambores (ao contrário dos proprietários de escravos dos Estados Unidos que temiam o uso dos tambores para comunicações). A umbanda é considerada por muitos uma religião nascida no Brasil em 15 de novembro de 1908 no Rio de Janeiro. Embora existam relatos de outras datas e locais de manifestação desta religião antes e durante este período seus adeptos aceitam esta data como o início histórico da mesma. Do Estado da Bahia para o Norte há também práticas diferentes tais como Pajelança, Catimbó, Jurema, Tambor-de-Mina e Terecô com fortes elementos indígenas. NeopaganismoComeçam a se difundir entre os brasileiros, atualmente, as religiões neo-pagãs, como a Wicca e o Neo-druidismo. Com a Wicca acontece um fator mais expressivo e especial. No Censo 2000, os wiccanos foram incluídos no grupo de "outras religisidades" e "não determinadas", que representavam 0,009% e 0,211% da população, respectivamente. De qualquer forma, desde a década de 1990 a Wicca, ou a Bruxaria em geral, têm crescido muito no país, especialmente em Brasília e São Paulo Religiões hoasqueirasNas décadas mais recentes, tem crescido no Brasil o número de adeptos de religiões que fazem uso do chá Hoasca (também conhecido como ayahuasca) em seus rituais. São as religiões hoasqueiras, que se originaram na Floresta Amazônica e hoje se expandem nos grandes centros urbanos. Entre elas, as mais representativas e organizadas são a União do Vegetal, o Santo Daime e A Barquinha Em 2004, o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD), atual órgão do Ministério da Justiça brasileiro, reconheceu a legitimidade do uso religioso da ayahuasca e a legalidade de sua prática. Seu uso para fins religiosos foi regulamentado pelo CONAD em 25 de janeiro de 2010, em resolução na qual se estabelece as normas legais para a utilização do chá pelas instituições religiosas.[46]

Intolerância religiosa no Brasil. Tem ocorrido no Brasil o crescimento das comunidades neopentecostais e algumas delas, como a Igreja Universal do Reino de Deus, são consideradas culpadas de intolerância religiosa.Foi criado no Brasil o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa (21 de janeiro) por meio da Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007. Segundo Eloi Ferreira Araújo, previamente ministro interino da Igualdade Racial, "O Estado brasileiro reconhece que existem problemas dessa ordem, mas estamos procurando tratar disso". Crítica da religião e Homofobia no Brasil. Algumas entidades alegam que os direitos sociais dos homossexuais no Brasil são desrespeitados por motivos religiosos. Outro problema alegado no âmbito religioso brasileiro é o desrespeito ao laicismo. Apesar de no Brasil a Constituição definir o Estado como laico e ter oficializado a separação entre a Igreja e o Estado, o governo brasileiro mantém uma concordata com o Vaticano, o que, de acordo com alguns especialistas, cria um estatuto privilegiado para a Igreja Católica no país.No entanto, para outros especialistas o acordo não cria privilégios e "todas as religiões estão livres para estabelecer a mesma relação com o Estado, se assim o desejarem A presença de símbolos religiosos, como a cruz cristã, em repartições públicas brasileiras também é criticada por alguns segmentos da sociedade. Em 2009, o Ministério Público de São Paulo entrou com uma ação civil pedindo a retirada dos símbolos religiosos dos prédios de entidades do governo federal no estado de São Paulo. Para o procurador Jefferson Aparecido Dias, responsável pela ação, "quando o Estado ostenta um símbolo religioso de uma determinada religião em uma repartição pública, está discriminado todas as demais ou mesmo quem não tem religião afrontando o que diz a Constituição."[55] Já o desembargador José Geraldo Barreto Fonseca discorda dessa opinião, dizendo que "o Brasil é um estado leigo, não ateu, e respeita os valores religiosos". Ele cita o preâmbulo da Constituição Federal, em que se lê que esta foi promulgada "sob a proteção de Deus". Em 2007 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) julgou quatro representações questionando a presença de crucifixos em tribunais, como o que há no Supremo Tribunal Federal. Decidiu pela permanência dos crucifixos, entendendo que o uso de símbolos religiosos em órgãos do Poder Judiciário não fere a autonomia do Estado em relação à religião. Na sua avaliação os crucifixos são muito mais símbolos culturais e tradicionais do que representantes de uma religião específica. Um afro abraço. fonte:www.brasilescola.com/religiao/www.cps.fgv.br/cps/bd/rel3/REN_texto_FGV_CPS_Neri.pdf

NOSSA HISTORIA: A RAINHA AFRICANA

JINGA...
No tempo em que Cristina da Suécia foi formalmente nomeada rei do seu país, outra mulher em Angola quis também ser reconhecida como rei. Isto no princípio do século XVII. Os portugueses tiveram de esperar cerca de trinta anos para assinar um tratado de paz com esta poderosa mulher que na História de Portugal ficou conhecida por Ana de Sousa e Angola recorda como a Rainha Jinga.


Os primeiros contactos dos portugueses com o Ngola Quiloanji (ou Angola Aquiloangi), senhor do Dongo ou Angola, foram amistosos. Este rei não inviabilizou o comércio de escravos, que foi a grande receita dos portugueses durante largos anos, mas, em contrapartida, exigiu que os portugueses não fizessem como no vizinho reino do Congo, onde impuseram baptismos em massa. Astuto, Quiluanji aproveitou este mercado de escravas que eram levados para longes paragens para, de início, se ver livre de prisioneiros de guerra e outros elementos perigosos que albergava ao seu reino.
Mas a paz com os portugueses era demasiado precária e o soba, de feitio despótico e humor variável, acabou por entrar em conflito aberto com os portugueses em 1581 ano do nascimento da sua filha Jinga. Muito provavelmente por não ter chegado a acordo, em termos de contrapartidas. Quanto ao número de homens que permitia que fossem levados do seu reino para serem vendidas como escravos. Aponta-se, como outra motivo dessas guerras a construção, nas terras de Quiluanji, do presídio de Ambaca, em 1614.
Referir que, desde 1581, em Portugal existia a União Ibérica - governo dos reis espanhóis.
Por volta de 1617, morreu, ou foi morto, Quiluanji, que deixou três filhas e um filho adulto. Ngola Mbandi, e outro ainda criança, que, devido ao seu nascimento era o legitimo herdeiro do trono, por ser filho da mulher principal, considerada a legitima, enquanto o filho adulto provinha de uma ligação com uma concubina real (mocama), criada ou escrava. Como se vê mesmo em reinos africanos há estritas hierarquias.
Porém, o filho mais velho, ávido de poder mata o irmão e o sobrinho mais velho, filho da irmã Jinga, afastando assim qualquer hipótese de presumíveis adversários, e assume-se como sucessor. Jinga e as irmãs, Funji (ou Kifuní e Mucambo (ou Cambo), eram também filhas legitimas à luz dos costumes daquele reino.


Quando o governador Luís Mendes de Vasconcelos chegara a Luanda, em Agosto de 1616, havia paz entre os portugueses e o usurpador. Mas, em 1620, voltaram os conflitos. O governador invadiu as terras de Ngola (chefe) Mbandi inflige-lhe duras perdas e além de raptar a mulher principal, aprisiona muitos outros membros da sua família.
Em Dezembro de 1621, o novo governador João Correia de Sousa chega a Luanda e adopta unia atitude mais diplomática, enviando ao rei, Ngola Mbandi, uma pequena embaixada encabeçada pelo padre Dionísio Faria Barreto que dominava bem a língua nativa e lhe propôs a paz e a conversão ao catolicismo. O rei aceitou a paz mas impôs que os portugueses abandonassem o presídio de Ambaca e se comprometessem a apoiá-lo nas lutas contra o Jaga Cassanji, inimigo comum. Por último, pediu que os portugueses lhe restituíssem os prisioneiros feitos pelo anterior governador. Chegou-se a um acordo.
Entretanto, Jinga afastara-se já deste irmão que passou odiar desde que este lhe matara o filho e ela muda-se da capital do Dongo com o marido e as irmãs. Vai então viver para a região montanhosa da Matamba que mais tarde lhe irá servir de fortaleza natural contra os ataques dos portugueses.
É no período do governo de João Correia de Sousa que se vai dar o célebre encontro com Jinga que vai a Luanda negociar a paz. Há discrepâncias quanto à data deste encontro, mas o facto em si é que é relevante.


UMA FABULOSA EMBAIXADA

Jinga prepara um séquito numeroso e com todos os atributos da sua condição de princesa faz-se anunciar em Luanda. Os portugueses vão recebê-la como uma verdadeira rainha, com tropas perfiladas e descargas de mosquetes, sendo-lhe dada hospedagem e casa condigna.
No dia marcado para a audiência, Jinga, acompanhada do seu séquito, dirige-se à casa do governador. Entrou para a sala onde este ainda se não encontrava e, num relance percebe que na sala só havia uma cadeira e duas almofadas de veludo franjadas a ouro sobre um tapete.
De imediato, a perspicaz Jinga percebe que pode ficar em desvantagem. Ficar de pé perante um homem sentado. Ordena a uma das suas escravas que se dobre e lhe sirva de assento e é assim sentada que vai encarar o governador — de igual para igual. Escusado será dizer que esta atitude de Jinga deixou estupefactos todos os presentes, muito particularmente o governador que percebeu imediatamente que a mulher que estava na sua presença ora especial e que deveria usar com ela de toda a diplomacia e cortesia. Até porque muita coisa estava em jogo e um gesto em falso podia representar o recrudescer da guerra.


As negociações ocorrem com sucesso, começando a princesa Jinga por apresentar as desculpas em nome do irmão. A sua maneira de falar e a sua postura vão deixar a assistência perfeitamente espantada. Não podemos esquecer que até ao século XIX houve antropólogos que defenderam que a raça branca era superior á negra. Imaginemos o que não seria no século XVII uma africana saber exprimir-se bem e adoptar uma atitude de superioridade para com os conquistadores.
No final, João Correia de Sousa argumentou que, para que o acordo ficasse bem cimentado, deveria o irmão de Jinga pagar aos portugueses um tributo anual. Porém, ela contrapôs que tributo só pagavam os povos subjugados, o que não era o caso. Uma última exigência por parte dos angolanos era a devolução dos escravos. Aqui os portugueses não puderam prometer que cumprissem, porque era um negócio que envolvia muita gente, mas mostraram boa vontade para o problema.
À despedida, o governador, reparando que a escrava se mantinha acocorada na posição de assento, perguntou à altiva Jinga porque não a manda levantar, ao que a sobranceira guerreira angolana terá respondido: “Já não preciso dela, nunca me sento duas vezes na mesma cadeira!”
A divulgação deste facto foi, em grande medida, obra de um holandês que poucos anos depois fez desenhos deste insólito comportamento e que veio contribuir muito para a aura de admiração que se gerou em torno desta mulher angolana, uma, se não a maior heroina do seu país.
Muito provavelmente como estratégia diplomática, Jinga deixa-se baptizar com toda a pompa e circunstância, e muda o nome para Ana de Sousa, tendo por padrinho o próprio governador João Correia de Sousa. Dai ter adoptado o seu apelido, como era costume. Isto terá ocorrido em 1622, contando Jinga 40 anos.
A verdade é que Jinga deixara em todos os portugueses uma profunda admiração e respeito e vai regressar ao seu reino com prendas preciosas oferecidas pelos portugueses.
Relata então ao irmão o sucesso da sua missão. Este, entusiasmado com a descrição do baptismo, manda comunicar ao governador que lhe mande missionários para ser também ele baptizado. É incumbido dessa missão o padre Dionísio de Faria, natural do reino de Matamba. Porém, quando Mbandi vê que os portugueses lhe enviaram um padre da sua raça, isto é negro, tomando isso como uma afronta, recomeça de imediato a guerra contra os portugueses que, muito mais bem preparados o vão perseguir. Cobardemente, foge e refugia-se numa pequena ilha do Quanza, onde acaba por morrer ou ser envenenado, a mando da irmã, que percebe que é chegada a sua hora da mandar. Ela possuía já um exército fiel, engrossado continuamente com escravos que fugiam a refugiar-se nas suas terras para escaparem ao seu trágico destino.
As mensagens entre os portugueses e a rainha Jinga prosseguiam, havendo, por parte do governador, alguma relutância em combater esta mulher que para todos os efeitos era cristã. O governador teria gostado de cumprir a sua palavra, mas as pressões de Lisboa para se aumentar o mercado de escravos para o Brasil eram demasiado fortes para que o governador pudesse agir segundo a sua consciência.
Em Agosto muda mais uma vez o governador, tendo assumido esse cargo o bispo Frei Simão Mascarenhas.
Embora, neste período, na correspondência trocada entre por e a princesa Jinga, esteja assinada como Ana do Sousa, não deixa de insistir para que Portugal cumpra as suas promessas e devolva os homens do seu reino que foram feitos escravos. Ora, o tráfico de escravos era um grande negócio na altura e Portugal não estava interessado em abandonar essa fonte de rendimento, passe tudo o que é hoje a nossa visão da escravatura. Estava-se noutra época em que a escravatura existia em quase todo o mundo. E como “para grandes males grandes remédios”, em 1625, o governador Fernão de Sousa decide acabar com a supremacia crescente de Ana de Sousa. Para isso, manda colocar no trono do reino do Dongo (que ficava na região das Pedras de Maupungo ou Pungo um parente dela, Ari Quíluanji, que não passava de um rei-fantoche, pronto a fazer o que os portugueses lhe ordenassem. Este deixa-se baptizar e adopta o nome cristão de Filipe. E Bento Banha Cardoso, capitão- mor do governador, quem vai executar esta missão. E o rei-fantoche compro meteu-se a prestar vassalagem ao colonizador, fornecendo 100 escravos por ano à Fazenda Real. Reinava então Filipe III. Com o evoluir dos acontecimentos era quase certo que Ana de Sousa assumiria mais cedo ou mais tarde o que a sua natureza lhe pedia. Renegou o baptismo e assumiu-se como Rainha Jinga. Ao contrário de muitas outras histórias de rainhas africanas, Jinga não foi uma figura lendária. Há documentos mais que suficientes, onde constam cartas suas, o que para época era raríssimo numa mulher africana. Ela tinha sido educada por frades italianos e aprendera a ler e escrever.
E se a lenda diz que nas altas montanhas de Matamba está lá uma pegada sua, este é o pormenor mitológico que dá sabor a todas as grandes figuras da história dos povos.

Para os portugueses parecia fácil domesticar esta mulher que para ser respeitada se vestia de homem, com as habituais peles de animais. Usava machado à cintura e manejava sem dificuldade o arco e a flecha. Ela exigiu ser considerada rei e não rainha, mantendo mesmo, à maneira de rei, o seu harém onde tinha mais de cinquenta jovens que eram para todos os efeitos as suas mulheres, como teria qualquer rei homem. Algo que não lembraria às mais belicosas feministas uns séculos mais tarde.
Em Fevereiro de 1626. Bento Banha Cardoso parte de Luanda acompanhado de um número considerável de cavaleiros e padres para tentarem pelas armas ou pela pregação reconquistar a rainha guerreira. Foram pelo Quanza até Massangano. Estava-se já no mês de Março. Vai haver confrontos. A rainha Jinga ataca de noite. Conhece o seu território. Há feridos e mortes. Debalde os portugueses lhe vão no encalço. Bento Cardoso, por agora, retira-se, visto ignorar o paradeiro da rainha que entre tanto se aliara ao Jaga Caza contra o rei--fantoche do Dongo. Os Jagas eram guerreiros por profissão e tinham fama de praticar ritos canibais, eram preparados desde jovens para essa função. Dai que, como mercenários, terem uma grande mobilidade, pois não lutavam por causas mas sim ao lado de quem dava mais vantagens. Os próprios portugueses vão ter jagas pelo seu lado, em várias fases das guerras angolanas, que duram várias décadas.

Morre, entretanto, Bento Banha Cardoso, antes de poder irem auxílio do rei do Dongo.
Os exércitos organizam-se de parte a parte e há novos recontros com a rainha Jinga. Estamos em Maio de 1629. Não conseguindo derrotá-la, os portugueses raptam-lhe as duas irmãs, Cambo, Funji e um número considerável de sobas que a apoiavam. As irmãs da rainha são entregues à guarda da mulher do capitão-mor, em Luanda, que terá a incumbência de as mandar baptizar. Tomarão os nomes de Bárbara e Graça (ou Engrácia).

UMA GUERRA DE TRINTA ANOS

Entretanto Jinga organiza os seus exércitos que passam a contar agora com o apoio explícito do Jaga Cassangi, possuidor de oitenta mil arcos de guerra. Neste momento a rainha guerreira só deseja que os portugueses lhe reconheçam legitimidade para governar o reino do Dongo. O próprio António de Oliveira Cardonega, escritor considerado “o pai da História de Angola”, na sua obra escrita em 1680, é de opinião que os vinte e oito anos de lutas entre a rainha Jinga e os portugueses se deveram em grande parte à má política dos governadores de Luanda. Ele diz mesmo que os portugueses primeiro, roubaram o Ngola Mbandí: depois, fizeram rei um fantoche só para não reconhecer como legitima sucessora a rainha Jinga. Por fim são também os portugueses os culpados daquela rainha africana ter ido pedir auxilio aos holandeses.

Por volta de 1630, a rainha Jinga promete casar com o chefe jaga para cimentar a aliança mas tal não se vem a concretizar. No entanto, entre 1630 e 1635, dada esta aliança, consegue-se que as lutas tribais acabem. Quase sem se aperceberem, diversas tribos reúnem-se em torno da rainha Jinga e tomam consciência da sua força, centrada na região da Matamba.
Portugal enfrenta, neste período, um poderoso inimigo—os holandeses que queriam maiores lucros no comércio africano, nomeadamente no tráfico de escravos. Com os holandeses ao longo da costa e com a rainha Jinga à frente dos seus exércitos, no interior do território, o governo português resolveu tentar refazer a aliança com a rainha. E, em 1639, realiza-se um encontro entre as duas partes, mas não se chega a acordo.
Com o avanço dos holandeses, o rei do Congo, Garcia II entra também na guerra, ficando os portugueses com três frentes de conflito.
Em 1641 reinava já novamente em Portugal um rei português: D. João IV. De Luanda parte um exército para combater o rei do Congo e a rainha Jinga da Matamba. Mas era demasiado tarde e Luanda cai nas mãos dos holandeses. Os portugueses fogem para o interior.



O MASSACRE DE MASSANGANO

Em 1645 a rainha Jinga cerca os portugueses que se encontravam em Massangano. Estes defendem-se heroicamente até ao limite das suas forças. Vários autores portugueses vão enaltecer este comportamento que faz parte daquela dupla visão histórica dos acontecimentos, que tem sempre dois lados. Para a história angolana heróicos terão sido os homens da rainha Jinga, daí ela ser a maior heroina angolana, que aos sessenta anos ainda comandava ela mesma os seus homens.
Jinga, aliada ao rei do Congo, com o apoio da Holanda e com os guerreiros de vários chefes jagas está prestes a vencer os portugueses, mas dá-se uma imprevista mudança de apoios. Os jagas abandonam-na, para se aliarem aos portugueses, que recebem também apoio do Brasil.
Os portugueses organizam-se e em 1646 vão atacar em força os acampamentos da rainha africana, matando mais de duas mil pessoas.
Luanda é reconquistada, em 1648, por Salvador Correia de Sá e Benevides. Nesse mesmo ano, este governador envia-lhe uma embaixada para que se converta, mas ela recusou.
O adido militar holandês Fuiler vai ser uma das principais fontes de informação sobre os acontecimentos em Angola no tempo da rainha Jinga, visto que ele é testemunha ocular de muitos destes acontecimentos, pois lutou ao lado dela, durante alguns anos. E ele testemunha a adoração que o povo angolano tinha por aquela extraordinária mulher, chegando muitos a beijar o chão quando ela se aproximava. Para o capitão Fuller, ela era tão generosamente valente que nunca feriu um português depois deste se render e tratava os seus soldados e escravos como iguais.
O acordo de paz entre portugueses e a rainha Jinga acontece em Outubro de 1656, sendo cento e trinta escravos trocados pela princesa Bárbara (nome de uma das irmãs depois de baptizada).
Em 1657, religiosos capuchinhos italianos aproximam-se da rainha Jinga e convencem-na a voltar à fé cristã e a vestir-se de mulher. Quem vai ter um papel importante nesta conversão é frei João António Cavazzi de Monte Cuccolo, conhecido simplesmente por Cavazzí. Com ele a rainha vai trocar cartas importantes. Os frades capuchinhos vão tomar a responsabilidade de edificar uma igreja paga pela já não rainha Jinga, mas pela novamente Ana de Sousa. A igreja de Santa Maria da Matamba é benzida em Agosto de 1663 por Cavazzi.
Aos 75 anos, acabara o reinado do rei/ rainha Jinga. Os seus últimos oito anos de vida são de uma pacífica e devota católica que assegurou a continuidade do reino ao aconselhar o casamento da irmã Bárbara com um general do seu exército. A sua longevidade foi extraordinária para a época. Morreu aos 83 anos, a l7de Dezembro de 1663, na presença de Cavazzi. Mas a memória dos seus feitos e a extrema dignidade do seu porte permanecem como uma referência para todos os angolanos.

FONTE:www.leme.pt › Conteúdos › BiografiasEm cache/

Lendas Africanas III: O príncipe leão Sundiata Keita...

A História do Mali está intimamente ligada ao nome de um herói lendário: Sundiata Keita. Homem tão extraordinário que a sua vida converteu-se numa lenda. Ele, o fundador do império malinqué, assentou as bases para fazer nascer nesta região africana um dos mais imponentes reinos do continente, onde floresceu o comércio com todo o seu esplendor. A origem de Sundiata é um pouco confusa. As fontes escritas que se referem a ele são escassas. São as tradições orais que constituem a fonte genuína de documentação. O seu nascimento dá-se em circunstâncias extraordinárias. É filho da segunda esposa do rei Naré Fa Maghan. Nasce feio, com deficiência motora e débil por volta de 1210. Com três anos ainda não sabe andar e fala mal. Diz uma tradição que uma doença incurável o impedia de caminhar. A primeira mulher do rei, chamada Samura, nada teme com este nascimento. A sucessão do trono está garantida para o seu filho primogénito. Vive tranquila. Um príncipe incapacitado não pode ser um grande governante.
Os acontecimentos, porém, precipitam-se. Sumaoro Kantê, rei dos Sosso, ocupa o Mali e mata todos os filhos do rei Naré… menos Sundiata. O menino salva a vida, porque a sua deficiência não aparenta qualquer perigo. Sumaoro lamentará por toda a vida este erro. O príncipe Sundiata refugia-se no Gana. Converte-se num grande mago e, graças ao seu poder mágico, cura a sua enfermidade. O exílio dura muitos anos. Aprende a caçar, a lutar e a recitar os provérbios que contêm a sabedoria dos seus antepassados. Começa a recrutar um bom grupo de soldados e forma um exército. Ele decide reconquistar o trono do seu pai e, durante o regresso à terra, passa por todos os reinos que conheceu quando ia para o exílio. Reúne mais soldados, arqueiros e cavaleiros. fonte:www.audacia.org/cgi-bin/pt.shvoong.com › Livros › Infância E Juventude. O anúncio da sua chegada suscita um grande entusiasmo entre os Malinqués, cujos clãs haviam formado exércitos próprios. Também estes se aglutinam à volta de Sundiata. Conta a lenda que tanto o príncipe Sundiata como o rei Sumaoro são feiticeiros. Este último é vulnerável ao ferro e o seu animal preferido é um galo branco. Apenas um esporão de galo branco poderia destruí-lo. Sabendo disso, Sundiata constrói um arco de madeira com um esporão branco numa das extremidades. O dia da batalha decisiva ocorre em 1235. Os adversários medem forças em Kirina.
Na véspera da batalha, cumprem o ritual de declaração de guerra: – Eu sou o inhame selvagem das rochas (planta de raiz semelhante à batata-doce). Ninguém me fará sair de Mali – grita Sumaoro. – Tenho no meu acampamento sete ferreiros que te despedaçarão. Então, inhame, eu te comerei – replica Sundiata. – Eu sou o musgo venenoso que faz vomitar os valentes. – Eu sou o galo voraz. O veneno não me preocupa. – Tem cuidado, Sundiata, ou queimarás o pé, porque eu sou um carvão em brasa. – Pois eu sou a chuva que apaga o fogo. As intenções dos litigantes são manifestas. No decorrer da batalha, Sundiata armou a flecha no seu arco especial e disparou. O esporão de galo branco roçou o ombro esquerdo do rei Sumaoro. E o monarca sente que as forças lhe escapam. Foge e a sua derrota consuma-se. O príncipe Sundiata persegue-o, mas não consegue capturá-lo. A cidade de Sosso é arrasada. Depois da grande vitória de Kirina, o rei Sundiata estabelece a capital do reino em Niani, na actual fronteira do Mali com a Guiné-Conacri. Sela uma grande aliança com os chefes da região, para criar um grande império. É aclamado solenemente Mansa – o rei dos reis ou imperador. Nasce, deste modo, um dos grandes impérios de África, que floresceram na Idade Média. A vitória de Kirina favorece a economia. Depois dela, a agricultura desenvolve-se com o cultivo de arroz, favas, inhame, cebolas e do algodão. O imperador Sundiata controla o comércio na zona e também as minas de ouro do Gana. No seu apogeu, este império abarcou grande parte da curva do rio Níger. Tal como o nascimento, também a morte de Sundiata está envolvida de mistério. Segundo uma tradição, ele morre no decurso de uma cerimónia, trespassado por uma flecha. Outra tradição diz que morre afogado em circunstâncias inexplicáveis. O que se sabe é que falece por volta do ano 1255.
"O império malinqué" As origens do império do Mali remontam ao século vii. No início do século x, os Malinqués impuseram a sua dinastia às outras comunidades e no século xi o seu rei converteu-se ao Islão, embora «a grande massa do povo continuasse na idolatria», como comentava um explorador em 1068. Os descendentes de Sundiata tornaram-no esplendoroso no século xiv, graças sobretudo aos feitos de Kanka Mussa, em cujo reinado o império se estende muito para fora das suas fronteiras. Os seus sucessores não tiveram a mesma audácia e, a partir do século seguinte, muitos povos proclamaram independência e o Mali ficou reduzido a um território sem importância. Na actualidade, os Malinqués vivem quase de costas voltadas para este passado glorioso e a sua vida desenvolve-se em aldeias tranquilas.
Um afro abraço. fonte: Contos Africanos/lendasafricanas33c.blogspot.com

Favelas as grandes vítimas do coronavírus no Brasil

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